21.9.23

"Estamos a deixar uma herança incomportável para as próximas gerações"

José Gomes Ferreira e Mariana Saraiva, in SIC

José Gomes Ferreira analisa as medidas que deverão ser aprovadas no próximo Conselho de Ministros e o que estas decisões custarão às gerações futuras.


O Governo aprova esta semana um diploma que alarga o acesso ao apoio aos juros do empréstimo e estabiliza o valor das prestações, seis meses após a publicação do decreto-lei dos apoios à renda e ao crédito da casa.

Em relação às medidas já em vigor, nomeadamente no que diz respeito ao apoio ao crédito, o Conselho de Ministros irá proceder a algumas mudanças que visam, por um lado, dar alguma previsibilidade às famílias com crédito à habitação e que têm visto neste último ano a prestação do empréstimo registar subidas a cada renovação, e, por outro, reforçar o valor do apoio ao pagamento dos juros.

José Gomes Ferreira espera que o Conselho de Ministros aprove um mecanismo que “é uma moratória no pagamento dos créditos à habitação que permita fixar uma percentagem”.
“Atenção, não é fixar o valor da prestação mensal”

O jornalista alerta que não é o valor da prestação mensal que fixa, o que fixa é uma percentagem, dando o exemplo que “em vez de se pagar os 100% exigidos pelo banco com a aplicação das taxas, paga-se 75%, guardando os 25%".


“Se pensarmos que é um pico e que depois começa a cair (…) percebem que as pessoas com crédito à habitação não pagariam agora (…) as taxas que estão muito elevadas”, explica.
Isto não é só de 2023 a 2028, a despesa pública vai aumentar 8 mil milhões de euros

José Gomes Ferreira relembrou o programa de Estabilidade do Governo e o peso que a divida representa nos jovens.


“A despesa fixa do Estado vai aumentar 8 mil milhões de euros se o PIB continuar a crescer a um ritmo que não é famoso. (…) Mas se houver uma crise - e sabemos que é cíclica - nos mercados financeiros, (…), portanto um esmagamento de crédito em que ninguém presta a ninguém, quebrasse a confiança e os bancos ficam com problemas e a economia deixa de funcionar”, clarifica.
O que é que acontece?


"A despesa que é rígida, dispara e volta os défices brutais e quem é que vai pagar isto tudo", questiona José Gomes Ferreira.

Serão as próximas gerações, de acordo com o jornalista que sublinha, ainda, que "estamos a deixar uma herança absolutamente incomportável para as próximas gerações".