por Pedro Sousa Tavares, in Jornal de Notícias
Institutos e universidades com novas estratégias para qualificar 100 mil pessoas no activo até 2013
Os 20 politécnicos públicos portugueses vão unir-se num consórcio para oferecer cursos superiores em regime de ensino à distância, através de um novo portal, o "e- -politecnicos". A medida integra--se nas ofertas que universidades e politécnicos públicos estão a preparar para captarem novos alunos entre os trabalhadores, de forma a honrarem o compromisso - previsto no "contrato de confiança" assinado com o Governo - de formarem 100 mil activos até ao fim desta legislatura.
Em declarações ao DN, Sobrinho Teixeira, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos explicou que, "numa fase inicial" a meta será "criar 1000 vagas, em cursos de áreas como a Gestão, as tecnologias de Informação, o Marketing e a Contabilidade", alargando as ofertas a outros países de língua portuguesa. "Cada curso será assegurado por um conjunto de instituições", explicou. "Os alunos poderão fazer os exames em qualquer politécnico."
Esta lógica de partilha de competências será, de resto, estendida a outras apostas: "O sistema politécnico resolveu fazer uma abordagem colectiva ao contrato de confiança", explicou, acrescentando que ao sector cabem "32 milhões" do reforço anual acordado com o Estado e a obrigação de formar "30 a 35 mil activos".
Para lá chegarem, os institutos contam sobretudo com os cursos de especialização tecnológica [CET], formações curtas (até um ano e meio), que podem depois ser continuadas até à licenciatura: "serão criadas 10 mil novas vagas e esperamos formar 18 a 20 mil alunos até 2013". Também nas licenciaturas e mestrados, "5000 vagas" serão canalizadas para o regime pós-laboral.
Entre as universidades os projectos serão autónomos. O que não significa que não impliquem o aproveitamento de diferentes recursos. Na Universidade de Lisboa, contou ao DN o vice-reitor, Vasconcelos Tavares, a solução encontrada foi "elaborar contratos de confiança com as diferentes unidades orgânicas [faculdades]" para que estas apresentassem as suas soluções, beneficiando depois de parte dos cerca de 6 milhões de euros extras a que a UL terá direito todos os anos.
Até metade da semana passada, contou, "cerca de 50%" das faculdades já tinham apresentado as suas propostas, com algumas linhas comuns: aumento de pós-graduações, mais vagas para maiores de 23 anos e a dinamização de algumas opções que podem interessar ao público-alvo.
"Um dos exemplos que posso dar são os 'Estudos Gerais', um curso que combina um conjunto de áreas de conhecimento, no espírito dos Cursos Gerais da Idade Média", contou.
Quanto ao ensino à distância, a universidade não terá licenciaturas em regime de e-learning, mas esta plataforma será utilizada, "ao nível das pós-graduações", nomeadamente nas " faculdades de Ciências e Medicina Dentária".
Em Coimbra, segundo o vice-reitor desta universidade, Henrique Madeira, tem vindo a ser desenvolvida uma aposta no e-learning que dará frutos "já este ano", embora "ainda" não abrangendo cursos superiores (ver caixa).
Mas a grande aposta, ao nível da qualificação de activos, vai passar por pós-graduações que permitam "reciclar" os conhecimentos dos licenciados. "Hoje em dia, o drama é muitas vezes ter diploma mas não ter emprego", lembrou. "E por exemplo um engenheiro, com uma formação complementar, pode conseguir esse emprego."