26.9.23

Transição energética: "Parte do que vem aí é muito mais caro", avisa presidente executivo da Galp

Miguel Prado Jornalista, in Expresso


“A energia renovável elétrica é muito competitiva, em especial na Península Ibérica, mas as outras tecnologias para descarbonizar os combustíveis são muito mais caras”, alertou esta terça-feira o CEO da Galp, Filipe Silva

“Parte do que vem aí é muito mais caro”, avisou esta terça-feira o presidente executivo da Galp, Filipe Silva, a respeito dos desafios da transição energética e da descarbonização, durante uma conferência promovida pela CNN Portugal.

“A energia renovável elétrica é muito competitiva, em especial na Península Ibérica, mas as outras tecnologias para descarbonizar os combustíveis são muito mais caras”, declarou o gestor, chamando a atenção para a necessidade de não taxar futuramente essas novas tecnologias como hoje são taxados os combustíveis fósseis.

O presidente executivo da Galp falava numa conferência que foi marcada por um incidente, com um grupo de ativistas a lançar tinta verde ao ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro.

Filipe Silva comentou o sucedido, admitindo que “há muita frustração” numa parte da sociedade devido aos problemas do aquecimento global. Mas o gestor defendeu que deve haver um esforço coletivo, incluindo dos ativistas, para apresentar soluções.

Filipe Silva lembrou que “83% da energia primária no mundo é fóssil” e notou que “o problema que temos entre mãos é grave e demora muito tempo [a resolver]”.

“Somos um exemplo mundial, sabemos que temos um caminho a percorrer, mas precisamos da ajuda de todos”, sublinhou.

Na mesma conferência o presidente executivo da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, referiu que “é importante que haja debate, desde que seja feito de forma construtiva”.

Falando sobre os planos de descarbonização de Portugal, o gestor da EDP afirmou que “é importante definir metas ambiciosas”, sendo também importante definir “o que é preciso fazer para lá chegar”, o que passará por “regulação previsível e estável”.


MINISTRO DO AMBIENTE DIZ QUE OBJETIVO É “RETER VALOR” NO NEGÓCIO DO LÍTIO

Duarte Cordeiro, durante a conferência da CNN Portugal, abordou também o tema da exploração de lítio, assegurando que o Governo será exigente no acompanhamento dos projetos e no respeito pelos compromissos ambientais e sociais dos projetos.

“Temos que procurar explorar o lítio no nosso território, se for possível do ponto de vista ambiental, com rigor”, referiu o ministro do Ambiente. “O nosso objetivo estratégico é reter valor [em Portugal], procurando ter refinarias e fábricas de baterias”, afirmou ainda o governante.

Para Duarte Cordeiro, o facto de Portugal apostar no lítio é positivo, permitindo um maior controlo sobre como esta matéria-prima é explorada. “Todos nós já temos lítio nos nossos telemóveis, só que não sabemos de onde ele vem e em que condições, ambientais e sociais, é explorado”, notou o ministro do Ambiente.