14.7.10

Cavaco reitera que "as pessoas estão de facto primeiro"

in Jornal de Notícias

O Presidente da República, Cavaco Silva, voltou hoje, terça-feira, a alertar para a necessidade de se ter "muito cuidado" na definição das prioridades, considerando que "as pessoas estão de facto primeiro".

"A resposta às situações de emergência social não podem deixar de ser uma primeira prioridade, as pessoas estão de facto primeiro", afirmou o Chefe de Estado, numa cerimónia no Palácio de Queluz que marcou o encerramento da IV Jornada do Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras.

Alertando ser fundamental ter "muito cuidado" na definição das prioridades, "quer a nível central, quer a nível local", Cavaco Silva reiterou a necessidade de se proteger as pessoas de mais baixos rendimentos e aqueles que se encontram em situação particularmente vulnerável.

A este propósito, o Presidente da República voltou a alertar para "a emergência dos novos pobres", ou seja, "aqueles que sofrem em silêncio, que até há pouco tempo não imaginavam poder hoje encontrar-se na situação em que se encontram, situação em que, nalguns casos, é mesmo de carência alimentar".

"A crise fez emergir os novos riscos de pobreza em resultado dos milhares de desempregados, do endividamento excessivo das famílias e do enfraquecimento dos laços familiares", enfatizou, destacando "o aumento significativo das situações de carência alimentar", de pessoas que precisam de ajuda para comprar medicamentos e o elevado número de crianças que no dia a dia sofrem as consequências das dificuldades dos seus familiares.

Cavaco Silva acrescentou que esta problemática decorre num quadro de persistentes desigualdades na distribuição do rendimento e da degradação dos laços familiares.

Recuperando uma frase que utilizou no seu primeiro discurso no 25 de Abril enquanto Presidente da República, o Chefe de Estado referiu existir "um Portugal a duas velocidades".

Na sua intervenção, que marcou o encerramento de um périplo de dois dias por cinco concelhos da Área Metropolitana de Lisboa - Cascais, Sintra, Oeiras, Amadora e Mafra - o Presidente da República falou também do que classificou como "uma das questões mais dramáticas que o país enfrenta", o desemprego.

"O número de desempregados em Portugal no fim do primeiro trimestre deste ano atingia 590 mil portugueses, ou seja, 10,6% da população activa", notou, salientado igualmente a taxa de desemprego dos jovens, que é já de 23%.

"As instituições têm desempenhado um papel decisivo no amortecimento das consequências sociais da crise económica e social", acrescentou Cavaco Silva, elogiando a "nova atitude social" das autarquias, que têm reforçado a sua acção nesse domínio.

No final, o Presidente da República voltou a recuperar a palavra "esperança", exortando à passagem da mensagem de que "a pobreza e a exclusão social não são realidades sem remédio".

"É possível. Não há razão para perdermos a esperança", acrescentou, reafirmando a sua convicção na capacidade dos portugueses para enfrentarem os desafios.