in Jornal de Notícias
Portugal "está com níveis de emigração salazaristas, com fluxos que se aproximam dos registados nos anos 60", afirmou, sexta-feira, em Paris, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda pela Europa.
Cristina Semblano, economista, emigrada em França, referiu que se trata "de uma verdadeira expulsão dos portugueses de Portugal em virtude de políticas fiscais, económicas e sociais seguidas pelos partidos que foram governo" desde a Revolução de Abril de 1974.
A candidata do BE apresenta hoje ainda, em Lisboa, numa conferência de imprensa, o Manifesto pela Emigração, em conjunto com Cecília Honório, responsável pelos assuntos relativos a Emigração no Grupo Parlamentar do BE.
"Só medidas equitativas de promoção do investimento e do emprego é que poderiam inverter esta hemorragia, ao contrário das medidas assinadas com a troika" do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional, considerou a economista portuguesa.
Nesse sentido, a candidata do BE considera que os deputados eleitos pelas comunidades emigrantes "são parte do regime que tem vigorado há 35 anos, com ou sem coligação com o CDS".
Cristina Semblano considera que os actuais fluxos migratórios "são favorecidos pela falta de harmonização social no seio da União Europeia e pela situação de concorrência dos trabalhadores dentro do espaço europeu".
No Manifesto pela Emigração, o BE preocupa-se com três temas centrais: o ensino da língua portuguesa no estrangeiro, a criação de núcleos consulares de apoio ao emigrante português e o incentivo às remessas financeiras dos emigrantes.
Neste último capítulo, Cristina Semblano explicou que o BE defende a criação de incentivos específicos à poupança e às remessas dos emigrantes, como os que "foram desaparecendo desde os anos 80 com a integração de Portugal na CEE e a chegada dos Fundos Estruturais".
Uma medida específica, acrescentou a candidata do BE, deveria ser dirigida aos "novos emigrantes", que continuam a pagar os seus empréstimos em Portugal com o trabalho no estrangeiro.
"O crédito mal parado em Portugal seria muito maior se não fosse a contribuição dos novos emigrantes", salientou a economista.
Cristina Semblano frisou também que "o fenómeno da nova emigração portuguesa é inegável, confirmando uma tendência portuguesa de país emigrante que nunca foi interrompida" nas últimas décadas.