19.2.10

Câmara Municipal do Porto vai ensinar?"valores" aos alunos do 9.º ano

Por Anibal Rodrigues, in Jornal Público

Num texto escrito no âmbito da discussão pública do projecto, especialista defende que, se a opção fosse pela Boavista, sobraria dinheiro para a Circular


A vereadora com o pelouro do Conhecimento e da Coesão Social na Câmara do Porto, Guilhermina Rego, presidiu ontem ao arranque formal do projecto Educação para os Valores, promovido pela autarquia - através da Fundação Ciência e Desenvolvimento -, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. O projecto destina-se aos 2775 alunos do 9.º ano que estudam nas 28 escolas do município e consiste em proporcionar-lhes 30 horas de formação, até ao final do ano lectivo, em sete áreas complementares, ao ritmo de uma sessão por semana. O projecto arranca na próxima semana, com o agrupamento escolar das Antas, seguindo-se os restantes agrupamentos.

Guilhermina Rego garante que a iniciativa mereceu "grande acolhimento" por parte de professores, agrupamentos de escolas, pais e encarregados de educação. As áreas de formação incluem Educação para a Saúde, Sexualidade Responsável, Protecção do Ambiente, Igualdade e Tolerância, Relacionamento Interpessoal, Património e Cultura. As aulas de formação serão dadas por "peritos do meio académico, e não só, que se voluntarizaram para o efeito, pelo que não terá um custo directo para a câmara". A vereadora explicou que a formação poderá ser ministrada no âmbito de uma aula de determinada disciplina ou como complemento de horário. "Serão os agrupamentos a decidir esse aspecto, têm autonomia nesse sentido", referiu.

No anúncio da apresentação do projecto enviado para as redacções, a Câmara do Porto informa que "o objectivo é implementar nas escolas do 3.º ciclo do ensino básico um projecto educativo específico de formação de valores, que se torna fundamental para a consolidação de soluções face a uma crise de valores e de referências, cada vez mais emergente". Objectivos que Guilhermina Rego também enumerou em declarações ao PÚBLICO: "No fundo, é conseguir que as camadas mais jovens tenham mais sensibilidade para temas que, a nosso ver, são os mais representativos para as sociedades democratas e plurais. Será, de alguma forma, prepará-los para uma sociedade mais coesa, justa e desenvolvida".

A vereadora do Conhecimento e Coesão Social da Câmara do Porto rejeita ainda que a autarquia deseje, com este projecto, colmatar eventuais lacunas nos actuais currículos dos alunos do 9.º ano. "Não é achar que existe uma lacuna curricular. É antes achar que há um espaço que pode ser preenchido e que pode haver um enriquecimento cultural."