Nuno Miguel Ropio, in Jornal de Notícias
Fez 29 anos? Tal significa que deixou de ser jovem em Portugal. Mas se comemorou os 51 anos, aí prepare-se: a velhice começou. Estas são duas das percepções da juventude portuguesa face ao envelhecimento, reveladas por um estudo do Inquérito Social Europeu.
Se em comparação com outros 28 estados-membros europeus, os portugueses são dos que se dizem sentir menos discriminação devido à sua idade, por outro lado, também são os jovens portugueses aqueles que mais cedo sentenciam a saída da juventude: 29 anos. A partir daí – ainda segundo a percepção daqueles jovens –, feitas as contas, cada português tem somente duas décadas até ser rotulado de “velho”.
Os dados constam do Inquérito Social Europeu que, entre as várias questões que habitualmente são colocadas a uma amostra de 40 mil cidadãos, tentou perceber o que pensam as pessoas não só sobre a sua idade, como a de outras faixas etárias. A nível global os valores são significativamente diferente da concepção da população juvenil lusa: os europeus ditam a juventude até aos 39 anos e a velhice a partir dos 72.
Segundo a análise de Dominic Abrams, da Faculdade de Psicologia da Kent (Reino Unido), as noções “juventude” e “velhice” dependem da idade dos inquiridos.
Isto é, para o grupo etário com mais idade – acima dos 80 anos – só após ultrapassar os 42 é que alguém deixa de ser jovem. Sendo que só se é idoso quando se ultrapassa os 67.
Em ?Atitudes à idade no Reino Unido e na Europa?, onde além de apresentar os dados ainda os relaciona, Abrams indica que os homens da amostra, em relação às mulheres, antecipam em cerca de dois anos a saída da idade pujante ou o início do caminho para a reforma.
Excepções à regra? Ocorrem tanto na Grécia como em Chipre, onde ? após se tentar perceber se haveria erro nas traduções de textos, pelo espanto que causaram ? se concebe que só se deixa de ser jovem entre os 45 e os 50 anos.
Ao JN, Luísa Lima, uma das responsáveis pela recolha de indicadores em Portugal, coordenados pelo Instituto do Envelhecimento, adiantou que 19% dos portugueses admitiram ter já sentido discriminação por causa da idade.
?Valor superior aos da discriminação por sexo ou raça?, realça investigadora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.
Porém, a Norte da Europa tais indicadores são substancialmente mais elevados. Na Finlândia 47% dos inquiridos admitiu tal sentimento. “Ali [países nórdicos] há algum tempo que se dá atenção a um recente fenómeno de discriminação alvo de estudo: o idadismo”, frisou Luísa Lima