Bárbara Baldaia, in "TSF"
Seis reclusos romenos estão há oito dias em greve de fome no Estabelecimento Prisional de Custóias. O advogado diz que eles se encontram nesta altura muito debilitados, correndo mesmo perigo de vida.
Fernando Moura assegura que já fez apelos ao diretor da cadeia e também à Amnistia Internacional para que tenha em atenção o que se está a passar. Ele acusa a justiça portuguesa de xenofobia por ter um tratamento discriminatório para com estes romenos, ao julgar pequenos furtos em mega processos.
Fernando Moura é advogado de um dos reclusos, mas está solidário com os seis homens que estão há oito dias em greve de fome: "Eu sempre lhes disse que não concordava com a greve de fome, mas a partir do momento em que eles estão decididos, eu não tenho hipótese senão apoiá-los com tudo".
O advogado diz que eles ameaçam fazer também greve à ingestão de líquidos, numa altura em que já estão muito debilitados. "Estão ali a morrer. Eles deviam ser transferidos para o Hospital de Caxias, porque assim podem morrer", diz o advogado, adiantando que "os níveis de potássio estão abaixo do aceitável e que o índice glicémico também está a baixar muito".
"O sistema prisional não faz rigorosamente nada, quer mantê-los isolados e em silêncio", acusa, deixando a crítica: "Propus ao diretor fazer uma mediação e recebi um não liminar".
A razão para esta greve de fome, diz o advogado, é o facto destes romenos se sentirem discriminados: "Os romenos são sistematicamente julgados aqui no norte em mega processos reunidos artificialmente. Através de inúmeros pequenos furtos, fazem acusações gigantescas para justificar associações criminosas que não existem e raramente são provadas".
Fernando Moura não tem por isso "dúvida nenhuma" ao acusar a justiça de xenofobia. Ele garante que estes seis romenos em greve de fome estão isolados, em celas para castigo e que lhes foi atribuída uma intérprete moldava que nem sempre consegue traduzir fielmente o processo de acusação e de defesa.