Por Inês Sequeira, in Público on-line
A despesa portuguesa em serviços de saúde e sociais dirigidos aos mais idosos corresponde apenas a 0,1 por cento do produto interno bruto (PIB), indica hoje um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE).
Este valor contrasta com uma média de 1,5 por cento do PIB para 25 países da OCDE, de acordo com os dados hoje divulgados, na sua maioria de 2008.
Em causa estão serviços de saúde, que incluem por exemplo cuidados paliativos, e por outro lado assistência domiciliária ou lares de terceira idade.
Os números referentes a Portugal, registados pela OCDE, não indicam também despesa privada nacional em serviços para a população idosa (ou cuidados cuidados, como também lhes chama a OCDE), ao contrário do que sucede para a maioria dos países analisados.
Em meados de 2008, em Portugal, 61 por cento da rede nacional de prestadores de cuidados continuados eram Misericórdias, 16 por cento outras organizações não-lucrativas, 11 por cento entidades do Serviço Nacional de Saúde e 12 por cento entidades totalmente privadas.
Actualmente, de acordo com as informações estudo, as Misericórdias já contam apenas por 48 por cento da rede, enquanto se assistiu a uma rápida subida do peso dos privados, que são 23 por cento dos prestadores. Outros 20 por cento são hoje organizações não lucrativas e nove por cento entidades do serviço nacional de saúde.
Os países do Leste da Europa (República Checa, Eslováquia, Hungria e Polónia), e também a Coreia, estão também entre aqueles que menos despesas fazem neste domínio.
No extremo oposto, encontram-se Suécia, Holanda, Noruega e Finlândia, os dois primeiros com uma despesa em cuidados continuados que corresponde a 3,6 e 3,5 por cento do PIB, respectivamente.
De acordo com o estudo da OCDE, os gastos neste domínio deverão duplicar, ou mesmo triplicar em termos globais, até 2050, devido ao envelhecimento da população. “Os governos têm de melhorar o acesso às suas políticas de cuidados cuidados e dar um melhor apoio a cuidados familiares e profissionais”, diz a organização.
O estudo “Quer-se ajuda? Providenciando a pagando pelos cuidados a longo prazo” refere que metade da população que necessita de cuidados tem 80 anos ou mais. O peso deste grupo da população nos países da OCDE irá ser de uma pessoa em cada dez, em 2050, face a uma pessoa em cada 25 em 2010.
Dois dos países onde essa importância será maior são o Japão e a Alemanha, onde a percentagem de população com mais de 80 anos irá atingir, respectivamente, 17 por cento e 15 por cento em 2050.
“Melhorar o estatuto da força de trabalho dos cuidados a longo prazo, aumentando os salários e as condições de trabalho, é fundamental”, alerta o relatório.
“Os cuidados cuidados são demasiado caros para todos, pelo que apenas os mais ricos os podem pagar. Os países têm de espalhar o peso destes custos altos, ou através da prestação de serviços universais aos que têm mais necessidade ou por meio de parcerias público-privadas”, conclui a OCDE.