Por Anibal Rodrigues, in Jornal Público
Num texto escrito no âmbito da discussão pública do projecto, especialista defende que, se a opção fosse pela Boavista, sobraria dinheiro para a Circular
A vereadora com o pelouro do Conhecimento e da Coesão Social na Câmara do Porto, Guilhermina Rego, presidiu ontem ao arranque formal do projecto Educação para os Valores, promovido pela autarquia - através da Fundação Ciência e Desenvolvimento -, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. O projecto destina-se aos 2775 alunos do 9.º ano que estudam nas 28 escolas do município e consiste em proporcionar-lhes 30 horas de formação, até ao final do ano lectivo, em sete áreas complementares, ao ritmo de uma sessão por semana. O projecto arranca na próxima semana, com o agrupamento escolar das Antas, seguindo-se os restantes agrupamentos.
Guilhermina Rego garante que a iniciativa mereceu "grande acolhimento" por parte de professores, agrupamentos de escolas, pais e encarregados de educação. As áreas de formação incluem Educação para a Saúde, Sexualidade Responsável, Protecção do Ambiente, Igualdade e Tolerância, Relacionamento Interpessoal, Património e Cultura. As aulas de formação serão dadas por "peritos do meio académico, e não só, que se voluntarizaram para o efeito, pelo que não terá um custo directo para a câmara". A vereadora explicou que a formação poderá ser ministrada no âmbito de uma aula de determinada disciplina ou como complemento de horário. "Serão os agrupamentos a decidir esse aspecto, têm autonomia nesse sentido", referiu.
No anúncio da apresentação do projecto enviado para as redacções, a Câmara do Porto informa que "o objectivo é implementar nas escolas do 3.º ciclo do ensino básico um projecto educativo específico de formação de valores, que se torna fundamental para a consolidação de soluções face a uma crise de valores e de referências, cada vez mais emergente". Objectivos que Guilhermina Rego também enumerou em declarações ao PÚBLICO: "No fundo, é conseguir que as camadas mais jovens tenham mais sensibilidade para temas que, a nosso ver, são os mais representativos para as sociedades democratas e plurais. Será, de alguma forma, prepará-los para uma sociedade mais coesa, justa e desenvolvida".
A vereadora do Conhecimento e Coesão Social da Câmara do Porto rejeita ainda que a autarquia deseje, com este projecto, colmatar eventuais lacunas nos actuais currículos dos alunos do 9.º ano. "Não é achar que existe uma lacuna curricular. É antes achar que há um espaço que pode ser preenchido e que pode haver um enriquecimento cultural."