Por Lusa, in Expresso
A Associação Nacional de Jovens Empresários quer mais incentivos à mobilidade dos jovens em território nacional e uma rede internacional de municípios para promover o empreendedorismo jovem
A ANJE apresentou, esta quarta-feira, ao Governo uma carta de recomendações, onde propõe medidas como incentivos à mobilidade dos jovens em território nacional e criação de uma rede internacional de municípios para promover o empreendedorismo jovem.
Na carta, a que a Lusa teve acesso, a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) enumera os problemas dos jovens em Portugal e as eventuais soluções, e propõe recomendações como a necessidade de criar e reter talento, promover a literacia financeira e o empreendedorismo nas escolas, entre outras.
No que respeita à criação, atração e retenção de talento, a ANJE propõe "benefícios fiscais para as empresas na contratação dos jovens qualificados" e "incentivos à mobilidade dos jovens em território nacional".
Em termos de diminuição de burocracia, a associação considera que "ainda há muito a fazer em Portugal" para facilitar a atividade empresarial e promover o investimento privado, propõe a "criação de uma plataforma num conceito de 'explicador', integrando todas as necessidades de uma jovem empresa, incluindo a criação, financiamento e aspetos legais", e a "constituição de uma comissão interdisciplinar entre organismos do Estado, entidades que representam os jovens e os jovens empresários para estudar e propor novas formas de relação entre ambos".
Outra das recomendações para aumentar a participação cívica e empresarial dos jovens é criar "uma rede internacional de municípios, ligados para promover o empreendedorismo jovem, através de uma plataforma que integra o compromisso de todo o ecossistema empreendedor e as políticas de incentivo ao empreendedorismo jovem dos municípios; tudo com vista à integração de esforços e à certificação das políticas juvenis e empreendedoras locais".
Além disso, propõe também a criação de uma plataforma de participação dos jovens, "focada no digital, onde os mesmos possam interagir com os decisores, nomeadamente o desenvolvimento de um Concurso de Empreendedorismo Nacional Anual para Jovens, através de uma plataforma digital técnico-pedagógica educativa, composta por programas de aceleração com jovens empreendedores inspiradores, com a atribuição de prémios para alavancar os projetos vencedores", entre outros.
A Associação Nacional de Jovens Empresários salienta, na carta de recomendações ao Governo, que "não existe nenhum concurso deste género para jovens, em que haja um programa de aceleração para estimular valências empreendedoras", pelo que se disponibiliza "desde já" para desenvolver essa plataforma em conjunto com o Governo e com 'stakeholders' nacionais na área do empreendedorismo".
Defende também a criação de um programa nacional de financiamento e levantamento de capital que permita aos jovens criarem as suas empresas.
No que respeita à literacia financeira e empreendedorismo nas escolas, recomenda "um contrato programa com entidades para a educação de jovens em contexto escolar, desde o 1.º ciclo do ensino básico até ao ensino universitário, em questões de empreendedorismo e literacia financeira, focado em ensinar a elaborar planos de negócio, dominar as ferramentas básicas de gestão, ter noção da lógica do mercado, desenvolver a sua criatividade e ser inovador, assumir riscos e saber gerir o sucesso e o insucesso".
A associação propõe também a introdução do empreendedorismo "como um dos principais vetores do Plano Nacional para a Juventude" e o desenvolvimento de um programa nacional para alteração da forma de comunicação das entidades públicas com os jovens, envolvendo os próprios jovens a desenvolverem este programa.
Defende também a necessidade de realizar a transição geracional dos decisores, uma vez que em Portugal "ainda existe um fosso entre as novas e as velhas gerações".
E aponta: "A geração mais preparada de sempre está pouco presente quer nos centros de decisão política, quer nos centros de decisão económica".
Por isso, "conviria acelerar a transição geracional na sociedade portuguesa para, por um lado, rentabilizar melhor as competências especializadas dos jovens e a sua maior disponibilidade para o risco, a inovação e a criatividade e, por outro, para que os anseios e expetativas das novas gerações sejam devidamente acautelados".
Isto não significa promover uma rutura entre gerações, mas sim "dar maior diversidade geracional aos centros de decisão", remata a ANJE, na sua carta de recomendações em seis áreas com oito propostas concretas.