29.3.23

Pecado é a pobreza

Bruno Bobone, opinião,  in DN

Li, na semana passada, uma declaração do Ministro Costa Silva, em que afirmava: "Infelizmente, vivemos num país que, por motivos ideológicos, hostiliza as empresas, hostiliza os empresários, muitas vezes trata o lucro como um pecado (...). E, sobretudo, há também um ataque sistemático contras as grandes empresas e contra aquilo que muitos chamam o grande capital".

Finalmente há uma esperança! Um ministro que não está infetado com o populismo de esquerda que, por ideais que nunca foram escritos nem publicados, continuadamente insistem em destruir todo o património social económico e cultural que nos custou 900 anos a construir.

Depois de assistirmos ao tristíssimo espetáculo em que vários membros do governo foram destituídos e que terminou com um ministro que, com uma atitude de menino mimado e mal educado -- que apenas sabe destruir os brinquedos que lhe oferecem -- foi destruindo todos os projetos que lhe foram entregues, terminando por ser retirado ao governo por pressão da sociedade civil, após ter maltratado a TAP e o futuro do aeroporto de Lisboa, é com grande emoção que vejo sobreviver a esta loucura, um Homem que acredita na sua responsabilidade para com o país.

Um Homem que já mostrou ter muita coragem face aos percalços que a sua vida lhe proporcionou.

Uma pessoa que tem profundo conhecimento económico, cultural e científico, para o lugar de ministro que ocupa.

Um ministro de quem tudo disseram desde o início: que seria um fraco político e que dificilmente sobreviveria à pressão do partido do poder, mas é aquele que tem conseguido manter a bandeira do interesse nacional e do respeito pelos valores da seriedade da sua posição. Como governante é também o defensor da necessidade de criação de riqueza, algo bastante óbvio para a maioria dos portugueses que trabalham e que têm de alimentar as suas famílias.

Mas tem um duro caminho pela frente, pois dentro do mesmo governo ainda terá de se bater por fazer entender aos restantes ideólogos da treta que o empresário da imobiliária é aquele que pode oferecer condições de residência aos cidadãos de Portugal.

Que são os proveitos das rendas que permitem criar novos investimentos na habitação e que a destruição desse mercado acabará por tornar os portugueses mais pobres e mais frágeis, sem acesso a uma condição de vida minimamente digna.

O governo poderá incentivar a construção de habitação acessível para a população portuguesa, para que não fique desprotegida face ao crescimento do mercado que vivemos, mas só o conseguirá fazer se os empresários -- os únicos que estarão capazes de investir --estiverem fortes e capitalizados para o fazer, e para isso terão de poder rentabilizar os seus restantes investimentos.

Tenho de reconhecer que já tinha atirado a toalha ao chão relativamente a que ainda fosse possível, nesta legislatura, voltar a ter quem promovesse o crescimento da riqueza e foi, por isso, com muita emoção que recebi estas palavras do ministro Costa Silva.

Aproveitemos para seguir a sua sugestão e aproveitemos para sair deste erro de condenar o capital pelas culpas que não são suas.

A riqueza é sempre boa e deve ser protegida, promovida e acarinhada.

O que pode ser mau é a forma como se aplica essa riqueza. E a pobreza, certamente.
Se a distribuímos por todos, ou se fica só para alguns, se a desbaratamos em gastos inúteis ou se a investimos em bons projetos.

Mas, sobretudo, libertemo-nos deste conceito de que o lucro é pecado, de que os empresários são o inimigo.

É a criatividade, a resiliência e a coragem dos empresários que nos poderá trazer as soluções das crises que vivemos.

Mudemos Portugal e tornemo-nos um país de empreendedores, de gente corajosa e deixemos o medo que nos destrói.