in Dinheiro Vivo
O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário avisa que entre este ano e o princípio de 2013 o setor poderá gerar cerca de 140 mil desempregados. Em declarações ao Dinheiro Vivo, Reis Campos voltou a alertar para o "estado de emergência do setor".
Segundo o responsável, o desemprego na construção representa um terço do total de desempregados e o aumento poderá ser abrupto, não havendo um reajustamento gradual. "Estamos à beira da destruição de emprego permanente", avisa Reis Campos.
Perante o colapso do setor da construção em Portugal, poderá estar também em causa a atividade da banca. Segundo o presidente da CPCI, a dívida aos bancos ascende a 41 mil milhões de euros o que, caso haja um incumprimento, colocará o setor bancário em dificuldades.
Mas é também da banca que vem um dos problemas para a construção. Reis Campos adianta que "as empresas têm dificuldades em aguentar-se com um Estado que não paga e com uma banca que não financia". De facto, além da dificuldade em conseguir bons financiamentos, a dívida de 1,3 mil milhões de euros do Estado cria também dificuldades ao setor. Reis Campos criticou também os preços anormalmente baixos das obras permitidos pela lei, o que dificulta ainda mais a vida das empresas.
Para o presidente da confederação, "há uma total indefinição no planeamento do investimento". Por isso, Reis Campos diz que para resolver os problemas teriam que ser tomadas várias medidas, como um melhor aproveitamento dos fundos comunitários. Além disso, defende também a importância de ser criado "um verdadeiro mercado do arrendamento". Mas para isso, adianta, é necessário tornar mais céleres os despejos de quem não paga as rendas, à semelhança do que acontece na Europa.
Outra solução passa por "não indexar os rendimentos do arrendamento ao IRS, havendo uma tributação à parte". O presidente da CPCI, que se reuniu com Passos Coelho do dia 16 de janeiro, diz que "o primeiro-ministro prometeu que a taxa liberatória seria criada mas só poderia entrar em vigor em janeiro do próximo ano".
Reis Campos garante que as dificuldades que afetam o setor da construção em Portugal são generalizadas e vão desde as micro até às grandes empresas. O responsável garante que "o setor vive em torno da indefinição" e diz que "a internacionalização é o único segmento que tem crescido". Porém, também neste caso a situação não é animadora, já que "não há apoios" para as empresas irem para o estrangeiro.
Segunda-feira foi noticiado que a construtora Edifer tem em atraso o pagamento de salários de dezembro dos funcionários que trabalham em Portugal.
Reis Campos avisa que o setor da construção está à beira da destruição de emprego permanente