in Agência Ecclesia
Prioridades da organização católica passam também pela resposta à atual conjuntura social e económica
A nova direção da Comunidade Vida e Paz (CVP), instituição de solidariedade social do Patriarcado de Lisboa que trabalha na recuperação e reabilitação de sem-abrigo e toxicodependentes, quer conhecer a estratégia do Governo para este setor.
Em declarações concedidas hoje à Agência ECCLESIA, o presidente Henrique Joaquim sublinhou que “ainda não está muito claro, da parte do atual poder político, qual a estratégia definida para esta área, nomeadamente no que respeita à toxicodependência”.
“Estamos a conhecer os cantos à casa e tendo esse processo resolvido vamos encetar diligências junto da tutela, quer na área da Saúde quer da Segurança Social, para tentarmos aferir o que é que o Governo quer fazer. Penso que será algo que deverá acontecer em breve”, revelou aquele responsável.
A reconfiguração do Instituto da Droga e da Toxicodependência, até agora responsável pelo licenciamento e gestão das unidades privadas prestadoras de cuidados de saúde e pela execução de programas de intervenção local, trouxe alguma instabilidade ao trabalho que a CVP executa há 23 anos, junto dos mais desfavorecidos.
Os cortes financeiros aplicados pelo Governo colocaram em causa os serviços prestados pela instituição, que já reabilitou e reintegrou na sociedade cerca de 1800 pessoas.
O projeto baseia-se não só no esforço de centenas de voluntários mas também nos conhecimentos de um corpo técnico composto atualmente por cerca de 120 colaboradores, que viram os seus salários ameaçados devido à falta de apoios económicos.
Segundo Henrique Joaquim, apesar desta situação “ainda não estar totalmente resolvida”, ela “está bem encaminhada”.
“O Ministério da Saúde já começou a regularizar as situações em atraso e os acordos existentes estão neste momento a ser cumpridos”, explicou.
Para além de assegurar a sustentabilidade da CVP, em termos financeiros e programáticos, a nova direção traçou como principais objetivos “honrar a história” da instituição, “lançar as bases” para continuar com o projeto que tem vindo a ser desenvolvido e responder aos desafios relacionados com a atual conjuntura social, económica e cultural.
“Hoje, as necessidades sociais não atingem apenas as pessoas sem-abrigo, começam a aparecer famílias que, apesar de não estarem num ponto de exclusão, têm muitas dificuldades”, apontou o presidente.
Neste momento, a Comunidade já tem uma equipa a acompanhar agregados familiares mais carenciados e “quer investir mais nesta área”, criando também “dinâmicas sociais de empreendedorismo” que contribuam para o combate à pobreza e ao desemprego.
No que diz respeito à toxicodependência, estão a “emergir” outros problemas que precisam de ser atendidos, alerta Henrique Joaquim, assistente social e professor da Universidade Católica Portuguesa, que dá como exemplo o aparecimento das “drogas sintéticas”.
A Comunidade Vida e Paz, organização católica nascida em 1989 e tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, dispõe atualmente de duas comunidades terapêuticas com capacidade para 132 camas, com vista à recuperação de pessoas sem-abrigo, muitas delas em situação de toxicodependência e alcoolismo.
JCP/OC