14.7.10

Portugal ameaçado por nova recessão em 2011

in Diário de Notícias

Boletim de Verão do Banco de Portugal diz que há mais de 50% de hipótese de o País registar um crescimento negativo


Há uma hipótese superior a 50% de Portugal voltar a entrar em recessão já em 2011. É esta uma das principais conclusões do Boletim Económico de Verão do Banco de Portugal (BdP), ontem divulgado, e que revê em baixa a evolução económica do País para 2011, admitindo mesmo um cenário de crescimento negativo. Segundo o documento, as expectativas de crescimento do PIB para o próximo ano fixam-se nos 0,2%, contra os 0,8% avançados pela instituição, agora presidida por Carlos Costa, no Boletim anterior.

"Uma variação negativa do PIB em 2010 tem uma probabilidade inferior a 15%, mas sobe para um valor acima de 50% em 2011", pode ler-se no Boletim do BdP, que assinala que há 63% de "probabilidade de o crescimento do PIB ficar abaixo das actuais projecções. Apesar do cenário negro traçado para o próximo ano, o BdP reviu em alta as previsões de crescimento para este ano, de 0,7 para 0,9%.

Segundo o Boletim de Verão, o aumento de um ponto percentual nas taxas de IVA deverá aumentar a inflação em 0,4% em 2010 e 2011. "Sob a hipótese de que este aumento [do IVA] será integralmente reflectido nos preços finais pagos pelos consumidores, estima-se um impacto na inflação de 0,4 pontos percentuais", esclarece o banco central no primeiro estudo emitido sob a liderança de Carlos Costa. As contas da instituição central apontam para que, em 2011, a maioria das variáveis do PIB analisadas esteja em terrenos negativos: o consumo deve cair (-0,9%), assim como investimento (-1,6%). Já as exportações deverão crescer, mas ainda assim irão perder força face às estimativas adiantadas para 2010, avançando apenas 3,7% em 2011, reflectindo um arrefecimento generalizado da procura externa relevante dirigida ao País.

No documento, o Banco de Portugal adianta ainda que o rendimento disponível real das famílias deverá cair 1,3% já este ano e abrandar para 0,8% em 2011. Isto após se ter verificado um aumento de 1,9% no ano passado. De acordo com a instituição, esta queda do rendimento disponível real deverá ser provocada por um "ajustamento dos salários reais às condições adversas no mercado de trabalho".