20.5.11

Consumo de droga na Europa aproxima-se ao dos EUA

in Jornal de Noticías

O chefe da Unidade Nacional de Antinarcóticos da Colômbia advertiu que o consumo de estupefacientes na Europa está a aproximar-se do nível dos Estados Unidos, considerando fundamental que a UE reformule as suas políticas anti-drogas.

"A situação é critica porque a Europa está a converter-se num consumidor quase da mesma proporção que os Estados Unidos. Acho por isso importante chamar à atenção dos responsáveis europeus para a necessidade de reformular as políticas anti-drogas e reforçar a luta contra este flagelo", afirmou Juan Carlos Acevedo Vanegas.

O chefe da Unidade Nacional de Antinarcóticos e de Interdição Marítima da Colômbia (UNAIM) falou à Lusa à margem do "Simpósio Transatlântico para o Desmantelamento de Redes Ilícitas Organizadas", que hoje encerra em Lisboa, e que visou reforçar a cooperação internacional no combate ao crime e às redes ilícitas nos dois lados do Atlântico.

Vanegas explicou que a maioria da cocaína que sai da América Latina rumo à Europa é oriunda do seu país, "apesar de a quantidade ter baixado bastante".

Isto deveu-se, precisou o responsável, à uma "quebra na produção da cocaína em território colombiano", que, por sua vez, obrigou as redes de tráfico internacionais a "produzirem em outras partes do hemisfério".

O chefe da UNAIM destacou que a cocaína destinada ao mercado europeu "sai pela parte oriental" da Colômbia e "por todas as vias: marítima e aérea".

"Com cada vez maior evidência, a cocaína que sai da Colômbia dirige-se directamente para a África, que se está a converter numa escala obrigatória, e depois segue para a Europa", precisou Vanegas, escusando-se a nomear quais os países africanos da costa ocidental que servem de plataforma giratória.

Vanegas advogou a importância de melhorar a cooperação entre todos os parceiros, dando como exemplo a "cooperação importante que a Colômbia" desenvolve com a UE e EUA para "agilizar as investigações" ligadas ao narcotráfico no seu país, que têm "interesse regional, mas também para a Europa".

O último relatório da Europol, divulgado no início de maio, identifica Portugal e Espanha como principais pontos de concentração de meios criminosos na Europa, principalmente no que respeita ao tráfico de seres humanos e como porta de entrada para o tráfico de cocaína e haxixe no espaço da UE.

Todavia, a Europol refere que uma das vias mais importantes do tráfico que usa a Península Ibérica é entre a Colômbia e a Galiza, o que faz com que a importância de Portugal tivesse baixado ligeiramente.

A nível da cooperação regional, Vanegas destacou a importância do reforço das parcerias com o México, onde cartéis rivais travam uma guerra sem precedentes pelo lucrativo negócio de abastecimento do mercado dos EUA, o maior consumidor de cocaína do mundo.

O responsável colombiano lembrou que o seu país "passou pelos mesmos problemas" nos anos 1990. "Felizmente já conseguimos ultrapassar isso", salientou.

Vanegas explicou que parte da cooperação com o México passa pela partilha "dos paradigmas" que foram utilizados na Colômbia para "combater o narcotráfico e desarticular os cartéis, como cooperar com os EUA e fortalecer as investigações e a fiscalização".