por Rita Carvalho, in Diário de Notícias
Presidente da Cáritas preocupado com subida do desemprego e dos pedidos de ajuda. E pede fundos novos para as alterações climáticas
O presidente da Cáritas Portuguesa escreveu a José Sócrates pedindo-lhe que considere o combate à pobreza uma prioridade governativa. Eugénio Fonseca diz que, apesar de se antever já uma retoma económica, os seus efeitos vão demorar. Os pedidos de apoio à Cáritas não têm parado de aumentar nos últimos meses, e o número de desempregados continua a subir.
Esta semana, Eugénio Fonseca já tinha vindo a público pedir novas medidas de apoio aos mais pobres que promovam a sua autonomia, para além do rendimento social de inserção.
Mostrando-se disponível para colaborar com o Governo, o responsável nacional da Cáritas sublinha, contudo, que a política de investimento público deve direccionar-se para o apoio às pequenas e médias empresas.
A política internacional de combate às alterações climáticas também está a preocupar a Cáritas. A poucas semanas da reunião de Copenhaga, onde os líderes mundiais fecharão compromissos importantes para combater este problema, Eugénio Fonseca considerou que este financiamento não deve ser feito à custa da ajuda pública ao desenvolvimento.
Para a Cáritas, os recursos para enfrentar este desafio devem ser adicionais e complementares e não desviados do fundo de apoio aos países em desenvolvimento. Se isso acontecer, podem ficar em causa os objectivos do milénio.
31.10.09
Perdem-se por dia 100 postos de trabalho no sector da construção
Por Luísa Pinto, in Jornal Público
Sindicato da Construção do Norte pediu uma audiência ao novo ministro para lhe pedir que arranque "já" com os investimentos públicos
A construção residencial é a principal fonte de emprego para os trabalhadores da área da construção. E, neste segmento, não tem havido notícias de retoma, mas antes sucessivas notícias de perda de postos de trabalho. Segundo contas apresentadas ontem pelo Sindicato da Construção do Norte, são cem postos de trabalho que se perdem por dia. E, apesar das intenções de avançar com grandes investimentos, intenções essas que ganharam força com a vitória do PS, "em 2010 a situação vai ser muito negra para o sector", disse ao PÚBLICO o presidente daquela estrutura, Albano Ribeiro.
Segundo este dirigente, os problemas mais graves situam-se no distrito do Porto e de Braga, onde a quebra de construção de edifícios novos se sente de forma acentuada. Mas também para onde regressaram muitos trabalhadores (cerca de 50 mil a nível nacional) que no passado trabalhavam em Espanha, e que regressaram a Portugal. A essa situação acresce-se a míngua de obras em território nacional, e a prática das empresas de construção em não renovar contratos. "Temos um caso de uma empresa que tinha 180 trabalhadores, e que agora tem sete", exemplifica Albano Rodrigues.
Segundo as estimativas feitas por este sindicato, se as muitas obras anunciadas e prometidas não estiverem efectivas no terreno haverá mais dez mil desempregados no sector até ao fim do ano - mais de 60 por cento dos quais na Região Norte. O Sindicato da Construção pediu ontem uma audiência "com carácter de urgência" ao novo ministro das Obras Públicas para o sensibilizar para a necessidade de arrancar de imediato com as obras, de forma não só a travar o aumento do desemprego no sector como a evitar saída do país de muitos trabalhadores que vão encontrar no estrangeiro condições desumanas. Albano Ribeiro dá o exemplo do Túnel do Marão, que está a empregar cerca de 700 trabalhadores, para demonstrar como é necessário que estas obras se multipliquem: a ligação do TGV Porto-Vigo, a transformação da ligação Viseu-Coimbra em auto-estrada e a construção da nova travessia sobre o Tejo, do novo aeroporto, as barragens "já anunciadas" e dos hospitais de Lamego e da Guarda estão entre as obras reivindicadas.
Sindicato da Construção do Norte pediu uma audiência ao novo ministro para lhe pedir que arranque "já" com os investimentos públicos
A construção residencial é a principal fonte de emprego para os trabalhadores da área da construção. E, neste segmento, não tem havido notícias de retoma, mas antes sucessivas notícias de perda de postos de trabalho. Segundo contas apresentadas ontem pelo Sindicato da Construção do Norte, são cem postos de trabalho que se perdem por dia. E, apesar das intenções de avançar com grandes investimentos, intenções essas que ganharam força com a vitória do PS, "em 2010 a situação vai ser muito negra para o sector", disse ao PÚBLICO o presidente daquela estrutura, Albano Ribeiro.
Segundo este dirigente, os problemas mais graves situam-se no distrito do Porto e de Braga, onde a quebra de construção de edifícios novos se sente de forma acentuada. Mas também para onde regressaram muitos trabalhadores (cerca de 50 mil a nível nacional) que no passado trabalhavam em Espanha, e que regressaram a Portugal. A essa situação acresce-se a míngua de obras em território nacional, e a prática das empresas de construção em não renovar contratos. "Temos um caso de uma empresa que tinha 180 trabalhadores, e que agora tem sete", exemplifica Albano Rodrigues.
Segundo as estimativas feitas por este sindicato, se as muitas obras anunciadas e prometidas não estiverem efectivas no terreno haverá mais dez mil desempregados no sector até ao fim do ano - mais de 60 por cento dos quais na Região Norte. O Sindicato da Construção pediu ontem uma audiência "com carácter de urgência" ao novo ministro das Obras Públicas para o sensibilizar para a necessidade de arrancar de imediato com as obras, de forma não só a travar o aumento do desemprego no sector como a evitar saída do país de muitos trabalhadores que vão encontrar no estrangeiro condições desumanas. Albano Ribeiro dá o exemplo do Túnel do Marão, que está a empregar cerca de 700 trabalhadores, para demonstrar como é necessário que estas obras se multipliquem: a ligação do TGV Porto-Vigo, a transformação da ligação Viseu-Coimbra em auto-estrada e a construção da nova travessia sobre o Tejo, do novo aeroporto, as barragens "já anunciadas" e dos hospitais de Lamego e da Guarda estão entre as obras reivindicadas.
30.10.09
“Não chega dar o Rendimento Social de Inserção ou o subsídio de desemprego, é importante mudar mentalidades”
in Jornal do Centro
JOSÉ MACHADO | PAULA FONG | GRAEME PULLEYN
A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, assinalado a 17 de Outubro e a dois meses do início do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, impunha-se perceber o trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos quatro anos pelo Núcleo Distrital de Viseu da Rede Anti-Pobreza. José Machado, presidente, Paula Fong, psicóloga e Graeme Pulleyn, encenador, estão ligados aos projectos desenvolvidos pelo núcleo. "HumanizArte" e "Entreteias" são já duas conquistas.
O que faz o Núcleo Distrital de Viseu da Rede Anti-Pobreza?
José Machado: Surgiu em 2005. Vem de uma estrutura maior que constitui a Rede Europeia Anti-Pobreza (1990, em Bruxelas). Portugal foi dos primeiros países onde surgiu a rede e, para haver uma intervenção mais localizada no terreno, foram sendo criados núcleos distritais. Trabalhamos essencialmente no combate à pobreza e à exclusão social, com intervenções de informação, formação e investigação. Tentamos fazer acções de sensibilização junto da opinião pública.
Há quem critique o vosso trabalho por ser "demasiado discreto". Merece-lhe algum comentário?
João Machado: Existe apenas um técnico indigitado por distrito. Os recursos humanos como tal são escassos e o nosso trabalho terá que vir muito das parcerias que vamos estabelecendo com determinado tipo de projectos, com câmaras municipais, redes sociais e estruturas do género. Este núcleo funciona acima de tudo devido ao conceito de trabalho em rede, porque um técnico sozinho não faz nada.
Essa rede tem permitido chegar a todo o distrito, como era vosso objectivo há quatro anos?
João Machado: Por motivos óbvios, tem havido alguma centralização no concelho de Viseu. O núcleo está sedeado no concelho e nem sempre é fácil deslocarmo-nos a alguns concelhos mais longínquos. Contudo sabemos que talvez as maiores causas de pobreza e exclusão social estejam precisamente fora de Viseu, onde impera a desertificação, o envelhecimento e outro tipo de fenómenos que vão sendo cada vez mais comuns.
Paula Fong, o que nos pode contar da sua experiência no combate à pobreza em Viseu?
Paula Fong: Muito mais directamente com as crianças e com os jovens, sinto que há uma necessidade grande de trabalhar com os nossos alunos, no sentido de desenvolverem competências para poderem ganhar meios pessoais, para um dia singrarem. Sinto que é necessário desenvolver nas crianças autonomia, perspicácia, espírito crítico, muito mais do que estar a estudar matéria, para terem armas para continuarem a estudar, arranjarem uma profissão e serem pais, mães e profissionais competentes. Eu não faço parte do núcleo, mas sinto que há este trabalho em rede. Em Viseu, acabamos por fazer um trabalho discreto, mas valioso.
Graeme Pulleyn, como é que um homem do teatro se envolve nestas questões?
Graeme Pulleyn: A Paula Fong convidou-me para coordenar o projecto "HumanizArte" apoiado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, para a reinserção de pessoas que, muitas vezes, passam pela dependência da droga ou do alcoolismo, mas que, para além disso, têm na maioria dos casos outras complicações ligadas a problemas sociais e económicos.
João Machado: Nós não procuramos o mediatismo, acima de tudo queremos trabalhar consciências e modificá-las, se possível desde a infância e da juventude, que é aí que se começa a trabalhar a consciência das pessoas.
A pobreza combate-se com a mudança de mentalidades, mas há uma necessidade real de apoio no terreno.
João Machado: Sim. Mas se damos esse apoio e não lhes damos mais nada, as pessoas acomodam-se a esse apoio.
Paula Fong: Eu sou uma técnica de terreno. Trabalho em Viseu há 11 anos e sinto que não chega dar o apoio à criança ou à família, como o rendimento social de inserção ou subsídio de desemprego, é importante mudar mentalidades, mostrando às pessoas que elas têm poder para reconstruir os seus projectos de vida e mostrarem aos filhos que são capazes de os prepar para o futuro. Nas crianças, também é preciso mexer consciências. As pessoas têm dificuldade em estabelecer prioridades, em renunciar ao Rendimento Social de Inserção e de aceitarem os empregos que lhes propõem, quando, paralelamente, há uma enorme falta de emprego.
Está a dar razão ao presidente do CDS-PP, Paulo Portas.
Paula Fong: Não. O subsídio de reinserção deve ser acompanhado do apoio técnico no terreno e do apoio para mudar mentalidades. Não basta dar dinheiro, apesar de haver muitas famílias que precisam.
O que mais a choca no terreno?
Paula Fong: O que me faz acreditar nestes projectos é as pessoas colaborarem connosco e mostrarem que são capazes.
O que é o projecto "HumanizArte"?
Graeme Pulleyn: é um projecto de reinserção, dirigido a jovens e adultos que sentem a necessidade de reconstruir o seu projecto de vida, através das artes. Com uma forte vertente de apoio emocional e social, trabalha caso a caso para ajudar a reconquistar a sua vida e ultrapassar problemas de marginalização, de álcool e de toxicodependência?
Ajuda-os a recuperar a auto-estima?
Graeme Pulleyn: Entre outras coisas, a auto-estima, a auto-imagem, a necessidade de apresentarem sua identidade, a sua identidade, a sua capacidade de trabalharem com os outros.
Na prática, como é feito esse trabalho?
Graeme Pulleyn: Nós temos uma loja no bloco E do Bairro da Balsa (Viseu), que está aberta às segundas, quartas e sextas-feiras à tarde e onde as pessoas podem aparecer e onde desenvolvemos vários projectos artísticos, principalmente de artes plásticas e de teatro.
As pessoas chegam até essa loja de forma voluntária?
Paula Fong: São adultos que vão voluntariamente, normalmente por indicação das famílias.
O projecto arrancou em Maio. Que conclusões podem já retirar desse trabalho de seis meses?
Paula Fong: O tempo é muito pouco. Mas um dado, positivo, é que as pessoas que vieram ficaram. Estão a fazer tratamentos no Centro de Alcoologia de Coimbra, têm ido ao centro de emprego fazer um esforço para arranjar emprego. As pessoas confiam em nós e estão com o tal objectivo de melhorar a vida.
E o projecto "Entreteias"?
Paula Fong: é um projecto ao nível da prevenção. Foi também criado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência. O público-alvo, são as crianças e os jovens das escolas da cidade [de Viseu] e as suas famílias. No 1º Ciclo [do Ensino Básico] temos três grupos de expressões integradas. No 2º e 3º Ciclos temos um grupo de precursão e vamos começar com o projecto das escolas secundárias que é a "Cultura Urbana". Na Escola Viriato vai funcionar um grupo ligado à música, na Emídio Navarro, mais ligado ao teatro e às artes circenses e na Alves Martins, às artes multimédia.
Os jovens estão mais sensibilizados para esta problemática da luta contra a pobreza?
João Machado: De alguma forma sim, mas ainda há muito trabalho a fazer. Hoje, há uma maior sensibilização e um maior combate à diferença. Isso exige alguma sensibilidade por parte dos profissionais, para porem os alunos a pensar dessa maneira.
A luta contra a pobreza pode vir a ser mais eficaz no futuro?
João Machado: Estamos confiantes nestes projectos. Agora, nunca se vai conseguir erradicar verdadeiramente a pobreza.
Nos últimos anos até se tem sentido o aumento da pobreza.
João Machado: E não falamos só na vertente financeira. A Pobreza vai de encontro ao conceito de privação e a privação pode ser muita coisa, pode ser de bens materiais, pode estar relacionada com a solidão, pode estar relacionada com a falta de acesso ao emprego, pode estar associada a muitos factores.
Deixaram a mensagem no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, de que todos somos responsáveis. Foi uma provocação?
João Machado: Todos temos que estar convencidos que é preciso mudar mentalidades. Ainda há muitos preconceitos em relação ao conceito de pobreza. Há muita gente que ainda considera que os pobres são pobres porque não querem trabalhar.
Paula Fong: É urgente trabalhar com as crianças e com os jovens, fazendo com que tenham responsabilidades sobre elas próprias e sobre o seu próprio futuro. É fundamental que cresçam com a noção clara de que são responsáveis por elas próprias.
João Machado: Passa também por revolucionar de alguma forma as mentalidades ao nível das entidades empregadoras e da tentativa de potenciação real dos recursos humanos.
Que razões para a pobreza têm vindo a identificar ultimamente?
Paula Fong: Principalmente o desemprego e o emprego precário. Uma das associações que está a financiar os projectos é a Federação Regional das Associação de Pais de Viseu e uma das nossas funções também é alertar as empresas de que os pais têm direitos, como ir à escola saber dos filhos, e a verdade é que há muitas entidades empregadoras que não o permitem neste momento.
Quais são as expectativas para 2010, o Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social?
João Machado: Vai ser um símbolo, mas temos que trabalhar bem esse símbolo de forma a fazer com que alguma coisa mude. No trabalhos, que vamos desenvolver, 2010 vai passar muito por dar voz aos excluídos.
Graeme Pulleyn: Uma das vantagens das artes é que as artes levam-nos à celebração. É uma forma de trazer alegria às pessoas, por outro lado, são projectos exigentes e ajudam as pessoas a perceber que vale a pena investir. As artes podem ter este papel de juntar as pessoas por um motivo positivo.
Paula Fong: A minha expectativa é de que as pessoas com quem vou trabalhar mudem alguma coisa, por pouco que seja.
JOSÉ MACHADO | PAULA FONG | GRAEME PULLEYN
A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, assinalado a 17 de Outubro e a dois meses do início do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social, impunha-se perceber o trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos quatro anos pelo Núcleo Distrital de Viseu da Rede Anti-Pobreza. José Machado, presidente, Paula Fong, psicóloga e Graeme Pulleyn, encenador, estão ligados aos projectos desenvolvidos pelo núcleo. "HumanizArte" e "Entreteias" são já duas conquistas.
O que faz o Núcleo Distrital de Viseu da Rede Anti-Pobreza?
José Machado: Surgiu em 2005. Vem de uma estrutura maior que constitui a Rede Europeia Anti-Pobreza (1990, em Bruxelas). Portugal foi dos primeiros países onde surgiu a rede e, para haver uma intervenção mais localizada no terreno, foram sendo criados núcleos distritais. Trabalhamos essencialmente no combate à pobreza e à exclusão social, com intervenções de informação, formação e investigação. Tentamos fazer acções de sensibilização junto da opinião pública.
Há quem critique o vosso trabalho por ser "demasiado discreto". Merece-lhe algum comentário?
João Machado: Existe apenas um técnico indigitado por distrito. Os recursos humanos como tal são escassos e o nosso trabalho terá que vir muito das parcerias que vamos estabelecendo com determinado tipo de projectos, com câmaras municipais, redes sociais e estruturas do género. Este núcleo funciona acima de tudo devido ao conceito de trabalho em rede, porque um técnico sozinho não faz nada.
Essa rede tem permitido chegar a todo o distrito, como era vosso objectivo há quatro anos?
João Machado: Por motivos óbvios, tem havido alguma centralização no concelho de Viseu. O núcleo está sedeado no concelho e nem sempre é fácil deslocarmo-nos a alguns concelhos mais longínquos. Contudo sabemos que talvez as maiores causas de pobreza e exclusão social estejam precisamente fora de Viseu, onde impera a desertificação, o envelhecimento e outro tipo de fenómenos que vão sendo cada vez mais comuns.
Paula Fong, o que nos pode contar da sua experiência no combate à pobreza em Viseu?
Paula Fong: Muito mais directamente com as crianças e com os jovens, sinto que há uma necessidade grande de trabalhar com os nossos alunos, no sentido de desenvolverem competências para poderem ganhar meios pessoais, para um dia singrarem. Sinto que é necessário desenvolver nas crianças autonomia, perspicácia, espírito crítico, muito mais do que estar a estudar matéria, para terem armas para continuarem a estudar, arranjarem uma profissão e serem pais, mães e profissionais competentes. Eu não faço parte do núcleo, mas sinto que há este trabalho em rede. Em Viseu, acabamos por fazer um trabalho discreto, mas valioso.
Graeme Pulleyn, como é que um homem do teatro se envolve nestas questões?
Graeme Pulleyn: A Paula Fong convidou-me para coordenar o projecto "HumanizArte" apoiado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, para a reinserção de pessoas que, muitas vezes, passam pela dependência da droga ou do alcoolismo, mas que, para além disso, têm na maioria dos casos outras complicações ligadas a problemas sociais e económicos.
João Machado: Nós não procuramos o mediatismo, acima de tudo queremos trabalhar consciências e modificá-las, se possível desde a infância e da juventude, que é aí que se começa a trabalhar a consciência das pessoas.
A pobreza combate-se com a mudança de mentalidades, mas há uma necessidade real de apoio no terreno.
João Machado: Sim. Mas se damos esse apoio e não lhes damos mais nada, as pessoas acomodam-se a esse apoio.
Paula Fong: Eu sou uma técnica de terreno. Trabalho em Viseu há 11 anos e sinto que não chega dar o apoio à criança ou à família, como o rendimento social de inserção ou subsídio de desemprego, é importante mudar mentalidades, mostrando às pessoas que elas têm poder para reconstruir os seus projectos de vida e mostrarem aos filhos que são capazes de os prepar para o futuro. Nas crianças, também é preciso mexer consciências. As pessoas têm dificuldade em estabelecer prioridades, em renunciar ao Rendimento Social de Inserção e de aceitarem os empregos que lhes propõem, quando, paralelamente, há uma enorme falta de emprego.
Está a dar razão ao presidente do CDS-PP, Paulo Portas.
Paula Fong: Não. O subsídio de reinserção deve ser acompanhado do apoio técnico no terreno e do apoio para mudar mentalidades. Não basta dar dinheiro, apesar de haver muitas famílias que precisam.
O que mais a choca no terreno?
Paula Fong: O que me faz acreditar nestes projectos é as pessoas colaborarem connosco e mostrarem que são capazes.
O que é o projecto "HumanizArte"?
Graeme Pulleyn: é um projecto de reinserção, dirigido a jovens e adultos que sentem a necessidade de reconstruir o seu projecto de vida, através das artes. Com uma forte vertente de apoio emocional e social, trabalha caso a caso para ajudar a reconquistar a sua vida e ultrapassar problemas de marginalização, de álcool e de toxicodependência?
Ajuda-os a recuperar a auto-estima?
Graeme Pulleyn: Entre outras coisas, a auto-estima, a auto-imagem, a necessidade de apresentarem sua identidade, a sua identidade, a sua capacidade de trabalharem com os outros.
Na prática, como é feito esse trabalho?
Graeme Pulleyn: Nós temos uma loja no bloco E do Bairro da Balsa (Viseu), que está aberta às segundas, quartas e sextas-feiras à tarde e onde as pessoas podem aparecer e onde desenvolvemos vários projectos artísticos, principalmente de artes plásticas e de teatro.
As pessoas chegam até essa loja de forma voluntária?
Paula Fong: São adultos que vão voluntariamente, normalmente por indicação das famílias.
O projecto arrancou em Maio. Que conclusões podem já retirar desse trabalho de seis meses?
Paula Fong: O tempo é muito pouco. Mas um dado, positivo, é que as pessoas que vieram ficaram. Estão a fazer tratamentos no Centro de Alcoologia de Coimbra, têm ido ao centro de emprego fazer um esforço para arranjar emprego. As pessoas confiam em nós e estão com o tal objectivo de melhorar a vida.
E o projecto "Entreteias"?
Paula Fong: é um projecto ao nível da prevenção. Foi também criado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência. O público-alvo, são as crianças e os jovens das escolas da cidade [de Viseu] e as suas famílias. No 1º Ciclo [do Ensino Básico] temos três grupos de expressões integradas. No 2º e 3º Ciclos temos um grupo de precursão e vamos começar com o projecto das escolas secundárias que é a "Cultura Urbana". Na Escola Viriato vai funcionar um grupo ligado à música, na Emídio Navarro, mais ligado ao teatro e às artes circenses e na Alves Martins, às artes multimédia.
Os jovens estão mais sensibilizados para esta problemática da luta contra a pobreza?
João Machado: De alguma forma sim, mas ainda há muito trabalho a fazer. Hoje, há uma maior sensibilização e um maior combate à diferença. Isso exige alguma sensibilidade por parte dos profissionais, para porem os alunos a pensar dessa maneira.
A luta contra a pobreza pode vir a ser mais eficaz no futuro?
João Machado: Estamos confiantes nestes projectos. Agora, nunca se vai conseguir erradicar verdadeiramente a pobreza.
Nos últimos anos até se tem sentido o aumento da pobreza.
João Machado: E não falamos só na vertente financeira. A Pobreza vai de encontro ao conceito de privação e a privação pode ser muita coisa, pode ser de bens materiais, pode estar relacionada com a solidão, pode estar relacionada com a falta de acesso ao emprego, pode estar associada a muitos factores.
Deixaram a mensagem no Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, de que todos somos responsáveis. Foi uma provocação?
João Machado: Todos temos que estar convencidos que é preciso mudar mentalidades. Ainda há muitos preconceitos em relação ao conceito de pobreza. Há muita gente que ainda considera que os pobres são pobres porque não querem trabalhar.
Paula Fong: É urgente trabalhar com as crianças e com os jovens, fazendo com que tenham responsabilidades sobre elas próprias e sobre o seu próprio futuro. É fundamental que cresçam com a noção clara de que são responsáveis por elas próprias.
João Machado: Passa também por revolucionar de alguma forma as mentalidades ao nível das entidades empregadoras e da tentativa de potenciação real dos recursos humanos.
Que razões para a pobreza têm vindo a identificar ultimamente?
Paula Fong: Principalmente o desemprego e o emprego precário. Uma das associações que está a financiar os projectos é a Federação Regional das Associação de Pais de Viseu e uma das nossas funções também é alertar as empresas de que os pais têm direitos, como ir à escola saber dos filhos, e a verdade é que há muitas entidades empregadoras que não o permitem neste momento.
Quais são as expectativas para 2010, o Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social?
João Machado: Vai ser um símbolo, mas temos que trabalhar bem esse símbolo de forma a fazer com que alguma coisa mude. No trabalhos, que vamos desenvolver, 2010 vai passar muito por dar voz aos excluídos.
Graeme Pulleyn: Uma das vantagens das artes é que as artes levam-nos à celebração. É uma forma de trazer alegria às pessoas, por outro lado, são projectos exigentes e ajudam as pessoas a perceber que vale a pena investir. As artes podem ter este papel de juntar as pessoas por um motivo positivo.
Paula Fong: A minha expectativa é de que as pessoas com quem vou trabalhar mudem alguma coisa, por pouco que seja.
Crise abranda mas Portugal arrisca perder comboio europeu
Por Vítor Costa e Paulo Miguel Madeira, in Jornal Público
INE e Bruxelas confirmam melhoria da conjuntura. Moody"s baixa avaliação e alerta que sem reformas Portugal não aproveitará a retoma
Foi um dia de sentimentos diferentes para a economia nacional. Se, por um lado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Comissão Europeia vieram dar notícias que confirmam que a economia nacional e a da zona euro estão a recuperar da actual crise internacional, por outro lado, a agência Moody"s reviu em baixa a avaliação da dívida pública portuguesa de "estável" para "negativa" e deixou um sério alerta para o Governo: sem mais reformas, Portugal poderá não conseguir aproveitar a retoma da economia europeia e, como tal, ficar condenado a um período longo de crescimento económico baixo.
As boas notícias do INE e da Comissão Europeia vieram reforçar uma tendência que já se faz sentir há alguns meses. Por um lado, o indicador de clima económico, que ainda se mantém em terreno negativo, continuou em Outubro a melhoria iniciada em Maio, numa trajectória que é idêntica à revelada, também segundo os dados deste mês, pelo indicador de confiança dos consumidores e pelos indicadores de confiança em todos os principais sectores de actividade. Isto não quer no entanto dizer que a crise tenha passado, pois a actividade continua em quase todos os domínios em níveis substancialmente inferiores aos que se verificavam antes da agudização da crise financeira, há pouco mais de um ano, e da profunda recessão que se lhe seguiu.
Mas não foi apenas de Lisboa que vieram as boas notícias. De Bruxelas, os dados da Comissão Europeia davam conta que a confiança dos empresários e dos consumidores da zona euro não só voltou a subir em Outubro, como atingiu um máximo de 13 meses.
As boas notícias ficaram, contudo, por aqui. Já antes, a agência de notação financeira Moody"s punha alguma água na fervura em relação à recuperação da economia nacional. A nota enviada às redacções, citada pela Lusa, até salientava que "o impacto directo da crise global [passou] largamente ao lado de Portugal, de tal forma que a performance da economia e a deterioração da política orçamental do Governo estiveram em linha ou até melhor que os parceiros da eurozona".
Todavia, a agência que avalia o risco da economia nacional decidiu mudar a avaliação da dívida pública portuguesa de "estável" para "negativa", reflectindo "não só os desafios económicos que o país enfrenta", mas também a "aparente falta de motivação dos decisores políticos para os resolver". A Moody"s defende que a principal dificuldade da economia portuguesa é "o crescimento global que se vai seguir à crise [e que] vai levar a uma dinâmica da dívida seriamente adversa para Portugal". E esta dificuldade ganha ainda novas dimensões, porque, prossegue a Moody"s, "não parece haver uma motivação do Governo para agir".
Perante este cenário, a agência assume que "a principal preocupação" é o "fraco potencial de crescimento", atribuível a uma "falta de vontade dos sucessivos governos para restaurarem a competitividade". Se esta situação não for alterada, "é provável que a tendência de crescimento da economia se mantenha relativamente baixa, limitando a capacidade do Governo para sair deste problema, quando a retoma económica chegar", sublinha a agência.
Em declarações à "Reuters", o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, justificou a descida do outlookcom "a crise económica" e garantiu que "o Governo português está firmemente empenhado" em reduzir o peso da dívida e do défice públicos, assim que a crise estiver ultrapassada.com agências
INE e Bruxelas confirmam melhoria da conjuntura. Moody"s baixa avaliação e alerta que sem reformas Portugal não aproveitará a retoma
Foi um dia de sentimentos diferentes para a economia nacional. Se, por um lado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) e a Comissão Europeia vieram dar notícias que confirmam que a economia nacional e a da zona euro estão a recuperar da actual crise internacional, por outro lado, a agência Moody"s reviu em baixa a avaliação da dívida pública portuguesa de "estável" para "negativa" e deixou um sério alerta para o Governo: sem mais reformas, Portugal poderá não conseguir aproveitar a retoma da economia europeia e, como tal, ficar condenado a um período longo de crescimento económico baixo.
As boas notícias do INE e da Comissão Europeia vieram reforçar uma tendência que já se faz sentir há alguns meses. Por um lado, o indicador de clima económico, que ainda se mantém em terreno negativo, continuou em Outubro a melhoria iniciada em Maio, numa trajectória que é idêntica à revelada, também segundo os dados deste mês, pelo indicador de confiança dos consumidores e pelos indicadores de confiança em todos os principais sectores de actividade. Isto não quer no entanto dizer que a crise tenha passado, pois a actividade continua em quase todos os domínios em níveis substancialmente inferiores aos que se verificavam antes da agudização da crise financeira, há pouco mais de um ano, e da profunda recessão que se lhe seguiu.
Mas não foi apenas de Lisboa que vieram as boas notícias. De Bruxelas, os dados da Comissão Europeia davam conta que a confiança dos empresários e dos consumidores da zona euro não só voltou a subir em Outubro, como atingiu um máximo de 13 meses.
As boas notícias ficaram, contudo, por aqui. Já antes, a agência de notação financeira Moody"s punha alguma água na fervura em relação à recuperação da economia nacional. A nota enviada às redacções, citada pela Lusa, até salientava que "o impacto directo da crise global [passou] largamente ao lado de Portugal, de tal forma que a performance da economia e a deterioração da política orçamental do Governo estiveram em linha ou até melhor que os parceiros da eurozona".
Todavia, a agência que avalia o risco da economia nacional decidiu mudar a avaliação da dívida pública portuguesa de "estável" para "negativa", reflectindo "não só os desafios económicos que o país enfrenta", mas também a "aparente falta de motivação dos decisores políticos para os resolver". A Moody"s defende que a principal dificuldade da economia portuguesa é "o crescimento global que se vai seguir à crise [e que] vai levar a uma dinâmica da dívida seriamente adversa para Portugal". E esta dificuldade ganha ainda novas dimensões, porque, prossegue a Moody"s, "não parece haver uma motivação do Governo para agir".
Perante este cenário, a agência assume que "a principal preocupação" é o "fraco potencial de crescimento", atribuível a uma "falta de vontade dos sucessivos governos para restaurarem a competitividade". Se esta situação não for alterada, "é provável que a tendência de crescimento da economia se mantenha relativamente baixa, limitando a capacidade do Governo para sair deste problema, quando a retoma económica chegar", sublinha a agência.
Em declarações à "Reuters", o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, justificou a descida do outlookcom "a crise económica" e garantiu que "o Governo português está firmemente empenhado" em reduzir o peso da dívida e do défice públicos, assim que a crise estiver ultrapassada.com agências
Um quarto dos portugueses teme perder em breve o emprego
Por Andreia Sanches, em Bruxelas, in Jornal Público
Estudo revela que 17 por cento dos inquiridos em Portugal tiveram dificuldades em suportar despesas básicas nos últimos 12 meses
Acha que existe o risco (alto ou moderado) de nos próximos 12 meses não conseguir pagar as contas normais e a alimentação? Um em cada três portugueses acredita que sim. Um em cada dez considera até que é de algum modo possível ter de abandonar a casa onde vive. E 20 por cento confessam que não estão muito confiantes na manutenção do emprego que têm. Quase seis por cento vão mais longe: não estão nada confiantes; acham mesmo que vão deixar de ter trabalho no próximo ano.
Não são só os portugueses que temem o futuro próximo. A crise económica e as elevadas taxas de desemprego estão a deixar os europeus assustados: 18 por cento dos inquiridos nos 27 Estados-membros acham que existe o perigo de, em breve, ficar sem trabalho.
Os homens e os jovens são, regra geral, mais optimistas quando convidados a olhar para o futuro das finanças das suas famílias. E os cidadãos da Dinamarca, Itália, Suécia e Roménia estão entre os que mais acreditam que, na verdade, neste ponto, as coisas até podem melhorar.
Os dados constam de um relatório ontem divulgado em Bruxelas durante uma conferência europeia sobre pobreza e exclusão social. E dão conta das grandes conclusões de um Eurobarómetro baseado em 25 mil entrevistas realizadas em Julho na União Europeia.
O objectivo é medir o impacto da crise nas percepções das pessoas sobre a sua situação financeira, sobre as expectativas que têm em relação ao futuro e sobre as dificuldades reais que já sentem no dia-a-dia.
"Há grandes diferenças de país para país", disse Robert Manchin, o especialista em sondagens que apresentou os dados do novo relatório (o segundo divulgado esta semana sobre pobreza).
Mas "26 por cento dos europeus acham que a sua situação financeira vai piorar nos próximos 12 meses". E mais de 70 por cento dizem que a pobreza tem vindo a aumentar no país onde vivem.
Ficar sem dinheiro
Numa Europa onde a taxa de risco de pobreza é de 16 por cento (18 por cento em Portugal), o presente já é, para alguns, mais difícil: 11,4 por cento afirmaram, por exemplo, que se tornou, nos últimos seis meses, muito mais complicado suportar os cuidados de saúde. E ao longo do último ano, 18 por cento tiveram a experiência de ficar sem dinheiro para pagar despesas básicas. São os adultos entre os 25 e os 39 anos que relatam ter tido mais dificuldades.
Em Portugal, as respostas são mais preocupantes: um em cada quatro diz que se tornou muito mais difícil pagar os serviços de saúde (os seus e os dos seus familiares); e 16,6 por cento declaram ter tido dificuldades em fazer face às despesas normais, incluindo alimentação.
Os gastos com os serviços de apoio à infância também parecem mais pesados para algumas famílias (sete por cento dos inquiridos).
O Eurobarómetro procurou, por fim, saber como vêem os europeus a sua velhice. Perguntando-lhes, por exemplo, se estão preocupados com a sua situação financeira quando chegarem à terceira idade. Em dez países, os níveis de preocupação não são muito elevados.
É na Dinamarca que a questão "não ter dinheiro suficiente na velhice para viver com dignidade" menos se coloca. Em Portugal, 23 por cento dos inquiridos disseram estar "muito preocupados". Em média, na União Europeia, 14 por cento dos inquiridos deram a mesma resposta.
Estudo revela que 17 por cento dos inquiridos em Portugal tiveram dificuldades em suportar despesas básicas nos últimos 12 meses
Acha que existe o risco (alto ou moderado) de nos próximos 12 meses não conseguir pagar as contas normais e a alimentação? Um em cada três portugueses acredita que sim. Um em cada dez considera até que é de algum modo possível ter de abandonar a casa onde vive. E 20 por cento confessam que não estão muito confiantes na manutenção do emprego que têm. Quase seis por cento vão mais longe: não estão nada confiantes; acham mesmo que vão deixar de ter trabalho no próximo ano.
Não são só os portugueses que temem o futuro próximo. A crise económica e as elevadas taxas de desemprego estão a deixar os europeus assustados: 18 por cento dos inquiridos nos 27 Estados-membros acham que existe o perigo de, em breve, ficar sem trabalho.
Os homens e os jovens são, regra geral, mais optimistas quando convidados a olhar para o futuro das finanças das suas famílias. E os cidadãos da Dinamarca, Itália, Suécia e Roménia estão entre os que mais acreditam que, na verdade, neste ponto, as coisas até podem melhorar.
Os dados constam de um relatório ontem divulgado em Bruxelas durante uma conferência europeia sobre pobreza e exclusão social. E dão conta das grandes conclusões de um Eurobarómetro baseado em 25 mil entrevistas realizadas em Julho na União Europeia.
O objectivo é medir o impacto da crise nas percepções das pessoas sobre a sua situação financeira, sobre as expectativas que têm em relação ao futuro e sobre as dificuldades reais que já sentem no dia-a-dia.
"Há grandes diferenças de país para país", disse Robert Manchin, o especialista em sondagens que apresentou os dados do novo relatório (o segundo divulgado esta semana sobre pobreza).
Mas "26 por cento dos europeus acham que a sua situação financeira vai piorar nos próximos 12 meses". E mais de 70 por cento dizem que a pobreza tem vindo a aumentar no país onde vivem.
Ficar sem dinheiro
Numa Europa onde a taxa de risco de pobreza é de 16 por cento (18 por cento em Portugal), o presente já é, para alguns, mais difícil: 11,4 por cento afirmaram, por exemplo, que se tornou, nos últimos seis meses, muito mais complicado suportar os cuidados de saúde. E ao longo do último ano, 18 por cento tiveram a experiência de ficar sem dinheiro para pagar despesas básicas. São os adultos entre os 25 e os 39 anos que relatam ter tido mais dificuldades.
Em Portugal, as respostas são mais preocupantes: um em cada quatro diz que se tornou muito mais difícil pagar os serviços de saúde (os seus e os dos seus familiares); e 16,6 por cento declaram ter tido dificuldades em fazer face às despesas normais, incluindo alimentação.
Os gastos com os serviços de apoio à infância também parecem mais pesados para algumas famílias (sete por cento dos inquiridos).
O Eurobarómetro procurou, por fim, saber como vêem os europeus a sua velhice. Perguntando-lhes, por exemplo, se estão preocupados com a sua situação financeira quando chegarem à terceira idade. Em dez países, os níveis de preocupação não são muito elevados.
É na Dinamarca que a questão "não ter dinheiro suficiente na velhice para viver com dignidade" menos se coloca. Em Portugal, 23 por cento dos inquiridos disseram estar "muito preocupados". Em média, na União Europeia, 14 por cento dos inquiridos deram a mesma resposta.
29.10.09
Luta contra a pobreza e exclusão social será aposta da União Europeia em 2010
Rui Martins, in Agência Ecclesia
Comissão Europeia reconhece que consequências da crise financeira e económica ainda não terminaram
A União Europeia dedicará o ano de 2010 à luta contra a pobreza e exclusão social, tentando responder ao facto de 17% da sua população não ter os meios necessários para satisfazer as necessidades mais básicas.
“A pobreza é normalmente associada aos países em vias de desenvolvimento nos quais a subnutrição, a fome e a falta de água limpa e potável são desafios quotidianos. Contudo, a Europa também é afectada pela pobreza e pela exclusão social, onde apesar de estes problemas poderem não ser tão gritantes, são ainda assim inaceitáveis”, lê-se no site que apresenta as iniciativas do próximo Ano Europeu.
Em Portugal, o programa será baseado em quatro prioridades: contribuir para a redução da pobreza e prevenir os riscos de exclusão através de acções concretas; aumentar a compreensão e a visibilidade do fenómeno da pobreza e da sua natureza pluridisciplinar; mobilizar a sociedade para o esforço de erradicar a pobreza e as situações de exclusão; assumir que a pobreza é um problema de todos os países.
A estratégia de comunicação prevê a realização de sessões públicas, a criação de um site e de uma campanha nos media, bem como o desenvolvimento de pólos de dinamização local, entre outras iniciativas.
De acordo com o projecto enviado por Portugal para as instâncias comunitárias, o lema nacional do Ano Europeu será “A pobreza é um problema de todos”. Segundo o mesmo documento, o agendamento das actividades só será possível quando o Programa Nacional estiver preparado, o que se prevê venha a acontecer em Dezembro. O orçamento da participação portuguesa ultrapassa os dois milhões de euros.
Consequências da crise financeira e económica ainda não terminaram
A Comissão Europeia elaborou um documento de 26 páginas onde foram elencados os objectivos e prioridades do próximo ano, os temas que serão abordados, bem como a coordenação e financiamento das actividades.
O texto sublinha que a crise económica e financeira internacional de 2008 terá efeitos a longo prazo no trabalho, reconhecendo que as pessoas mais vulneráveis sofrerão as maiores consequências.
A União Europeia define alguns compromissos para 2010 na luta contra a pobreza, sobretudo ao nível da infância, nas famílias e nos orfanatos. Por outro lado, compromete-se a promover o mercado de trabalho, a investir na educação, saúde e promoção social, e a dar maior atenção aos portadores de deficiências.
Segundo o documento, é preciso favorecer o acesso à cultura, eliminar a discriminação, investir na inclusão social dos imigrantes e das minorias étnicas, responder às exigências dos sem-tecto e das pessoas que vivem em situações vulneráveis.
O lançamento do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social ocorrerá a 21 de Janeiro, em Madrid.
Com Rádio Vaticano
Comissão Europeia reconhece que consequências da crise financeira e económica ainda não terminaram
A União Europeia dedicará o ano de 2010 à luta contra a pobreza e exclusão social, tentando responder ao facto de 17% da sua população não ter os meios necessários para satisfazer as necessidades mais básicas.
“A pobreza é normalmente associada aos países em vias de desenvolvimento nos quais a subnutrição, a fome e a falta de água limpa e potável são desafios quotidianos. Contudo, a Europa também é afectada pela pobreza e pela exclusão social, onde apesar de estes problemas poderem não ser tão gritantes, são ainda assim inaceitáveis”, lê-se no site que apresenta as iniciativas do próximo Ano Europeu.
Em Portugal, o programa será baseado em quatro prioridades: contribuir para a redução da pobreza e prevenir os riscos de exclusão através de acções concretas; aumentar a compreensão e a visibilidade do fenómeno da pobreza e da sua natureza pluridisciplinar; mobilizar a sociedade para o esforço de erradicar a pobreza e as situações de exclusão; assumir que a pobreza é um problema de todos os países.
A estratégia de comunicação prevê a realização de sessões públicas, a criação de um site e de uma campanha nos media, bem como o desenvolvimento de pólos de dinamização local, entre outras iniciativas.
De acordo com o projecto enviado por Portugal para as instâncias comunitárias, o lema nacional do Ano Europeu será “A pobreza é um problema de todos”. Segundo o mesmo documento, o agendamento das actividades só será possível quando o Programa Nacional estiver preparado, o que se prevê venha a acontecer em Dezembro. O orçamento da participação portuguesa ultrapassa os dois milhões de euros.
Consequências da crise financeira e económica ainda não terminaram
A Comissão Europeia elaborou um documento de 26 páginas onde foram elencados os objectivos e prioridades do próximo ano, os temas que serão abordados, bem como a coordenação e financiamento das actividades.
O texto sublinha que a crise económica e financeira internacional de 2008 terá efeitos a longo prazo no trabalho, reconhecendo que as pessoas mais vulneráveis sofrerão as maiores consequências.
A União Europeia define alguns compromissos para 2010 na luta contra a pobreza, sobretudo ao nível da infância, nas famílias e nos orfanatos. Por outro lado, compromete-se a promover o mercado de trabalho, a investir na educação, saúde e promoção social, e a dar maior atenção aos portadores de deficiências.
Segundo o documento, é preciso favorecer o acesso à cultura, eliminar a discriminação, investir na inclusão social dos imigrantes e das minorias étnicas, responder às exigências dos sem-tecto e das pessoas que vivem em situações vulneráveis.
O lançamento do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social ocorrerá a 21 de Janeiro, em Madrid.
Com Rádio Vaticano
Risco de pobreza em Portugal acima da média da UE
in Antena 1
A taxa de risco de pobreza em Portugal está acima da média da União Europeia. Dados divulgados hoje pelo próprio Durão Barroso no arranque dos trabalhos do Conselho Europeu. Sobre este retrato nacional surge o alerta para dois grupos de risco: os jovens e os idosos. Indicadores que surgem numa altura em que por toda a União Europeia o número de pobres está a aumentar, como recorda a jornalista Madalena Salema.
A taxa de risco de pobreza em Portugal está acima da média da União Europeia. Dados divulgados hoje pelo próprio Durão Barroso no arranque dos trabalhos do Conselho Europeu. Sobre este retrato nacional surge o alerta para dois grupos de risco: os jovens e os idosos. Indicadores que surgem numa altura em que por toda a União Europeia o número de pobres está a aumentar, como recorda a jornalista Madalena Salema.
REAPN promove palestra “Pobreza e Comunidades Ciganas”
in TV Alentejo
A Rede Europeia Anti-Pobreza está a promover um ciclo de palestras que marcam as comemorações do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. O Auditório dos Serviços Comuns do Instituto Politécnico de Beja recebeu uma sessão subordinada ao tema “Pobreza e Comunidades Ciganas”.
O ano de 2010 já foi proclamado como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social. A Rede Europeia Anti-Pobreza pretende, com estas acções, transmitir que “é urgente encarar tal tarefa como uma responsabilidade de todos”.
Através deste ciclo de palestras, a REAPN defende a definição de uma nova “estratégia social”, com base num conjunto de princípios. “O acesso efectivo aos direitos e dignidade para todos”, “uma economia ao serviço das pessoas e do interesse público”, “a mobilização de todas as políticas para o objectivo de combate à pobreza”, a mobilização e a participação de todos”, “a solidariedade entre as diferentes acções de luta contra a pobreza e a exclusão social no mundo e na Europa” são as bases da “nova cultura” defendida pela Rede Europeia Anti-Pobreza.
Aceda ao endereço: http://www.tvalentejo.tv/index.php?view=2009102011165715 para visualizá-lo.
A Rede Europeia Anti-Pobreza está a promover um ciclo de palestras que marcam as comemorações do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. O Auditório dos Serviços Comuns do Instituto Politécnico de Beja recebeu uma sessão subordinada ao tema “Pobreza e Comunidades Ciganas”.
O ano de 2010 já foi proclamado como o Ano Europeu do Combate à Pobreza e Exclusão Social. A Rede Europeia Anti-Pobreza pretende, com estas acções, transmitir que “é urgente encarar tal tarefa como uma responsabilidade de todos”.
Através deste ciclo de palestras, a REAPN defende a definição de uma nova “estratégia social”, com base num conjunto de princípios. “O acesso efectivo aos direitos e dignidade para todos”, “uma economia ao serviço das pessoas e do interesse público”, “a mobilização de todas as políticas para o objectivo de combate à pobreza”, a mobilização e a participação de todos”, “a solidariedade entre as diferentes acções de luta contra a pobreza e a exclusão social no mundo e na Europa” são as bases da “nova cultura” defendida pela Rede Europeia Anti-Pobreza.
Aceda ao endereço: http://www.tvalentejo.tv/index.php?view=2009102011165715 para visualizá-lo.
28.10.09
Mais de 40 por cento dos portugueses acham que pobreza aumentou muito
in Jornal Público
Quatro em cada dez portugueses (41 por cento) acham que a pobreza aumentou "muito" nos últimos três anos. E a maioria considera que, para resolver o problema, o Governo deve apostar na criação de "oportunidades de trabalho". O desemprego é mesmo apontado como a principal razão para que alguém seja pobre - análise, de resto, partilhada pela generalidade dos europeus quando questionados sobre o que se passa nos seus países. Maiores diferenças com os 27 da União Europeia (UE) surgem quando se pergunta algo como isto: "O orçamento familiar de que dispõe todos os meses chega para as necessidades?"
Em Portugal, 1,8 milhões vivem abaixo do limiar de pobreza.
Na UE, 30 por cento dos inquiridos no âmbito do novo Eurobarómetro sobre pobreza disseram que sim, que facilmente chega. E em Portugal? Seis em cada dez (62 por cento) confessam que têm alguma dificuldade em satisfazer as suas necessidades (a média na UE é de 56 por cento). E 15 por cento dizem que "é difícil" viver com o que têm (12 por cento na UE). Apenas um quinto da população considera que o dinheiro chega facilmente.
A dois dias de uma conferência europeia sobre pobreza e exclusão social, que acontecerá em Bruxelas a propósito do ano europeu de luta contra a pobreza (em 2010), a Comissão Europeia divulgou ontem os primeiros números de um Eurobarómetro especial - um inquérito a 27 mil pessoas, realizado entre Agosto e Setembro, que tenta aferir a atitude dos europeus face ao fenómeno.
A maioria acha que a pobreza alastrou - "73 por cento dos europeus consideram que a pobreza está disseminada e 89 por cento reclamam dos governos uma acção urgente para combatê-la", lê-se no comunicado da Comissão. O relatório final só será divulgado em Novembro.
Dados a que o PÚBLICO teve acesso mostram que, desafiados a apontar o dedo a alguns dos culpados, 52 por cento dos cidadãos da UE (e 61 por cento dos portugueses) dizem que é o desemprego o factor que mais explica a razão pela qual as pessoas são pobres.
Insuficientes prestações sociais e pensões baixas são apontadas por 29 por cento dos europeus - e por 27 por cento dos portugueses. Os baixos salários são referidos por quase metade dos inquiridos (na UE, como em Portugal).Mas da lista dos culpados também constam factores mais pessoais. Há quem mencione as toxicodependências e os problemas de saúde. E quem fale das qualificações - ainda que em Portugal haja menos a ideia de que a educação, ou a falta dela, pode explicar por que razão alguém é pobre (37 por cento na UE referem esse factor, contra 19 em Portugal).
Governo deve resolverJá a falta de apoio da família e dos amigos em momentos de maior necessidade é muito mais percepcionada em Portugal como explicação para a pobreza (14 por cento na UE; 32 por cento em Portugal). De qualquer modo, a maioria dos portugueses (63 por cento), e dos europeus em geral, acha que é ao Governo que cabe fazer reduzir a pobreza. E preveni-la.
Logo a seguir à criação de emprego, as medidas que visem garantir o crescimento económico "de forma a melhorar o nível de vida" das pessoas são as que mais aplausos recebem.
Em época de crise, não reina, contudo, o optimismo. Portugal é o 5.º da UE com mais pessoas a defenderem que a pobreza é algo que está disseminado no país - é o que sente 88 por cento da população. Visões mais negativas só na Hungria, Bulgária, Roménia e Letónia. E se domina na Europa a sensação de que o fenómeno se agravou (84 por cento dos europeus sentem que sim), em Portugal o peso dos que acham que aumentou "muito" é muito superior à média (41 contra 28 por cento).
Há, na UE, 80 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza (das quais 1,8 milhões são portuguesas). O comissário europeu para os assuntos sociais, Vladimir Spidla, acredita que 2010 será "a oportunidade de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações.
Quatro em cada dez portugueses (41 por cento) acham que a pobreza aumentou "muito" nos últimos três anos. E a maioria considera que, para resolver o problema, o Governo deve apostar na criação de "oportunidades de trabalho". O desemprego é mesmo apontado como a principal razão para que alguém seja pobre - análise, de resto, partilhada pela generalidade dos europeus quando questionados sobre o que se passa nos seus países. Maiores diferenças com os 27 da União Europeia (UE) surgem quando se pergunta algo como isto: "O orçamento familiar de que dispõe todos os meses chega para as necessidades?"
Em Portugal, 1,8 milhões vivem abaixo do limiar de pobreza.
Na UE, 30 por cento dos inquiridos no âmbito do novo Eurobarómetro sobre pobreza disseram que sim, que facilmente chega. E em Portugal? Seis em cada dez (62 por cento) confessam que têm alguma dificuldade em satisfazer as suas necessidades (a média na UE é de 56 por cento). E 15 por cento dizem que "é difícil" viver com o que têm (12 por cento na UE). Apenas um quinto da população considera que o dinheiro chega facilmente.
A dois dias de uma conferência europeia sobre pobreza e exclusão social, que acontecerá em Bruxelas a propósito do ano europeu de luta contra a pobreza (em 2010), a Comissão Europeia divulgou ontem os primeiros números de um Eurobarómetro especial - um inquérito a 27 mil pessoas, realizado entre Agosto e Setembro, que tenta aferir a atitude dos europeus face ao fenómeno.
A maioria acha que a pobreza alastrou - "73 por cento dos europeus consideram que a pobreza está disseminada e 89 por cento reclamam dos governos uma acção urgente para combatê-la", lê-se no comunicado da Comissão. O relatório final só será divulgado em Novembro.
Dados a que o PÚBLICO teve acesso mostram que, desafiados a apontar o dedo a alguns dos culpados, 52 por cento dos cidadãos da UE (e 61 por cento dos portugueses) dizem que é o desemprego o factor que mais explica a razão pela qual as pessoas são pobres.
Insuficientes prestações sociais e pensões baixas são apontadas por 29 por cento dos europeus - e por 27 por cento dos portugueses. Os baixos salários são referidos por quase metade dos inquiridos (na UE, como em Portugal).Mas da lista dos culpados também constam factores mais pessoais. Há quem mencione as toxicodependências e os problemas de saúde. E quem fale das qualificações - ainda que em Portugal haja menos a ideia de que a educação, ou a falta dela, pode explicar por que razão alguém é pobre (37 por cento na UE referem esse factor, contra 19 em Portugal).
Governo deve resolverJá a falta de apoio da família e dos amigos em momentos de maior necessidade é muito mais percepcionada em Portugal como explicação para a pobreza (14 por cento na UE; 32 por cento em Portugal). De qualquer modo, a maioria dos portugueses (63 por cento), e dos europeus em geral, acha que é ao Governo que cabe fazer reduzir a pobreza. E preveni-la.
Logo a seguir à criação de emprego, as medidas que visem garantir o crescimento económico "de forma a melhorar o nível de vida" das pessoas são as que mais aplausos recebem.
Em época de crise, não reina, contudo, o optimismo. Portugal é o 5.º da UE com mais pessoas a defenderem que a pobreza é algo que está disseminado no país - é o que sente 88 por cento da população. Visões mais negativas só na Hungria, Bulgária, Roménia e Letónia. E se domina na Europa a sensação de que o fenómeno se agravou (84 por cento dos europeus sentem que sim), em Portugal o peso dos que acham que aumentou "muito" é muito superior à média (41 contra 28 por cento).
Há, na UE, 80 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza (das quais 1,8 milhões são portuguesas). O comissário europeu para os assuntos sociais, Vladimir Spidla, acredita que 2010 será "a oportunidade de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações.
Eurobarómetro: europeus querem acção urgente contra pobreza
in Diário Digital
Em média, 89% dos europeus afirmam que é necessário e urgente os governos agirem para combater a pobreza, revela um Eurobarómetro divulgado esta terça-feira pela Comissão Europeia.
De acordo com o novo inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes face à pobreza e à exclusão social, 73% dos europeus consideram que a pobreza é um problema que se está a propagar nos respectivos países.
O inquérito, realizado no âmbito da preparação do Ano Europeu contra a Pobreza, em 2010, conclui que estes resultados «mostram até que ponto os europeus estão conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social na sociedade de hoje e querem que se faça mais para os resolver», afirmou o Comissário responsável pelos Assuntos Sociais, Vladimir Špidla.
«Ainda que a maioria das pessoas considere que os governos nacionais são os principais responsáveis, três quartos esperam que a UE desempenhe um papel importante neste contexto. O Ano Europeu que assinalaremos em 2010 será a oportunidade perfeita de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações em toda a UE.», referiu o responsável europeu.
80 milhões de pessoas no limiar da pobreza
Perante o cenário desolador de quase 80 milhões de pessoas - ou seja, 16% da população da UE - a viverem abaixo do limiar de pobreza e a enfrentarem graves obstáculos no acesso ao emprego, à educação, a estruturas sociais e a serviços financeiros, o inquérito hoje apresentado ilustra as várias facetas da pobreza e da exclusão social. Os cidadãos da UE estão fortemente conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social, com 73% dos inquiridos a considerarem que a pobreza é um fenómeno que alastra no seu país.
O desemprego elevado (52%) e os baixos salários (49%) são as explicações «sociais» que mais são apontadas para a pobreza, juntamente com a insuficiência das prestações sociais e das pensões (29%) e o custo excessivo de uma habitação condigna (26%). Por outro lado, a falta de educação, formação ou competências (37%), assim como a pobreza «herdada» (25%) e a toxicodependência (23%) são apontadas como razões «pessoais» que explicam a pobreza.
Mais de metade dos europeus (56%) acredita que os desempregados correm um maior risco de pobreza, ao passo que 41% consideram ser os idosos a categoria mais vulnerável e 31% referem as pessoas com baixos níveis de educação, formação ou competências.
Quase nove em cada dez europeus (87%) crêem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma habitação condigna, oito em cada dez acham que limita o acesso ao ensino superior ou a educação de adultos e 74% consideram que reduz as possibilidades de encontrar um emprego. A maioria dos europeus (60%) acredita que afecta também o acesso a um ensino básico de qualidade e 54% pensam que a capacidade de manter uma rede de amigos e conhecidos é limitada pela pobreza.
Em toda a Europa, 53% dos cidadãos imputam aos governos nacionais a principal responsabilidade neste combate.
Mesmo que os europeus não considerem a União Europeia a principal responsável pela luta contra a pobreza, o seu papel é, porém, destacado por muitos (28% acham que é «muito importante» e 46% «de alguma forma importante»).
O inquérito Eurobarómetro foi realizado entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. No conjunto, foram entrevistados presencialmente quase 27 000 cidadãos em todos os Estados-Membros da UE, os quais haviam sido seleccionados de forma aleatória.
Em média, 89% dos europeus afirmam que é necessário e urgente os governos agirem para combater a pobreza, revela um Eurobarómetro divulgado esta terça-feira pela Comissão Europeia.
De acordo com o novo inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes face à pobreza e à exclusão social, 73% dos europeus consideram que a pobreza é um problema que se está a propagar nos respectivos países.
O inquérito, realizado no âmbito da preparação do Ano Europeu contra a Pobreza, em 2010, conclui que estes resultados «mostram até que ponto os europeus estão conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social na sociedade de hoje e querem que se faça mais para os resolver», afirmou o Comissário responsável pelos Assuntos Sociais, Vladimir Špidla.
«Ainda que a maioria das pessoas considere que os governos nacionais são os principais responsáveis, três quartos esperam que a UE desempenhe um papel importante neste contexto. O Ano Europeu que assinalaremos em 2010 será a oportunidade perfeita de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações em toda a UE.», referiu o responsável europeu.
80 milhões de pessoas no limiar da pobreza
Perante o cenário desolador de quase 80 milhões de pessoas - ou seja, 16% da população da UE - a viverem abaixo do limiar de pobreza e a enfrentarem graves obstáculos no acesso ao emprego, à educação, a estruturas sociais e a serviços financeiros, o inquérito hoje apresentado ilustra as várias facetas da pobreza e da exclusão social. Os cidadãos da UE estão fortemente conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social, com 73% dos inquiridos a considerarem que a pobreza é um fenómeno que alastra no seu país.
O desemprego elevado (52%) e os baixos salários (49%) são as explicações «sociais» que mais são apontadas para a pobreza, juntamente com a insuficiência das prestações sociais e das pensões (29%) e o custo excessivo de uma habitação condigna (26%). Por outro lado, a falta de educação, formação ou competências (37%), assim como a pobreza «herdada» (25%) e a toxicodependência (23%) são apontadas como razões «pessoais» que explicam a pobreza.
Mais de metade dos europeus (56%) acredita que os desempregados correm um maior risco de pobreza, ao passo que 41% consideram ser os idosos a categoria mais vulnerável e 31% referem as pessoas com baixos níveis de educação, formação ou competências.
Quase nove em cada dez europeus (87%) crêem que a pobreza é um obstáculo ao acesso a uma habitação condigna, oito em cada dez acham que limita o acesso ao ensino superior ou a educação de adultos e 74% consideram que reduz as possibilidades de encontrar um emprego. A maioria dos europeus (60%) acredita que afecta também o acesso a um ensino básico de qualidade e 54% pensam que a capacidade de manter uma rede de amigos e conhecidos é limitada pela pobreza.
Em toda a Europa, 53% dos cidadãos imputam aos governos nacionais a principal responsabilidade neste combate.
Mesmo que os europeus não considerem a União Europeia a principal responsável pela luta contra a pobreza, o seu papel é, porém, destacado por muitos (28% acham que é «muito importante» e 46% «de alguma forma importante»).
O inquérito Eurobarómetro foi realizado entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. No conjunto, foram entrevistados presencialmente quase 27 000 cidadãos em todos os Estados-Membros da UE, os quais haviam sido seleccionados de forma aleatória.
Integração forçada: um futuro para os Roms?
in Expresso
No centro de uma série de faits-divers, a situação dos Roms é tema de debate aceso na imprensa húngara. Isolar os jovens do seu meio para que estes sejam bem sucedidos é a ideia apresentada pelo ensaísta Eszter Babarczy.
A propósito do debate em curso sobre as dificuldades de integração dos Roms húngaros, o meu chefe de redacção pediu-me que escrevesse um artigo "politicamente correcto". É fácil, pensei para comigo: "Não há problema. Se os racistas deixassem de acusar os ciganos de todos os males, o assunto ficava resolvido.", lê-se no "HVG", citado pelo site Presseurop.
A sério? Claro que não. Os últimos 15 anos provam que essa atitude não só não resolveu o problema como reforçou o discurso racista no seio da sociedade. A ascensão do Jobbik [partido de extrema-direita] deve-se, em grande parte, a esta posição ingénua.
Os Roms que vivem em guetos, isolados da sociedade em geral, não são forçosamente criminosos. Vivem numa sociedade organizada em clãs e sofrem mais às mãos das "más famílias" (que roubam toda a gente, incluindo roms) e dos usurários (igualmente roms) do que devido à discriminação. Na sua maioria, nunca terão oportunidade de serem discriminados, porque não há nenhum caminho de saída da aldeia transformada em gueto.
Um escolarização financeiramente inacessível A questão que divide os intelectuais húngaros é esta: quem deve abrir esses caminhos? Não creio que os roms encurralados em guetos sejam capazes de o fazer sozinhos. As organizações ciganas funcionam apenas como tribunas para os seus quadros corruptos e ávidos de poder. [Dois responsáveis rom foram recentemente acusados de desvio de fundos públicos.] Esses cargos são produto da hipocrisia e não constituem uma solução.
A sério: quem é capaz de imaginar que pessoas honestas mas desempregadas possam mandar os filhos para a escola? Quem acredita em tal coisa é porque nunca visitou uma família rom. Essas famílias vivem numa economia sem dinheiro líquido (a não ser que o roubem). Tirando os donativos e aquilo que pode ser produzido, construído ou arranjado localmente, tudo o mais está fora do seu alcance (gasolina, mobiliário escolar, aulas suplementares). As crianças rom podem trabalhar muito na escola e nem sequer sabem se o esforço vale a pena: não poderão sair da aldeia, visto que não há dinheiro para o colégio interno, para o comboio ou para os livros escolares.
Leia mais em Presseurop.eu
No centro de uma série de faits-divers, a situação dos Roms é tema de debate aceso na imprensa húngara. Isolar os jovens do seu meio para que estes sejam bem sucedidos é a ideia apresentada pelo ensaísta Eszter Babarczy.
A propósito do debate em curso sobre as dificuldades de integração dos Roms húngaros, o meu chefe de redacção pediu-me que escrevesse um artigo "politicamente correcto". É fácil, pensei para comigo: "Não há problema. Se os racistas deixassem de acusar os ciganos de todos os males, o assunto ficava resolvido.", lê-se no "HVG", citado pelo site Presseurop.
A sério? Claro que não. Os últimos 15 anos provam que essa atitude não só não resolveu o problema como reforçou o discurso racista no seio da sociedade. A ascensão do Jobbik [partido de extrema-direita] deve-se, em grande parte, a esta posição ingénua.
Os Roms que vivem em guetos, isolados da sociedade em geral, não são forçosamente criminosos. Vivem numa sociedade organizada em clãs e sofrem mais às mãos das "más famílias" (que roubam toda a gente, incluindo roms) e dos usurários (igualmente roms) do que devido à discriminação. Na sua maioria, nunca terão oportunidade de serem discriminados, porque não há nenhum caminho de saída da aldeia transformada em gueto.
Um escolarização financeiramente inacessível A questão que divide os intelectuais húngaros é esta: quem deve abrir esses caminhos? Não creio que os roms encurralados em guetos sejam capazes de o fazer sozinhos. As organizações ciganas funcionam apenas como tribunas para os seus quadros corruptos e ávidos de poder. [Dois responsáveis rom foram recentemente acusados de desvio de fundos públicos.] Esses cargos são produto da hipocrisia e não constituem uma solução.
A sério: quem é capaz de imaginar que pessoas honestas mas desempregadas possam mandar os filhos para a escola? Quem acredita em tal coisa é porque nunca visitou uma família rom. Essas famílias vivem numa economia sem dinheiro líquido (a não ser que o roubem). Tirando os donativos e aquilo que pode ser produzido, construído ou arranjado localmente, tudo o mais está fora do seu alcance (gasolina, mobiliário escolar, aulas suplementares). As crianças rom podem trabalhar muito na escola e nem sequer sabem se o esforço vale a pena: não poderão sair da aldeia, visto que não há dinheiro para o colégio interno, para o comboio ou para os livros escolares.
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Pobreza na UE mais sentida pelos cidadãos
Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias
Desempregados e idosos tidos como mais vulneráveisnos 27. Dinamarca, Suécia e Chipre são os optimistas
Ir viver debaixo da ponte é pesadelo para 16% dos desempregados europeus e 7% dos que têm trabalho temem que esse cenário se apresente às suas vidas. A pobreza está a crescer na Europa, sentem os seus cidadãos, segundo o Eurobarómetro.
A percepção de 84% dos europeus sinaliza um aumento da pobreza nos seus países desde há três anos. Este dado é subjectivo e foi recolhido por inquéritos do Eurobarómetro feitos nos 27. Portugal surge em quinto lugar nessa sensação transmitida de que a pobreza aumentou e muito (88% dos inquiridos). Os países em que ainda é mais acentuada essa ideia são a Hungria, Bulgária, Roménia e Letónia.
Neste estudo de opinião, as conclusões indicam que 73% dos europeus consideram que a pobreza aumentou nos seus países. As excepções situam-se na Dinamarca, Chipre e Suécia, onde as taxas rondam entre os 30 e os 37% de inquiridos que traçam um quadro social mais negativo.
Há um dedo apontado quando se trata de atribuir as culpas ao empobrecimento: o desemprego ou salários insuficientes repartem-se quase igualmente. Só depois surgem as pensões ou prestações sociais baixas ou então o preço da habitação. Neste último domínio, nove em cada dez europeus consideram que a pobreza impede o acesso a uma habitação decente. A pobreza, de acordo com a opinião de oito em cada dez cidadãos da UE, também limita em muito o acesso ao Ensino Superior e mesmo à educação em idade adulta.
Foram também pedidas opiniões aos 27 mil inquiridos quanto a causas individuais da pobreza. O baixo nível de escolaridade, a falta de formação, a transmissão do estatuto de pobreza entre gerações e a dependência do álcool ou das drogas foram as causas mais referidas. Portugal partilha com outros países do Sul da Europa a ideia de que se é pobre quando há a perda do apoio e laços com a família e os amigos.
Entre as pessoas mais vulneráveis à pobreza, uma maioria dos inquiridos referiu os desempregados e depois as pessoas idosas.
Aos olhos de 89% dos europeus, os governos nacionais devem agir com a maior das urgências para alterar o empobrecimento das populações. E essa responsabilidade é cometida antes de tudo a cada governo dos 27, segundo 53% dos inquiridos. A maioria não considera que a luta contra a pobreza caiba às instâncias da União Europeia, ainda que estas possam ter um papel muito ou relativamente importante.
Em vésperas do Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social, marcado para 2010, estima-se que cerca de 80 milhões (16% da população da UE) vivam abaixo da linha de pobreza. Este nível corresponde à situação em que uma pessoa tenha rendimentos inferiores em 60% ao rendimento médio em cada país. Certo é que, há já uma década, os líderes europeus se comprometeram a empenhar todos os seus esforços para erradicar a pobreza. O horizonte era 2010.
Desempregados e idosos tidos como mais vulneráveisnos 27. Dinamarca, Suécia e Chipre são os optimistas
Ir viver debaixo da ponte é pesadelo para 16% dos desempregados europeus e 7% dos que têm trabalho temem que esse cenário se apresente às suas vidas. A pobreza está a crescer na Europa, sentem os seus cidadãos, segundo o Eurobarómetro.
A percepção de 84% dos europeus sinaliza um aumento da pobreza nos seus países desde há três anos. Este dado é subjectivo e foi recolhido por inquéritos do Eurobarómetro feitos nos 27. Portugal surge em quinto lugar nessa sensação transmitida de que a pobreza aumentou e muito (88% dos inquiridos). Os países em que ainda é mais acentuada essa ideia são a Hungria, Bulgária, Roménia e Letónia.
Neste estudo de opinião, as conclusões indicam que 73% dos europeus consideram que a pobreza aumentou nos seus países. As excepções situam-se na Dinamarca, Chipre e Suécia, onde as taxas rondam entre os 30 e os 37% de inquiridos que traçam um quadro social mais negativo.
Há um dedo apontado quando se trata de atribuir as culpas ao empobrecimento: o desemprego ou salários insuficientes repartem-se quase igualmente. Só depois surgem as pensões ou prestações sociais baixas ou então o preço da habitação. Neste último domínio, nove em cada dez europeus consideram que a pobreza impede o acesso a uma habitação decente. A pobreza, de acordo com a opinião de oito em cada dez cidadãos da UE, também limita em muito o acesso ao Ensino Superior e mesmo à educação em idade adulta.
Foram também pedidas opiniões aos 27 mil inquiridos quanto a causas individuais da pobreza. O baixo nível de escolaridade, a falta de formação, a transmissão do estatuto de pobreza entre gerações e a dependência do álcool ou das drogas foram as causas mais referidas. Portugal partilha com outros países do Sul da Europa a ideia de que se é pobre quando há a perda do apoio e laços com a família e os amigos.
Entre as pessoas mais vulneráveis à pobreza, uma maioria dos inquiridos referiu os desempregados e depois as pessoas idosas.
Aos olhos de 89% dos europeus, os governos nacionais devem agir com a maior das urgências para alterar o empobrecimento das populações. E essa responsabilidade é cometida antes de tudo a cada governo dos 27, segundo 53% dos inquiridos. A maioria não considera que a luta contra a pobreza caiba às instâncias da União Europeia, ainda que estas possam ter um papel muito ou relativamente importante.
Em vésperas do Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social, marcado para 2010, estima-se que cerca de 80 milhões (16% da população da UE) vivam abaixo da linha de pobreza. Este nível corresponde à situação em que uma pessoa tenha rendimentos inferiores em 60% ao rendimento médio em cada país. Certo é que, há já uma década, os líderes europeus se comprometeram a empenhar todos os seus esforços para erradicar a pobreza. O horizonte era 2010.
27.10.09
Inquérito:Pobreza é um fenómeno generalizado para 88% dos portugueses
in RR
Em média, 73% dos europeus considera que a pobreza é um problema que se está a propagar nos respectivos países e 89% reclama dos governos uma acção urgente para o combater. Os dados constam do inquérito da Comissão Europeia sobre a Pobreza na Europa.
À frente de Portugal, nesta percepção do alastrar de pobreza e exclusão social, estão a Hungria, a Bulgária a Roménia e a Letónia. No extremo oposto encontram-se a Dinamarca, Chipre e Suécia.
Os dados fazem parte de uma sondagem no âmbito da apresentação por parte da Comissão Europeia de 2010 como o Ano Europeu de Combate à Pobreza. Isto numa altura em que se estima que 80 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza.
O desemprego, os baixos salários e o preço das casas são as principais razões como estando na origem deste fenómeno. 32% dos portugueses consideram que as pessoas são pobres porque não recebem apoio da família e amigos.
Os desempregados, idosos ou pessoas com baixa formação escolar ou fracas qualificações profissionais são os grupos identificados como os mais vulneráveis à pobreza.
Em média, 73% dos europeus considera que a pobreza é um problema que se está a propagar nos respectivos países e 89% reclama dos governos uma acção urgente para o combater. Os dados constam do inquérito da Comissão Europeia sobre a Pobreza na Europa.
À frente de Portugal, nesta percepção do alastrar de pobreza e exclusão social, estão a Hungria, a Bulgária a Roménia e a Letónia. No extremo oposto encontram-se a Dinamarca, Chipre e Suécia.
Os dados fazem parte de uma sondagem no âmbito da apresentação por parte da Comissão Europeia de 2010 como o Ano Europeu de Combate à Pobreza. Isto numa altura em que se estima que 80 milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza.
O desemprego, os baixos salários e o preço das casas são as principais razões como estando na origem deste fenómeno. 32% dos portugueses consideram que as pessoas são pobres porque não recebem apoio da família e amigos.
Os desempregados, idosos ou pessoas com baixa formação escolar ou fracas qualificações profissionais são os grupos identificados como os mais vulneráveis à pobreza.
Dinheiro escasseia para maioria dos portugueses
in RTP
O último Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social revela que 62 por cento dos portugueses admitem encontrar alguma dificuldade em gerir orçamentos com os rendimentos domésticos mensais, enquanto 15 por cento reconhecem ser difícil. À escala dos 27, nove em cada dez europeus defendem mais empenho dos poderes políticos no combate à pobreza.Dinheiro escasseia para maioria dos portugueses
0 twitterShare Levado a efeito na antecâmara do Ano Europeu contra a Pobreza, que é assinalado em 2010, o Eurobarómetro coloca Portugal acima da média dos 27 países-membros da União Europeia no que diz respeito aos segmentos de inquiridos que admitem ter alguma dificuldade ou dizem mesmo ser difícil sobreviver com o rendimento doméstico mensal - 56 e 12 por cento, respectivamente.
Apenas 21 por cento dos portugueses afirmam gerir os seus rendimentos com facilidade até ao fim do mês. Neste plano, o país fica abaixo da média da União Europeia, que se cifra nos 30 por cento.
Em Portugal, revela ainda o inquérito Eurobarómetro, 88 por cento dos inquiridos vê a pobreza como um fenómeno generalizado, contra a opinião de apenas 12 por cento. A média europeia é 73 por cento contra 25 por cento.
Pobreza preocupa nove em cada dez europeus
Na leitura das opiniões recolhidas entre os 27, o Eurobarómetro indica que nove em cada dez cidadãos europeus - 87 por cento - acreditam que as situações de pobreza impedem o acesso a habitação condigna. Oito em cada dez entendem que cria obstáculos no acesso ao ensino superior, ou à educação de adultos, e 74 por cento vêem no fenómeno um factor negativo na procura de emprego.
Por outro lado, 60 por cento dos inquiridos considera que a pobreza dificulta o acesso a um ensino básico de qualidade e 54 por cento vêem um nexo directo entre as situações de carência material e a dificuldade em manter amigos e outros contactos sociais.
A grande maioria dos europeus - 73 por cento - encara a pobreza como um fenómeno em progressão nos respectivos países. De entre as principais causas da pobreza e da exclusão, 52 por cento destacam o desemprego e 49 por cento os baixos salários. Outros dos factores de base citados no inquérito são a insuficiência das prestações sociais e das pensões, referida por 29 por cento dos inquiridos, e o custo da habitação, referido por 26 por cento. Já no que toca às justificações de índole pessoal, 37 por cento dos inquiridos assinalam a falta de educação, formação ou competências, 25 por cento a pobreza herdada e 23 por cento a toxicodependência.
"Combate à pobreza no cerne das preocupações"
Para o comissário europeu dos Assuntos Sociais, os dados do Eurobarómetro "mostram até que ponto os europeus estão conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social na sociedade de hoje e querem que se faça mais para os resolver".
"O ano europeu que assinalaremos em 2010 será a oportunidade perfeita de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações em toda a UE", afirmou Vladimir Spidla, citado pela agência Lusa.
O Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social foi levado a cabo entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. Foram quase 27 mil os cidadãos de todos os Estados-membros da União Europeia entrevistados presencialmente. Os inquiridos foram seleccionados de modo aleatório.
Fome atinge dezenas de milhares de idosos em Portugal
Os dados do Eurobarómetro são conhecidos no mesmo dia em que a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) assinala, na extrapolação dos resultados de um inquérito, que existem pelo menos 40 mil idosos no país sem dinheiro para uma alimentação completa e saudável. O estudo, a publicar na edição de Novembro da revista Proteste, teve por base um questionário remetido em Fevereiro e Março de 2009 a uma amostra representativa da população entre os 65 e os 70 anos. Responderam ao inquérito 3.423 portugueses.
Setenta e seis por cento dos inquiridos têm "hábitos alimentares pouco saudáveis, os quais pioram com o avançar da idade". Apenas um quarto indicou praticar uma alimentação saudável. Os autores do estudo chegaram à conclusão de que três por cento dos inquiridos passaram fome na semana anterior às respostas.
A "difícil situação económica e a falta de autonomia", sublinham os autores, "influenciam de forma negativa o que se come: mais de um quinto dos inquiridos indicou ter dificuldades financeiras".
"É exactamente a situação financeira, entre outros factores, que irá influenciar o que os idosos irão comer. Verificamos também, neste estudo que fizemos, que apenas 24 por cento dos idosos revelaram ter uma alimentação saudável", afirmou à Antena 1 Dulce Ricardo, autora do inquérito.
Entre as razões referidas pelos idosos para a má alimentação estão os problemas de saúde dentária (35 por cento), as dificuldades económicas (24 por cento), a falta de apetite (13 por cento) e os medicamentos (12 por cento). Os intervalos entre refeições e a má qualidade das dietas são outros dos factores apurados no estudo.
"A maioria não come a quantidade suficiente de vegetais, fruta e peixe. Contrariamente, existe um grande exagero no consumo de doces. Portanto, existem idosos que consomem mais de duas vezes por dia doces, quando se preconiza o máximo de uma vez por semana", frisou Dulce Ricardo.
"Sete por cento dos idosos admitiram não tomar o pequeno-almoço, o que também é muito mau para a sua saúde, dado preconizar-se o máximo de período nocturno de jejum de dez horas. Ao não tomar o pequeno-almoço, isso irá pôr em causa essas horas, irão estar muitas horas sem comer", acrescentou.
Os autores do inquérito consideram "urgente que se faça um levantamento das condições sociais em que vivem os idosos em Portugal".
O último Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social revela que 62 por cento dos portugueses admitem encontrar alguma dificuldade em gerir orçamentos com os rendimentos domésticos mensais, enquanto 15 por cento reconhecem ser difícil. À escala dos 27, nove em cada dez europeus defendem mais empenho dos poderes políticos no combate à pobreza.Dinheiro escasseia para maioria dos portugueses
0 twitterShare Levado a efeito na antecâmara do Ano Europeu contra a Pobreza, que é assinalado em 2010, o Eurobarómetro coloca Portugal acima da média dos 27 países-membros da União Europeia no que diz respeito aos segmentos de inquiridos que admitem ter alguma dificuldade ou dizem mesmo ser difícil sobreviver com o rendimento doméstico mensal - 56 e 12 por cento, respectivamente.
Apenas 21 por cento dos portugueses afirmam gerir os seus rendimentos com facilidade até ao fim do mês. Neste plano, o país fica abaixo da média da União Europeia, que se cifra nos 30 por cento.
Em Portugal, revela ainda o inquérito Eurobarómetro, 88 por cento dos inquiridos vê a pobreza como um fenómeno generalizado, contra a opinião de apenas 12 por cento. A média europeia é 73 por cento contra 25 por cento.
Pobreza preocupa nove em cada dez europeus
Na leitura das opiniões recolhidas entre os 27, o Eurobarómetro indica que nove em cada dez cidadãos europeus - 87 por cento - acreditam que as situações de pobreza impedem o acesso a habitação condigna. Oito em cada dez entendem que cria obstáculos no acesso ao ensino superior, ou à educação de adultos, e 74 por cento vêem no fenómeno um factor negativo na procura de emprego.
Por outro lado, 60 por cento dos inquiridos considera que a pobreza dificulta o acesso a um ensino básico de qualidade e 54 por cento vêem um nexo directo entre as situações de carência material e a dificuldade em manter amigos e outros contactos sociais.
A grande maioria dos europeus - 73 por cento - encara a pobreza como um fenómeno em progressão nos respectivos países. De entre as principais causas da pobreza e da exclusão, 52 por cento destacam o desemprego e 49 por cento os baixos salários. Outros dos factores de base citados no inquérito são a insuficiência das prestações sociais e das pensões, referida por 29 por cento dos inquiridos, e o custo da habitação, referido por 26 por cento. Já no que toca às justificações de índole pessoal, 37 por cento dos inquiridos assinalam a falta de educação, formação ou competências, 25 por cento a pobreza herdada e 23 por cento a toxicodependência.
"Combate à pobreza no cerne das preocupações"
Para o comissário europeu dos Assuntos Sociais, os dados do Eurobarómetro "mostram até que ponto os europeus estão conscientes dos problemas da pobreza e da exclusão social na sociedade de hoje e querem que se faça mais para os resolver".
"O ano europeu que assinalaremos em 2010 será a oportunidade perfeita de colocar o combate à pobreza no cerne das preocupações em toda a UE", afirmou Vladimir Spidla, citado pela agência Lusa.
O Eurobarómetro sobre pobreza e exclusão social foi levado a cabo entre 28 de Agosto e 17 de Setembro de 2009. Foram quase 27 mil os cidadãos de todos os Estados-membros da União Europeia entrevistados presencialmente. Os inquiridos foram seleccionados de modo aleatório.
Fome atinge dezenas de milhares de idosos em Portugal
Os dados do Eurobarómetro são conhecidos no mesmo dia em que a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) assinala, na extrapolação dos resultados de um inquérito, que existem pelo menos 40 mil idosos no país sem dinheiro para uma alimentação completa e saudável. O estudo, a publicar na edição de Novembro da revista Proteste, teve por base um questionário remetido em Fevereiro e Março de 2009 a uma amostra representativa da população entre os 65 e os 70 anos. Responderam ao inquérito 3.423 portugueses.
Setenta e seis por cento dos inquiridos têm "hábitos alimentares pouco saudáveis, os quais pioram com o avançar da idade". Apenas um quarto indicou praticar uma alimentação saudável. Os autores do estudo chegaram à conclusão de que três por cento dos inquiridos passaram fome na semana anterior às respostas.
A "difícil situação económica e a falta de autonomia", sublinham os autores, "influenciam de forma negativa o que se come: mais de um quinto dos inquiridos indicou ter dificuldades financeiras".
"É exactamente a situação financeira, entre outros factores, que irá influenciar o que os idosos irão comer. Verificamos também, neste estudo que fizemos, que apenas 24 por cento dos idosos revelaram ter uma alimentação saudável", afirmou à Antena 1 Dulce Ricardo, autora do inquérito.
Entre as razões referidas pelos idosos para a má alimentação estão os problemas de saúde dentária (35 por cento), as dificuldades económicas (24 por cento), a falta de apetite (13 por cento) e os medicamentos (12 por cento). Os intervalos entre refeições e a má qualidade das dietas são outros dos factores apurados no estudo.
"A maioria não come a quantidade suficiente de vegetais, fruta e peixe. Contrariamente, existe um grande exagero no consumo de doces. Portanto, existem idosos que consomem mais de duas vezes por dia doces, quando se preconiza o máximo de uma vez por semana", frisou Dulce Ricardo.
"Sete por cento dos idosos admitiram não tomar o pequeno-almoço, o que também é muito mau para a sua saúde, dado preconizar-se o máximo de período nocturno de jejum de dez horas. Ao não tomar o pequeno-almoço, isso irá pôr em causa essas horas, irão estar muitas horas sem comer", acrescentou.
Os autores do inquérito consideram "urgente que se faça um levantamento das condições sociais em que vivem os idosos em Portugal".
23.10.09
Rede Antipobreza reclama mediadores para ciganos
Natália Faria, in Jornal Público
A comunidade cigana em Portugal tem piores condições de saúde do que a população não cigana, mas recorre menos aos serviços públicos de saúde, muitas vezes porque “não percebe o que lhes é dito nas consultas médicas”. A conclusão está contida num estudo sobre as comunidades ciganas e a saúde, apresentado ontem,
no Porto, segundo o qual este hiato só será superado com recurso à figura do mediador da saúde.
“As experiências desenvolvidas em locais como o hospital D. Estefânia mostram que um mediador da saúde pode ser muito efi caz na resolução deste problema, mas, infelizmente, o estatuto do mediador não está regulamentado em Portugal”, lamenta
Sandra Araújo, coordenadora da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) e uma das autoras do estudo.
“Vamos ser mais assertivos e desenvolver uma pressão mais consistente porque, de outro modo, os poucos mediadores culturais existentes vão continuar a depender da boa vontade das instituições”, acrescentou Sandra Araújo, para quem outra das prioridades à escala nacional é garantir que os profi ssionais de saúde recebam formação sobre diversidade cultural.
Se estas medidas não forem adoptadas, os cerca de 40 mil ciganos que se calcula existirem em Portugal vão continuar a recorrer esporadicamente ao SNS e quase só aos serviços de urgência. “Na saúde materno-infantil, por exemplo, as mulheres ciganas
têm experiências de parto muito cedo, mas raramente recorrem a consultas
específi cas de ginecologia na gravidez, assim como a exames como o papanicolau e a mamografia.”
O diagnóstico resultante dos inquéritos efectuados junto de 367 famílias ciganas portuguesas mostra que doenças como a asma e a bronquite afectam 25 por cento dos ciganos, seguidas do colesterol (15 por cento) e da tensão arterial alta (11 por cento).
A automedicação é prática comum entre 55,8 por cento dos entrevistados, sendo os medicamentos para os resfriados/gripe e para a febre e dores os mais solicitados, a par dos contraceptivos e dos medicamentos para o colesterol e diabetes. Dos inquiridos, 36 por cento nunca foram ao dentista – para a população em geral este valor anda nos 13,7 por cento.
Para Sandra Araújo, este retrato cruza-se em grande parte com a precariedade habitacional que afecta esta comunidade, cujos elementos vivem maioritariamente “em barracas e acampamentos sem condições de salubridade”. É, aliás, esta circunstância
que faz com que a comunidade cigana portuguesa seja, na União Europeia, aquela que apresenta mais doenças crónicas.
A comunidade cigana em Portugal tem piores condições de saúde do que a população não cigana, mas recorre menos aos serviços públicos de saúde, muitas vezes porque “não percebe o que lhes é dito nas consultas médicas”. A conclusão está contida num estudo sobre as comunidades ciganas e a saúde, apresentado ontem,
no Porto, segundo o qual este hiato só será superado com recurso à figura do mediador da saúde.
“As experiências desenvolvidas em locais como o hospital D. Estefânia mostram que um mediador da saúde pode ser muito efi caz na resolução deste problema, mas, infelizmente, o estatuto do mediador não está regulamentado em Portugal”, lamenta
Sandra Araújo, coordenadora da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) e uma das autoras do estudo.
“Vamos ser mais assertivos e desenvolver uma pressão mais consistente porque, de outro modo, os poucos mediadores culturais existentes vão continuar a depender da boa vontade das instituições”, acrescentou Sandra Araújo, para quem outra das prioridades à escala nacional é garantir que os profi ssionais de saúde recebam formação sobre diversidade cultural.
Se estas medidas não forem adoptadas, os cerca de 40 mil ciganos que se calcula existirem em Portugal vão continuar a recorrer esporadicamente ao SNS e quase só aos serviços de urgência. “Na saúde materno-infantil, por exemplo, as mulheres ciganas
têm experiências de parto muito cedo, mas raramente recorrem a consultas
específi cas de ginecologia na gravidez, assim como a exames como o papanicolau e a mamografia.”
O diagnóstico resultante dos inquéritos efectuados junto de 367 famílias ciganas portuguesas mostra que doenças como a asma e a bronquite afectam 25 por cento dos ciganos, seguidas do colesterol (15 por cento) e da tensão arterial alta (11 por cento).
A automedicação é prática comum entre 55,8 por cento dos entrevistados, sendo os medicamentos para os resfriados/gripe e para a febre e dores os mais solicitados, a par dos contraceptivos e dos medicamentos para o colesterol e diabetes. Dos inquiridos, 36 por cento nunca foram ao dentista – para a população em geral este valor anda nos 13,7 por cento.
Para Sandra Araújo, este retrato cruza-se em grande parte com a precariedade habitacional que afecta esta comunidade, cujos elementos vivem maioritariamente “em barracas e acampamentos sem condições de salubridade”. É, aliás, esta circunstância
que faz com que a comunidade cigana portuguesa seja, na União Europeia, aquela que apresenta mais doenças crónicas.
Taxa de pobreza poderá rondar os 40 por cento
in Jornal de Notícias
O presidente da Assistência Médica Internacional afirmou hoje, sexta-feira, no Funchal, que a taxa de pobreza poderá rondar os 40 por cento se incluir o número de pessoas com rendimento social de inserção e complemento social para idosos.
"Combater a pobreza é uma causa nacional", disse o médico durante o terceiro congresso nacional dos economistas, que decorre até hoje na capital madeirense, acrescentando que uma análise mais profunda à situação poderá indicar que a taxa da pobreza em Portugal poderá rondar os 40 por cento, se fossem tidos em conta os números dos que usufruem do rendimento social de inserção e do complemento solidário para idosos.
Fernando Nobre argumentou assim existir uma "uma pobreza estrutural no país acima dos 40%", declarando: "Não aceito esta vergonha no nosso país".
A situação da pobreza em Portugal, reforçou, "é uma vergonha" e o seu combate deve constituir "uma causa nacional".
Fernando Nobre rejeitou "as cirurgias plásticas para as mudanças no mundo" e sustentou que Portugal deve "redistribuir melhor a riqueza", para contrariar o facto de muitos jovens estarem a abandonar o país "porque perderam a esperança".
Apelou aos empresários para serem mais "inovadores e empreendedores", defendendo aumentos do salário mínimo nacional.
Para Fernando Nobre, este é "o momento de repensar que mundo queremos".
Sobre os factores que indiciam a conjuntura económica difícil, recusou existir razões para "ceder a paranóias", sublinhando ser necessário que as economias capitalistas sejam "prudentes", usem de bom senso e não embarquem em "cantos da sereia".
O presidente da Assistência Médica Internacional afirmou hoje, sexta-feira, no Funchal, que a taxa de pobreza poderá rondar os 40 por cento se incluir o número de pessoas com rendimento social de inserção e complemento social para idosos.
"Combater a pobreza é uma causa nacional", disse o médico durante o terceiro congresso nacional dos economistas, que decorre até hoje na capital madeirense, acrescentando que uma análise mais profunda à situação poderá indicar que a taxa da pobreza em Portugal poderá rondar os 40 por cento, se fossem tidos em conta os números dos que usufruem do rendimento social de inserção e do complemento solidário para idosos.
Fernando Nobre argumentou assim existir uma "uma pobreza estrutural no país acima dos 40%", declarando: "Não aceito esta vergonha no nosso país".
A situação da pobreza em Portugal, reforçou, "é uma vergonha" e o seu combate deve constituir "uma causa nacional".
Fernando Nobre rejeitou "as cirurgias plásticas para as mudanças no mundo" e sustentou que Portugal deve "redistribuir melhor a riqueza", para contrariar o facto de muitos jovens estarem a abandonar o país "porque perderam a esperança".
Apelou aos empresários para serem mais "inovadores e empreendedores", defendendo aumentos do salário mínimo nacional.
Para Fernando Nobre, este é "o momento de repensar que mundo queremos".
Sobre os factores que indiciam a conjuntura económica difícil, recusou existir razões para "ceder a paranóias", sublinhando ser necessário que as economias capitalistas sejam "prudentes", usem de bom senso e não embarquem em "cantos da sereia".
Cáritas de Viseu divulga Plano de Acção
in Agência Ecclesia
Prioridade é minimizar situações de pobreza e exclusão social
A Cáritas Diocesana de Viseu continua empenhada em ajudar a combater flagelos sociais, procurando respostas e estratégias que minimizem as situações de pobreza e exclusão social.
Assim o afirmam os seus dirigentes, num documento enviado ao Gabinete de Informação da Diocese, realçando o apoio organizado às famílias em dificuldades. Desta forma, a Cáritas promove o desenvolvimento global das populações e a promoção social do indivíduo, reforçando a sua autonomia e estima pessoal.
A sua acção concretiza-se na assistência em situações de emergência. O conhecimento dos problemas sociais no território da Diocese e a mobilização dos meios de solução concretizam-se em articulação com os grupos paroquiais de acção social e outras estruturas locais.
No Bairro Social de Paradinha, através do Centro Comunitário, proporciona atendimento e acompanhamento social, a par da acção sócio-educativa e sócio-cultural, incluindo apoio ao estudo. Este espaço beneficia 90 utentes, crianças, jovens, adultos e famílias.
Através do Gabinete Técnico de Apoio às IPSS, a Cáritas presta serviços na área da Contabilidade, Salários, Segurança Social, Legislação Laboral, Incentivos ao Emprego, Programas Comunitários e Consultadoria Financeira.
Um Gabinete de Atendimento Permanente garante atendimento social, tendo como objectivo informar, encaminhar e dar respostas às situações/problemas emergentes, nomeadamente na promoção de iniciativas que visem a integração de famílias marginalizadas.
O Projecto Com Vida é um projecto de intervenção sócio-comunitária, abrangendo famílias mais desfavorecidas, em áreas como a educação, habitação, formação, tempos livres e oficinas sócio-culturais, abrangendo nove freguesias do concelho de Viseu, desde Boa Aldeia e Couto de Baixo a Faíl, Farminhão e Ranhados, além de S. João de Lourosa, São Salvador, Torredeita e Vila Chã de Sá.
Através do CATL, a Cáritas intervém junto de 85 crianças, dos 6 aos 12 anos, no apoio ao estudo, ocupação de tempos livres e outras acções sócio-culturais e educativas. A Creche apoia o desenvolvimento sócio-afectivo de 25 bebés.
A Cáritas Diocesana tem também o Centro Local de Apoio ao Imigrante, proporcionando-lhes informação e ajuda no encaminhamento, integração, legalização, reagrupamento familiar, educação, emprego e saúde.
Uma equipa multidisciplinar intervém na atribuição do Rendimento Social de Inserção, acompanhando 150 famílias das freguesias de Vila Chã de Sá, Faíl, Repeses e S. João de Lourosa.
Para além destas actividades de intervenção permanente, a Cáritas Diocesana ocupa-se também no transporte, armazenamento e distribuição de milhares de quilos de alimentos, para apoio a famílias carenciadas previamente sinalizadas pela Segurança Social.
Campanhas pontuais, visando a sensibilização da população para os Direitos Humanos, especialmente os Direitos da Criança, e para a importância da Paz e do combate ao desemprego, bem como a preservação do ambiente, serão feitas ao longo do ano.
Ganha especial relevância, no âmbito destas acções, o fórum de reflexão, em Abril, sobre "Novas Pobrezas, Novos Desafios".
Prioridade é minimizar situações de pobreza e exclusão social
A Cáritas Diocesana de Viseu continua empenhada em ajudar a combater flagelos sociais, procurando respostas e estratégias que minimizem as situações de pobreza e exclusão social.
Assim o afirmam os seus dirigentes, num documento enviado ao Gabinete de Informação da Diocese, realçando o apoio organizado às famílias em dificuldades. Desta forma, a Cáritas promove o desenvolvimento global das populações e a promoção social do indivíduo, reforçando a sua autonomia e estima pessoal.
A sua acção concretiza-se na assistência em situações de emergência. O conhecimento dos problemas sociais no território da Diocese e a mobilização dos meios de solução concretizam-se em articulação com os grupos paroquiais de acção social e outras estruturas locais.
No Bairro Social de Paradinha, através do Centro Comunitário, proporciona atendimento e acompanhamento social, a par da acção sócio-educativa e sócio-cultural, incluindo apoio ao estudo. Este espaço beneficia 90 utentes, crianças, jovens, adultos e famílias.
Através do Gabinete Técnico de Apoio às IPSS, a Cáritas presta serviços na área da Contabilidade, Salários, Segurança Social, Legislação Laboral, Incentivos ao Emprego, Programas Comunitários e Consultadoria Financeira.
Um Gabinete de Atendimento Permanente garante atendimento social, tendo como objectivo informar, encaminhar e dar respostas às situações/problemas emergentes, nomeadamente na promoção de iniciativas que visem a integração de famílias marginalizadas.
O Projecto Com Vida é um projecto de intervenção sócio-comunitária, abrangendo famílias mais desfavorecidas, em áreas como a educação, habitação, formação, tempos livres e oficinas sócio-culturais, abrangendo nove freguesias do concelho de Viseu, desde Boa Aldeia e Couto de Baixo a Faíl, Farminhão e Ranhados, além de S. João de Lourosa, São Salvador, Torredeita e Vila Chã de Sá.
Através do CATL, a Cáritas intervém junto de 85 crianças, dos 6 aos 12 anos, no apoio ao estudo, ocupação de tempos livres e outras acções sócio-culturais e educativas. A Creche apoia o desenvolvimento sócio-afectivo de 25 bebés.
A Cáritas Diocesana tem também o Centro Local de Apoio ao Imigrante, proporcionando-lhes informação e ajuda no encaminhamento, integração, legalização, reagrupamento familiar, educação, emprego e saúde.
Uma equipa multidisciplinar intervém na atribuição do Rendimento Social de Inserção, acompanhando 150 famílias das freguesias de Vila Chã de Sá, Faíl, Repeses e S. João de Lourosa.
Para além destas actividades de intervenção permanente, a Cáritas Diocesana ocupa-se também no transporte, armazenamento e distribuição de milhares de quilos de alimentos, para apoio a famílias carenciadas previamente sinalizadas pela Segurança Social.
Campanhas pontuais, visando a sensibilização da população para os Direitos Humanos, especialmente os Direitos da Criança, e para a importância da Paz e do combate ao desemprego, bem como a preservação do ambiente, serão feitas ao longo do ano.
Ganha especial relevância, no âmbito destas acções, o fórum de reflexão, em Abril, sobre "Novas Pobrezas, Novos Desafios".
CIP pede contenção nos aumentos salariais
in Jornal Público
O presidente da CIP, Francisco van Zeller, defendeu ontem "muita contenção" no aumento dos salários em 2010 e alertou para o facto de existirem "muitos milhares" de empresas que dependem de salários baixos e que, se fecharem, farão aumentar o desemprego.
"A CIP diz que tem de haver muita contenção no aumento dos salários em 2010, pois este ano foi muito complicado, atípico, houve uma baixa da inflação muito grande ou mesmo a eliminação da inflação. Portanto, o argumento normalmente utilizado da subida de salários desaparece num ambiente muito difícil para as empresas que continuam a desaparecer", disse o líder da Confederação da Indústria Portuguesa, em Lisboa.
"Temos que ver que existem muitos milhares de empresas que dependem de salários baixos, aquelas que exportam. Cerca de um quarto das exportações depende de salários baixos e nada disso [alteração do modelo salarial] se pode fazer muito rapidamente, leva tempo", afirmou.
Segundo Van Zeller, "neste momento, um aumento de salários desproporcionado iria fragilizar essas empresas. Se todos estivermos conscientes de que isso acontecerá e que as empresas são para fechar, então é uma política" que é assumida.
"Então, vamos fechar algumas empresas aumentando muito os salários. A consequência são muito milhares de empresas a fechar e o desemprego, eventualmente, a subir para 15 por cento a 16 por cento, mas isto é uma atitude assumida", sublinhou. Lusa
O presidente da CIP, Francisco van Zeller, defendeu ontem "muita contenção" no aumento dos salários em 2010 e alertou para o facto de existirem "muitos milhares" de empresas que dependem de salários baixos e que, se fecharem, farão aumentar o desemprego.
"A CIP diz que tem de haver muita contenção no aumento dos salários em 2010, pois este ano foi muito complicado, atípico, houve uma baixa da inflação muito grande ou mesmo a eliminação da inflação. Portanto, o argumento normalmente utilizado da subida de salários desaparece num ambiente muito difícil para as empresas que continuam a desaparecer", disse o líder da Confederação da Indústria Portuguesa, em Lisboa.
"Temos que ver que existem muitos milhares de empresas que dependem de salários baixos, aquelas que exportam. Cerca de um quarto das exportações depende de salários baixos e nada disso [alteração do modelo salarial] se pode fazer muito rapidamente, leva tempo", afirmou.
Segundo Van Zeller, "neste momento, um aumento de salários desproporcionado iria fragilizar essas empresas. Se todos estivermos conscientes de que isso acontecerá e que as empresas são para fechar, então é uma política" que é assumida.
"Então, vamos fechar algumas empresas aumentando muito os salários. A consequência são muito milhares de empresas a fechar e o desemprego, eventualmente, a subir para 15 por cento a 16 por cento, mas isto é uma atitude assumida", sublinhou. Lusa
Rede Anti-pobreza reclama mediadores para ciganos
Por Natália Faria, in Jornal Público
A comunidade cigana em Portugal tem piores condições de saúde do que a população não cigana, mas recorre menos aos serviços públicos de saúde, muitas vezes porque "não percebe o que lhes é dito nas consultas médicas". A conclusão está contida num estudo sobre as comunidades ciganas e a saúde, apresentado ontem, no Porto, segundo o qual este hiato só será superado com recurso à figura do mediador da saúde.
"As experiências desenvolvidas em locais como o hospital D. Estefânia mostram que um mediador da saúde pode ser muito eficaz na resolução deste problema, mas, infelizmente, o estatuto do mediador não está regulamentado em Portugal", lamenta Sandra Araújo, coordenadora da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) e uma das autoras do estudo.
"Vamos ser mais assertivos e desenvolver uma pressão mais consistente porque, de outro modo, os poucos mediadores culturais existentes vão continuar a depender da boa vontade das instituições", acrescentou Sandra Araújo, para quem outra das prioridades à escala nacional é garantir que os profissionais de saúde recebam formação sobre diversidade cultural.
Se estas medidas não forem adoptadas, os cerca de 40 mil ciganos que se calcula existirem em Portugal vão continuar a recorrer esporadicamente ao SNS e quase só aos serviços de urgência. "Na saúde materno-infantil, por exemplo, as mulheres ciganas têm experiências de parto muito cedo, mas raramente recorrem a consultas específicas de ginecologia na gravidez, assim como a exames como o papanicolau e a mamografia."
O diagnóstico resultante dos inquéritos efectuados junto de 367 famílias ciganas portuguesas mostra que doenças como a asma e a bronquite afectam 25 por cento dos ciganos, seguidas do colesterol (15 por cento) e da tensão arterial alta (11 por cento). A automedicação é prática comum entre 55,8 por cento dos entrevistados, sendo os medicamentos para os resfriados/gripe e para a febre e dores os mais solicitados, a par dos contraceptivos e dos medicamentos para o colesterol e diabetes. Dos inquiridos, 36 por cento nunca foram ao dentista - para a população em geral este valor anda nos 13,7 por cento.
Para Sandra Araújo, este retrato cruza-se em grande parte com a precariedade habitacional que afecta esta comunidade, cujos elementos vivem maioritariamente "em barracas e acampamentos sem condições de salubridade". É, aliás, esta circunstância que faz com que a comunidade cigana portuguesa seja, na União Europeia, aquela que apresenta mais doenças crónicas.
A comunidade cigana em Portugal tem piores condições de saúde do que a população não cigana, mas recorre menos aos serviços públicos de saúde, muitas vezes porque "não percebe o que lhes é dito nas consultas médicas". A conclusão está contida num estudo sobre as comunidades ciganas e a saúde, apresentado ontem, no Porto, segundo o qual este hiato só será superado com recurso à figura do mediador da saúde.
"As experiências desenvolvidas em locais como o hospital D. Estefânia mostram que um mediador da saúde pode ser muito eficaz na resolução deste problema, mas, infelizmente, o estatuto do mediador não está regulamentado em Portugal", lamenta Sandra Araújo, coordenadora da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN) e uma das autoras do estudo.
"Vamos ser mais assertivos e desenvolver uma pressão mais consistente porque, de outro modo, os poucos mediadores culturais existentes vão continuar a depender da boa vontade das instituições", acrescentou Sandra Araújo, para quem outra das prioridades à escala nacional é garantir que os profissionais de saúde recebam formação sobre diversidade cultural.
Se estas medidas não forem adoptadas, os cerca de 40 mil ciganos que se calcula existirem em Portugal vão continuar a recorrer esporadicamente ao SNS e quase só aos serviços de urgência. "Na saúde materno-infantil, por exemplo, as mulheres ciganas têm experiências de parto muito cedo, mas raramente recorrem a consultas específicas de ginecologia na gravidez, assim como a exames como o papanicolau e a mamografia."
O diagnóstico resultante dos inquéritos efectuados junto de 367 famílias ciganas portuguesas mostra que doenças como a asma e a bronquite afectam 25 por cento dos ciganos, seguidas do colesterol (15 por cento) e da tensão arterial alta (11 por cento). A automedicação é prática comum entre 55,8 por cento dos entrevistados, sendo os medicamentos para os resfriados/gripe e para a febre e dores os mais solicitados, a par dos contraceptivos e dos medicamentos para o colesterol e diabetes. Dos inquiridos, 36 por cento nunca foram ao dentista - para a população em geral este valor anda nos 13,7 por cento.
Para Sandra Araújo, este retrato cruza-se em grande parte com a precariedade habitacional que afecta esta comunidade, cujos elementos vivem maioritariamente "em barracas e acampamentos sem condições de salubridade". É, aliás, esta circunstância que faz com que a comunidade cigana portuguesa seja, na União Europeia, aquela que apresenta mais doenças crónicas.
Autarquia oferece tratamento dentário à população necessitada
Por Idálio Revez, in Jornal Público
Apenas pobres comprovados não pagam. Dos mil utentes já referenciados, só metade vai ter direito a medicina dentária gratuita no concelho
Preço reduzido para metade nas seis clínicas que aderiram
Pela segunda vez na vida, Custódio Ferreira, 39 anos, sentou-se ontem na cadeira do dentista. A boca, ao sorrir, mostra uma cratera. Não foi o receio das brocas que o afastou dos tratamentos, mas a falta de dinheiro. "Arrancaram quatro ou cinco dentes, não sei bem, mas não me doeu nada", desabafou à saída da clínica. Montou-se numa pedaleira e seguiu caminho em direcção ao mar, à procura de conquilha.
As seis clínicas do concelho de Vila Real de Santo António aceitaram o protocolo lançado pelo município para "democratizar" o acesso à medicina dentária. A iniciativa segue-se ao envio para Cuba de doentes para serem operados às cataratas, alegando que se encontravam à beira da cegueira e o Serviço Nacional de Saúde não tinha resposta.
Custódio Ferreira só há dois anos contactou com o dentista. Um dente cariado foi posto de raiz ao sol. Agora, aproveitou a ajuda municipal para "limpar" os outros que não lhe permitem comer pão com côdea. O pescador pretende apresentar-se de sorriso aberto quando nascer a segunda filha. "Está para breve", anuncia.
Prioridade à saúde
O presidente do município, Luís Gomes, tenciona, à semelhança do que aconteceu com as cataratas, pressionar para o reconhecimento da importância do acesso à medicina dentária: "Mais do que fazer rotundas e outro tipo de obras, vamos dar prioridade a tratar das pessoas."
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, deslocou-se ao Algarve, para sublinhar o "exemplo" da autarquia, na expectativa de que outras câmaras adiram ao projecto, complementando o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral - o chamado cheque-dentista, lançado este ano pelo Governo, mas que só cobre uma faixa muito reduzida da população.
Segundo a autarquia, até final do ano, está disponível uma verba de 300 mil euros para tratar os dentes aos munícipes, mas está previsto que o programa se prolongue nos próximos anos. Porém, o autarca avisou que "o orçamento não é inesgotável". Só têm direito a tratamento gratuito as pessoas de menores recursos - aquelas em que, no agregado familiar, o rendimento seja inferior a metade do ordenado mínimo nacional.
Nos outros casos, a comparticipação varia entre os 50 e os 75 por cento, depois de uma avaliação às condições económicas, efectuada pelos serviços sociais. No primeiro mês surgiram cerca de mil pedidos, mas só metade é que irá ter direito a tratamento gratuito. É o caso de Custódio Ferreira, pescador que vive com os pais, reformados.
Luís Fonseca, 18 anos, estudante, sem dois dentes incisivos, também foi seleccionado para a primeira consulta municipal. "Espero sair daqui com um sorriso mais bonito", confidenciou, na cadeira do dentista.
"As pessoas têm vergonha de sorrir", diz o autarca, adiantando que contratou um médico dentista para fazer o rastreio à higiene da saúde oral dos necessitados. Em relação aos preços na medicina dentária conta que baixem, à semelhança do que sucedeu nas operações às cataratas, que passaram de dois mil para 700 euros por intervenção.
Apenas pobres comprovados não pagam. Dos mil utentes já referenciados, só metade vai ter direito a medicina dentária gratuita no concelho
Preço reduzido para metade nas seis clínicas que aderiram
Pela segunda vez na vida, Custódio Ferreira, 39 anos, sentou-se ontem na cadeira do dentista. A boca, ao sorrir, mostra uma cratera. Não foi o receio das brocas que o afastou dos tratamentos, mas a falta de dinheiro. "Arrancaram quatro ou cinco dentes, não sei bem, mas não me doeu nada", desabafou à saída da clínica. Montou-se numa pedaleira e seguiu caminho em direcção ao mar, à procura de conquilha.
As seis clínicas do concelho de Vila Real de Santo António aceitaram o protocolo lançado pelo município para "democratizar" o acesso à medicina dentária. A iniciativa segue-se ao envio para Cuba de doentes para serem operados às cataratas, alegando que se encontravam à beira da cegueira e o Serviço Nacional de Saúde não tinha resposta.
Custódio Ferreira só há dois anos contactou com o dentista. Um dente cariado foi posto de raiz ao sol. Agora, aproveitou a ajuda municipal para "limpar" os outros que não lhe permitem comer pão com côdea. O pescador pretende apresentar-se de sorriso aberto quando nascer a segunda filha. "Está para breve", anuncia.
Prioridade à saúde
O presidente do município, Luís Gomes, tenciona, à semelhança do que aconteceu com as cataratas, pressionar para o reconhecimento da importância do acesso à medicina dentária: "Mais do que fazer rotundas e outro tipo de obras, vamos dar prioridade a tratar das pessoas."
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, deslocou-se ao Algarve, para sublinhar o "exemplo" da autarquia, na expectativa de que outras câmaras adiram ao projecto, complementando o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral - o chamado cheque-dentista, lançado este ano pelo Governo, mas que só cobre uma faixa muito reduzida da população.
Segundo a autarquia, até final do ano, está disponível uma verba de 300 mil euros para tratar os dentes aos munícipes, mas está previsto que o programa se prolongue nos próximos anos. Porém, o autarca avisou que "o orçamento não é inesgotável". Só têm direito a tratamento gratuito as pessoas de menores recursos - aquelas em que, no agregado familiar, o rendimento seja inferior a metade do ordenado mínimo nacional.
Nos outros casos, a comparticipação varia entre os 50 e os 75 por cento, depois de uma avaliação às condições económicas, efectuada pelos serviços sociais. No primeiro mês surgiram cerca de mil pedidos, mas só metade é que irá ter direito a tratamento gratuito. É o caso de Custódio Ferreira, pescador que vive com os pais, reformados.
Luís Fonseca, 18 anos, estudante, sem dois dentes incisivos, também foi seleccionado para a primeira consulta municipal. "Espero sair daqui com um sorriso mais bonito", confidenciou, na cadeira do dentista.
"As pessoas têm vergonha de sorrir", diz o autarca, adiantando que contratou um médico dentista para fazer o rastreio à higiene da saúde oral dos necessitados. Em relação aos preços na medicina dentária conta que baixem, à semelhança do que sucedeu nas operações às cataratas, que passaram de dois mil para 700 euros por intervenção.
Famílias recuperam parte da riqueza perdida na crise
Por Sérgio Aníbal, in Jornal Público
A riqueza dos portugueses, depois de ter sofrido uma quebra provocada pela crise financeira, voltou, durante o segundo trimestre deste a ano, a registar uma recuperação.
Os dados das contas financeiras dos portugueses ontem actualizados pelo Banco de Portugal indicam que os activos financeiros líquidos detidos pelos particulares ascendiam, no final do passado mês de Junho, a 208,4 mil milhões de euros, o que representa uma subida face aos 203,5 mil milhões que se tinham registado em Março. Interrompe-se, assim, a sequência de descidas deste indicador que se prolongava já por cinco trimestres, ou seja, desde os primeiros meses de 2008, quando a crise financeira internacional estava a ganhar intensidade.
Os activos líquidos financeiros correspondem ao total dos activos financeiros detidos por uma pessoa, tal como o dinheiro em numerário, os depósitos bancários, os seguros de vida ou as acções, menos os passivos acumulados, nos quais se destacam claramente os empréstimos pedidos à banca. Não estão incluídos neste indicador os activos não financeiros, como as casas ou automóveis.
A recuperação da riqueza financeira líquida das famílias portuguesas acontece principalmente devido à evolução mais recente dos mercados. Nos três meses até Junho, as bolsas começaram a recuperar e os títulos accionistas detidos pelos particulares, que de Dezembro de 2007 até Março de 2009 tinham diminuído mais de 20 mil milhões de euros, voltaram a aumentar, passando de 111,4 para 113,5 mil milhões de euros. Durante o período de queda das bolsas, a riqueza investida em acções tinha diminuído, não só por causa da desvalorização dos títulos, mas também porque muitas pessoas decidiram transferir o dinheiro para depósitos. Agora, a ligeira recuperação deverá estar relacionada com a retoma das bolsas, que tinham atingido em Março o seu valor mínimo. Do lado dos passivos, as dívidas acumuladas à banca continuam a crescer de forma mais moderada.
Um recuperação da riqueza financeira das famílias portuguesas pode ser uma ajuda importante para concretizar a retoma da economia. Em condições normais, este facto pode criar condições para que suba a confiança dos particulares e, como consequência, se registe uma melhor evolução do consumo.
Ainda assim, é preciso notar, apesar da subida verificada durante o trimestre, quando se faz a comparação com o mesmo período do ano passado, continua a verificar-se uma variação negativa dos activos financeiros líquidos. Em Junho, a descida foi de um por cento, quando em Março era de 4,1 por cento.
Lucros das empresas caem
Do lado das empresas, as más notícias parecem estar a querer ser mais persistentes. Para além dos seus activos líquidos financeiros terem passado de um valor negativo de 270 mil milhões de euros para 276 mil milhões, os resultados conseguidos pelas empresas continuam a ser bastante piores do que os registados em igual período do ano passado.
De acordo com a central de balanços do Banco de Portugal - que agrega dados de empresas que correspondem a 39,5 por cento das vendas e prestações de serviços realizadas em Portugal -, durante o terceiro trimestre os resultados operacionais das empresas caíram 33,6 por cento face a igual período do ano anterior. Prolongou-se, assim, a tendência de descida deste indicador, que se regista já desde o terceiro trimestre de 2007.
Apesar de os custos com o pessoal terem voltado a abrandar, devido à redução do número de pessoas empregadas e ao abrandamento dos salários, as vendas analisadas caíram 14,9 por cento, face ao ano passado.
A riqueza dos portugueses, depois de ter sofrido uma quebra provocada pela crise financeira, voltou, durante o segundo trimestre deste a ano, a registar uma recuperação.
Os dados das contas financeiras dos portugueses ontem actualizados pelo Banco de Portugal indicam que os activos financeiros líquidos detidos pelos particulares ascendiam, no final do passado mês de Junho, a 208,4 mil milhões de euros, o que representa uma subida face aos 203,5 mil milhões que se tinham registado em Março. Interrompe-se, assim, a sequência de descidas deste indicador que se prolongava já por cinco trimestres, ou seja, desde os primeiros meses de 2008, quando a crise financeira internacional estava a ganhar intensidade.
Os activos líquidos financeiros correspondem ao total dos activos financeiros detidos por uma pessoa, tal como o dinheiro em numerário, os depósitos bancários, os seguros de vida ou as acções, menos os passivos acumulados, nos quais se destacam claramente os empréstimos pedidos à banca. Não estão incluídos neste indicador os activos não financeiros, como as casas ou automóveis.
A recuperação da riqueza financeira líquida das famílias portuguesas acontece principalmente devido à evolução mais recente dos mercados. Nos três meses até Junho, as bolsas começaram a recuperar e os títulos accionistas detidos pelos particulares, que de Dezembro de 2007 até Março de 2009 tinham diminuído mais de 20 mil milhões de euros, voltaram a aumentar, passando de 111,4 para 113,5 mil milhões de euros. Durante o período de queda das bolsas, a riqueza investida em acções tinha diminuído, não só por causa da desvalorização dos títulos, mas também porque muitas pessoas decidiram transferir o dinheiro para depósitos. Agora, a ligeira recuperação deverá estar relacionada com a retoma das bolsas, que tinham atingido em Março o seu valor mínimo. Do lado dos passivos, as dívidas acumuladas à banca continuam a crescer de forma mais moderada.
Um recuperação da riqueza financeira das famílias portuguesas pode ser uma ajuda importante para concretizar a retoma da economia. Em condições normais, este facto pode criar condições para que suba a confiança dos particulares e, como consequência, se registe uma melhor evolução do consumo.
Ainda assim, é preciso notar, apesar da subida verificada durante o trimestre, quando se faz a comparação com o mesmo período do ano passado, continua a verificar-se uma variação negativa dos activos financeiros líquidos. Em Junho, a descida foi de um por cento, quando em Março era de 4,1 por cento.
Lucros das empresas caem
Do lado das empresas, as más notícias parecem estar a querer ser mais persistentes. Para além dos seus activos líquidos financeiros terem passado de um valor negativo de 270 mil milhões de euros para 276 mil milhões, os resultados conseguidos pelas empresas continuam a ser bastante piores do que os registados em igual período do ano passado.
De acordo com a central de balanços do Banco de Portugal - que agrega dados de empresas que correspondem a 39,5 por cento das vendas e prestações de serviços realizadas em Portugal -, durante o terceiro trimestre os resultados operacionais das empresas caíram 33,6 por cento face a igual período do ano anterior. Prolongou-se, assim, a tendência de descida deste indicador, que se regista já desde o terceiro trimestre de 2007.
Apesar de os custos com o pessoal terem voltado a abrandar, devido à redução do número de pessoas empregadas e ao abrandamento dos salários, as vendas analisadas caíram 14,9 por cento, face ao ano passado.
Duas gerações vivem de forma diferente com a sida
por Elisabete Silva, in Diário de Notícias
Com 62 anos e há 25 infectado, José Manuel Osório não esconde a doença, mas admitiu que ainda há "desconfiança" na sociedade. João, de 27, prefere manter segredo da família e no trabalho. A notícia devastou-o, mas os amigos apoiaram-no
Duas gerações, dois mundos diferentes, duas formas de estar, uma doença em comum: a sida. José Manuel Osório foi infectado há 25 anos por "uma doença esquisita". Tem agora 62 e não hesita em dizer que reagiu "muito bem" quando descobriu que estava infectado. João (nome fictício), tem 27 anos e há quatro foi confrontado com a notícia que o devastou.
Hoje enfrentam a vida com outros olhos, como contaram ao DN. A sida assim os obrigou. Mas ambos demonstram um espírito positivo que não lhes afecta a vida social e profissional. Só sexualmente admitem ter existido uma mudança de atitude, tendo sido precisamente por uma relação desprotegida que ambos foram infectados. Enquanto José Manuel Osório "cortou" essa parte da sua vida, João confessou já ter tido um relacionamento. "Agora não estou em nenhuma relação. Parte de mim sente essa dificuldade. Não consigo estar com alguém sem lhe explicar e são poucas as pessoas dispostas a aceitar uma situação como esta", salientou.
José Manuel Osório não esconde a sua doença de ninguém. A sua escolha permitiu-lhe perceber que tinha "mais amigos do que pensava". No entanto, sofreu também de discriminação: "no início tive problemas com algumas pessoas com quem trabalhava. Colocaram-me de parte. Continuo a ser produtor de espectáculos, mas deixei foi de trabalhar com certas pessoas."
João preferiu esconder a doença. É funcionário numa empresa de área comercial e revela que "era difícil" concentrar-se depois de ter recebido o diagnóstico. O segredo estende-se à família. "Só a minha irmã sabe. Preferi não dizer aos meus pais. Há várias implicações, uma das quais é a minha mãe ter problemas cardíacos", referiu. Acontece o oposto com José Manuel Osório: "a minha família, tal como eu, reagiu muito bem. Não fizeram comentários e fui sempre muito apoiado."
As amizades revelaram ser determinantes em ambas as situações. "Eu soube da doença através de uma 'bateria' de exames que fiz. Foi devastador a todos os níveis. Passei pela incredulidade, negação, mas com a ajuda dos amigos comecei a seguir em frente e a informar-me sobre a doença. Tenho um bom grupo de amigos e não sinto problemas de discriminação", afirmou João.
Já José Manuel Osório soube que estava doente depois de se ter sendo mal. "Uns amigos mais informados disseram-me para ir ao médico que andavam por aí umas doenças esquisitas. Os amigos foram um dos aspectos positivos de saber que tinha sida. Cheguei à conclusão que tinha mais do que pensava."
Com um quarto de século a conviver com uma das doenças mais mortais este produtor de espectáculos confessa que, apesar de ter reagido bem ao facto de ser portador da doença, muito se alterou na sua forma de ver a vida. "É tanta coisa que nem sei por onde começar. Por exemplo, mudei o meu comportamento em relação às pessoas, comecei a dar mais atenção a tudo o que me rodeia... fiquei com outro entendimento de vida", admitiu.
A convivência da sociedade com a sida continua a não ser pacífica, mesmo que a informação já esteja bastante generalizada. "Há algo pela negativa que destaco, como é o caso do comportamento de alguns profissionais de saúde. Parece que ainda não assimilaram a informação. É notória a mudança de atitude quando têm de tratar doentes com sida. O que é preciso mudar? Falta trabalho de base para que se encare de outra maneira a doença", defende João. Porém, deixa o elogio ao trabalho de algumas instituições de apoio a pessoas infectadas, como a Liga Portuguesa Contra a sida, que cumpre amanhã 19 anos (ver caixa).
No que diz respeito à evolução de mentalidades a que assistiu em 25 anos, José Manuel Osório não hesita em destacar "a descoberta de novos tratamentos", mas lamenta que "ainda exista muita desconfiança" na sociedade.
Com segredos ou falando abertamente da doença, ambos garantem que vivem o dia a dia como qualquer outra pessoa. Houve mudanças, como confessam, mas nada que os tenha impedido de seguirem os seus caminhos.
"Com os tratamentos que faço levo uma vida minimamente normal. Dizem-me que desta forma a minha expectativa de vida é igual a qualquer outra pessoa", concluiu João.
Com 62 anos e há 25 infectado, José Manuel Osório não esconde a doença, mas admitiu que ainda há "desconfiança" na sociedade. João, de 27, prefere manter segredo da família e no trabalho. A notícia devastou-o, mas os amigos apoiaram-no
Duas gerações, dois mundos diferentes, duas formas de estar, uma doença em comum: a sida. José Manuel Osório foi infectado há 25 anos por "uma doença esquisita". Tem agora 62 e não hesita em dizer que reagiu "muito bem" quando descobriu que estava infectado. João (nome fictício), tem 27 anos e há quatro foi confrontado com a notícia que o devastou.
Hoje enfrentam a vida com outros olhos, como contaram ao DN. A sida assim os obrigou. Mas ambos demonstram um espírito positivo que não lhes afecta a vida social e profissional. Só sexualmente admitem ter existido uma mudança de atitude, tendo sido precisamente por uma relação desprotegida que ambos foram infectados. Enquanto José Manuel Osório "cortou" essa parte da sua vida, João confessou já ter tido um relacionamento. "Agora não estou em nenhuma relação. Parte de mim sente essa dificuldade. Não consigo estar com alguém sem lhe explicar e são poucas as pessoas dispostas a aceitar uma situação como esta", salientou.
José Manuel Osório não esconde a sua doença de ninguém. A sua escolha permitiu-lhe perceber que tinha "mais amigos do que pensava". No entanto, sofreu também de discriminação: "no início tive problemas com algumas pessoas com quem trabalhava. Colocaram-me de parte. Continuo a ser produtor de espectáculos, mas deixei foi de trabalhar com certas pessoas."
João preferiu esconder a doença. É funcionário numa empresa de área comercial e revela que "era difícil" concentrar-se depois de ter recebido o diagnóstico. O segredo estende-se à família. "Só a minha irmã sabe. Preferi não dizer aos meus pais. Há várias implicações, uma das quais é a minha mãe ter problemas cardíacos", referiu. Acontece o oposto com José Manuel Osório: "a minha família, tal como eu, reagiu muito bem. Não fizeram comentários e fui sempre muito apoiado."
As amizades revelaram ser determinantes em ambas as situações. "Eu soube da doença através de uma 'bateria' de exames que fiz. Foi devastador a todos os níveis. Passei pela incredulidade, negação, mas com a ajuda dos amigos comecei a seguir em frente e a informar-me sobre a doença. Tenho um bom grupo de amigos e não sinto problemas de discriminação", afirmou João.
Já José Manuel Osório soube que estava doente depois de se ter sendo mal. "Uns amigos mais informados disseram-me para ir ao médico que andavam por aí umas doenças esquisitas. Os amigos foram um dos aspectos positivos de saber que tinha sida. Cheguei à conclusão que tinha mais do que pensava."
Com um quarto de século a conviver com uma das doenças mais mortais este produtor de espectáculos confessa que, apesar de ter reagido bem ao facto de ser portador da doença, muito se alterou na sua forma de ver a vida. "É tanta coisa que nem sei por onde começar. Por exemplo, mudei o meu comportamento em relação às pessoas, comecei a dar mais atenção a tudo o que me rodeia... fiquei com outro entendimento de vida", admitiu.
A convivência da sociedade com a sida continua a não ser pacífica, mesmo que a informação já esteja bastante generalizada. "Há algo pela negativa que destaco, como é o caso do comportamento de alguns profissionais de saúde. Parece que ainda não assimilaram a informação. É notória a mudança de atitude quando têm de tratar doentes com sida. O que é preciso mudar? Falta trabalho de base para que se encare de outra maneira a doença", defende João. Porém, deixa o elogio ao trabalho de algumas instituições de apoio a pessoas infectadas, como a Liga Portuguesa Contra a sida, que cumpre amanhã 19 anos (ver caixa).
No que diz respeito à evolução de mentalidades a que assistiu em 25 anos, José Manuel Osório não hesita em destacar "a descoberta de novos tratamentos", mas lamenta que "ainda exista muita desconfiança" na sociedade.
Com segredos ou falando abertamente da doença, ambos garantem que vivem o dia a dia como qualquer outra pessoa. Houve mudanças, como confessam, mas nada que os tenha impedido de seguirem os seus caminhos.
"Com os tratamentos que faço levo uma vida minimamente normal. Dizem-me que desta forma a minha expectativa de vida é igual a qualquer outra pessoa", concluiu João.
Crédito malparado continua a subir nas empresas e famílias
in Jornal de Notícias
Nas empresas, o malparado quase duplicou em Agosto, em comparação como ano passado. Nas famílias, o malparado aumentou para 2,77 por cento, segundo o Banco de Portugal.
Segundo o Boletim Estatístico de Outubro, as instituições de crédito concederam às famílias em Agosto 135.047 milhões de euros em empréstimos, mais 1,1 por cento do que o registado em Agosto de 2008, e um valor superior em 433 milhões de euros ao verificado em Julho.
O crédito malparado voltou a subir para o seu valor mais alto, dos registos disponibilizados pelo banco central, atingindo em Agosto os 3.751 milhões de euros, o que representa 2,77 por cento do total de créditos concedidos.
O crédito à habitação continua a ser o segmento onde as famílias têm mais dificuldade em cumprir, contribuindo com 49 por cento do total do malparado.
O incumprimento nos empréstimos para a compra de casa situou-se nos 1.839 milhões de euros em Agosto, 1,7 por cento dos 107.250 milhões de euros emprestados para este fim.
No consumo, o incumprimento representou 28,1 por cento do total do malparado em Agosto e 6,85 por cento do crédito concedido para este fim.
Em Agosto o valor concedido subiu para os 15.427 milhões de euros, mais 2,26 por cento do valor registado em período homólogo de 2008.
Malparado nas empresas quase duplicou
O peso do malparado no total do crédito às empresas foi de 3,96 por cento, com o valor apurado para o incumprimento a cifrar-se nos 4.659 milhões de euros.
O valor do incumprimento apurado em Agosto é 48,2 por cento superior aos 2.403 milhões de euros que se verificam em Agosto de 2008.
O crédito considerado de cobrança duvidosa pelas instituições está agora no seu mais alto valor, de acordo com os dados disponibilizados pelo regulador.
A construção e o imobiliário são responsáveis por mais de metade do crédito malparado das empresas.
A construção representa 28,8 por cento do total do malparado (1.342 milhões de euros) e o imobiliário tem um peso de 27,2 por cento no total da cobrança duvidosa (1.270 milhões de euros) do crédito concedido às empresas.
O peso do malparado no total do crédito concedido às empresas era de 2,19 por cento em Agosto de 2008.
O crescimento no crédito concedido às empresas, face a Agosto de 2008, não se verifica no entanto quando a comparação é realizada com o mês anterior, ou seja Julho deste ano.
O crédito em Julho foi superior em 0,1 por cento, mais 123 milhões de euros, face ao valor concedido em Agosto.
Nas empresas, o malparado quase duplicou em Agosto, em comparação como ano passado. Nas famílias, o malparado aumentou para 2,77 por cento, segundo o Banco de Portugal.
Segundo o Boletim Estatístico de Outubro, as instituições de crédito concederam às famílias em Agosto 135.047 milhões de euros em empréstimos, mais 1,1 por cento do que o registado em Agosto de 2008, e um valor superior em 433 milhões de euros ao verificado em Julho.
O crédito malparado voltou a subir para o seu valor mais alto, dos registos disponibilizados pelo banco central, atingindo em Agosto os 3.751 milhões de euros, o que representa 2,77 por cento do total de créditos concedidos.
O crédito à habitação continua a ser o segmento onde as famílias têm mais dificuldade em cumprir, contribuindo com 49 por cento do total do malparado.
O incumprimento nos empréstimos para a compra de casa situou-se nos 1.839 milhões de euros em Agosto, 1,7 por cento dos 107.250 milhões de euros emprestados para este fim.
No consumo, o incumprimento representou 28,1 por cento do total do malparado em Agosto e 6,85 por cento do crédito concedido para este fim.
Em Agosto o valor concedido subiu para os 15.427 milhões de euros, mais 2,26 por cento do valor registado em período homólogo de 2008.
Malparado nas empresas quase duplicou
O peso do malparado no total do crédito às empresas foi de 3,96 por cento, com o valor apurado para o incumprimento a cifrar-se nos 4.659 milhões de euros.
O valor do incumprimento apurado em Agosto é 48,2 por cento superior aos 2.403 milhões de euros que se verificam em Agosto de 2008.
O crédito considerado de cobrança duvidosa pelas instituições está agora no seu mais alto valor, de acordo com os dados disponibilizados pelo regulador.
A construção e o imobiliário são responsáveis por mais de metade do crédito malparado das empresas.
A construção representa 28,8 por cento do total do malparado (1.342 milhões de euros) e o imobiliário tem um peso de 27,2 por cento no total da cobrança duvidosa (1.270 milhões de euros) do crédito concedido às empresas.
O peso do malparado no total do crédito concedido às empresas era de 2,19 por cento em Agosto de 2008.
O crescimento no crédito concedido às empresas, face a Agosto de 2008, não se verifica no entanto quando a comparação é realizada com o mês anterior, ou seja Julho deste ano.
O crédito em Julho foi superior em 0,1 por cento, mais 123 milhões de euros, face ao valor concedido em Agosto.
Melhor ensino depende do reforço do pré-escolar
Alexndra Inácio, in Jornal de Notícias
Conferência apresenta balanço "extremamente positivo" do Plano Nacional de Leitura
00h30m
É "fundamental investir no pré-escolar" para se melhorar o rendimento escolar e atenuar as desigualdades de como cada criança entra no sistema - o princípio não é novo mas foi defendido ontem, quinta-feira, após um estudo comprovar a sua necessidade.
O "estudo longitudinal sobre níveis de desenvolvimento da leitura e da escrita - do 1º ao 6º ano de escolaridade", coordenado por José Morais da Universidade de Lisboa, foi apresentado, ontem, na III Conferência Internacional do Plano Nacional de Leitura (PNL), que termina hoje na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Quase 500 alunos do 1º ao 6º ano, de três escolas da região de Lisboa, serão avaliados anualmente. "O estudo ainda está numa fase inicial", começou por advertir José Morais. Os alunos dos 3º, 5º e 6º anos só começarão a ser avaliados a partir deste ano lectivo e os inquéritos feitos aos professores e encarregados de educação ainda não foram tratados, explicou.
No entanto, a partir dos primeiros resultados feitos aos 1º, 2º e 4º anos há uma constatação que sobressai: a distância entre as escolas mantém-se. Por exemplo, a fluência de leitura, no final do 4º ano, dos alunos da escola "B" é similar à dos alunos da escola "A" no final do 2º ano - os três estabelecimentos foram escolhidos com base nos resultados das provas de aferição de 2008 passando a ser designados por "A", a escola que revelou alto rendimento, por "M" a que teve médios e "B" a que teve baixos. Os alunos da escola "B" demonstraram dificuldades em distinguir palavras distintas com o mesmo som (por exemplo "nós" e "noz"). Não era suposto fazerem-no no final do 4º ano.
"Há o efeito escola - "A" e "M" têm rendimentos claramente superiores a "B"", sublinhou José Morais, atribuindo ao contexto socio-cultural das famílias e aos percursos diferenciados no pré-escolar razões para esses rendimentos escolares.
A diferença, argumentou depois João Costa do Conselho Científico do PNL, "é que os meninos da escola A já entraram no 1º ano a saber ler". O ponto de partida é determinante e por isso, recomendou, o "investimento no pré-escolar é fundamental".
"Fico sempre deslumbrado com o progresso da escola B - apesar de ter os piores resultados, globalmente são os que revelam maior evolução", defendeu. Para o docente, deveriam ser definidos "marcadores" - metas equilibradas para cada nível, independentemente dos contextos.
"O PNL não esgota todas as acções do sistema de ensino é apenas um complemento", defendeu António Firmino da Costa, responsável pela avaliação externa ao PNL que será hoje apresentada. Ontem, o professor do ISCTE limitou-se a sublinhar que o balanço é extremamente positivo: "Há mais pessoas a ler e maior reconhecimento social da importância da leitura".
Já a comissária do PNL não escondia o entusiasmo. Aos jornalistas, não se cansou de referir os novos projectos - como o "crescer a ler", que pretende oferecer livros a todas as crianças para estimular a leitura em família; o "voluntariado da leitura" ou o programa destinado aos adultos que frequentam o Novas Oportunidades.
"Alguém me abre o Ministério da Educação?!" - afirmou Isabel Alçada, na conferência, quando pediu aos técnicos ajuda informática na sua apresentação. Tanto a comissária - que se confirmou à tarde é a próxima ministra da Educação - como todos os presentes na sala soltaram uma enorme gargalhada. É, que de manhã, o convite ainda não tinha sido feito, garantiu a comissária à Imprensa.
Conferência apresenta balanço "extremamente positivo" do Plano Nacional de Leitura
00h30m
É "fundamental investir no pré-escolar" para se melhorar o rendimento escolar e atenuar as desigualdades de como cada criança entra no sistema - o princípio não é novo mas foi defendido ontem, quinta-feira, após um estudo comprovar a sua necessidade.
O "estudo longitudinal sobre níveis de desenvolvimento da leitura e da escrita - do 1º ao 6º ano de escolaridade", coordenado por José Morais da Universidade de Lisboa, foi apresentado, ontem, na III Conferência Internacional do Plano Nacional de Leitura (PNL), que termina hoje na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.
Quase 500 alunos do 1º ao 6º ano, de três escolas da região de Lisboa, serão avaliados anualmente. "O estudo ainda está numa fase inicial", começou por advertir José Morais. Os alunos dos 3º, 5º e 6º anos só começarão a ser avaliados a partir deste ano lectivo e os inquéritos feitos aos professores e encarregados de educação ainda não foram tratados, explicou.
No entanto, a partir dos primeiros resultados feitos aos 1º, 2º e 4º anos há uma constatação que sobressai: a distância entre as escolas mantém-se. Por exemplo, a fluência de leitura, no final do 4º ano, dos alunos da escola "B" é similar à dos alunos da escola "A" no final do 2º ano - os três estabelecimentos foram escolhidos com base nos resultados das provas de aferição de 2008 passando a ser designados por "A", a escola que revelou alto rendimento, por "M" a que teve médios e "B" a que teve baixos. Os alunos da escola "B" demonstraram dificuldades em distinguir palavras distintas com o mesmo som (por exemplo "nós" e "noz"). Não era suposto fazerem-no no final do 4º ano.
"Há o efeito escola - "A" e "M" têm rendimentos claramente superiores a "B"", sublinhou José Morais, atribuindo ao contexto socio-cultural das famílias e aos percursos diferenciados no pré-escolar razões para esses rendimentos escolares.
A diferença, argumentou depois João Costa do Conselho Científico do PNL, "é que os meninos da escola A já entraram no 1º ano a saber ler". O ponto de partida é determinante e por isso, recomendou, o "investimento no pré-escolar é fundamental".
"Fico sempre deslumbrado com o progresso da escola B - apesar de ter os piores resultados, globalmente são os que revelam maior evolução", defendeu. Para o docente, deveriam ser definidos "marcadores" - metas equilibradas para cada nível, independentemente dos contextos.
"O PNL não esgota todas as acções do sistema de ensino é apenas um complemento", defendeu António Firmino da Costa, responsável pela avaliação externa ao PNL que será hoje apresentada. Ontem, o professor do ISCTE limitou-se a sublinhar que o balanço é extremamente positivo: "Há mais pessoas a ler e maior reconhecimento social da importância da leitura".
Já a comissária do PNL não escondia o entusiasmo. Aos jornalistas, não se cansou de referir os novos projectos - como o "crescer a ler", que pretende oferecer livros a todas as crianças para estimular a leitura em família; o "voluntariado da leitura" ou o programa destinado aos adultos que frequentam o Novas Oportunidades.
"Alguém me abre o Ministério da Educação?!" - afirmou Isabel Alçada, na conferência, quando pediu aos técnicos ajuda informática na sua apresentação. Tanto a comissária - que se confirmou à tarde é a próxima ministra da Educação - como todos os presentes na sala soltaram uma enorme gargalhada. É, que de manhã, o convite ainda não tinha sido feito, garantiu a comissária à Imprensa.
"É verdade que houve uma redução da pobreza no mundo, mas o diabo está nos detalhes"
Rui Peres Jorge, in Jornal de Negócios
A ordem económica que vigorou até agora não era grande coisa , sendo marcada por desigualdades crescentes, problemas de sustentabilidade financeira e ineficiências no processo de adaptação à globalização económica e financeira, defendeu hoje Alberto de Castro, professor da Universidade Católica do Porto.
A ordem económica que vigorou até agora “não era grande coisa”, sendo marcada por desigualdades crescentes, problemas de sustentabilidade financeira e ineficiências no processo de adaptação à globalização económica e financeira, defendeu hoje Alberto de Castro, professor da Universidade Católica do Porto.
Alberto de Castro falou hoje no III congresso da Ordem dos Economistas após João César das Neves – que defendeu que a crise foi um detalhe, tendo preferido salientar as evoluções das últimas décadas em termos maiores de taxas de crescimento em várias economias do mundo e de redução na taxa de pobreza –, deixando uma reposta ao seu antecessor: “É verdade que houve uma redução da pobreza no mundo [nas últimas décadas], mas o diabo está nos detalhes”
E que detalhes são estes? Castro deu dois exemplos: o forte aumento da desigualdade entre ricos e pobres do mundo – em 1980 o rendimento dos 1% mais ricos do mundo equivalia ao dos 50% mais pobres, hoje equivale a 78% -, o surgimento de um “quarto mundo”, ou seja , de muitos pobres nas economias ricas.
O professor concedeu a César das Neves na avaliação de que “a actual crise pode não ter sido assim tão importante", mas salientou que "fez, pelo menos, uma coisa boa: evidenciou a importância de mudarmos algumas coisas na ordem económica que vigorou”. “É que o que tínhamos não era grande coisa”, vincou.
Castro considera que o resultado mais imediato da crise será “termos um mundo mais Europeu”, com mais desemprego, mais protecção social e mais Estado, mais défices e mais regulação. Mas se este é um caminho que parece inevitável, deve ser percorrido com cuidado, avisou.
O professor defendeu assim um processo de mudança gradual e pragmática do mundo, em que não se tente mudar tudo de uma vez, nem se tente regular tudo de uma vez. A favor de um “gradualismo pragmático de reforma, sem demasiada regulação e reconhecendo a diversidade de pessoas”, o professor argumentou que: “A ordem económica que existia não era adequada, mas é preciso ter em linha de conta soluções que permitam um espaço para todos”.
“A melhor forma de perder [os benefícios] da globalização é levá-la a extremos”, disse, referindo-se ao liberalismo que vigorou nos últimos anos, mas também ao risco de agora, em reacção, se procurarem implementar regras demasiado rígidas e que não considerem as diferenças entre países, defendeu.
A ordem económica que vigorou até agora não era grande coisa , sendo marcada por desigualdades crescentes, problemas de sustentabilidade financeira e ineficiências no processo de adaptação à globalização económica e financeira, defendeu hoje Alberto de Castro, professor da Universidade Católica do Porto.
A ordem económica que vigorou até agora “não era grande coisa”, sendo marcada por desigualdades crescentes, problemas de sustentabilidade financeira e ineficiências no processo de adaptação à globalização económica e financeira, defendeu hoje Alberto de Castro, professor da Universidade Católica do Porto.
Alberto de Castro falou hoje no III congresso da Ordem dos Economistas após João César das Neves – que defendeu que a crise foi um detalhe, tendo preferido salientar as evoluções das últimas décadas em termos maiores de taxas de crescimento em várias economias do mundo e de redução na taxa de pobreza –, deixando uma reposta ao seu antecessor: “É verdade que houve uma redução da pobreza no mundo [nas últimas décadas], mas o diabo está nos detalhes”
E que detalhes são estes? Castro deu dois exemplos: o forte aumento da desigualdade entre ricos e pobres do mundo – em 1980 o rendimento dos 1% mais ricos do mundo equivalia ao dos 50% mais pobres, hoje equivale a 78% -, o surgimento de um “quarto mundo”, ou seja , de muitos pobres nas economias ricas.
O professor concedeu a César das Neves na avaliação de que “a actual crise pode não ter sido assim tão importante", mas salientou que "fez, pelo menos, uma coisa boa: evidenciou a importância de mudarmos algumas coisas na ordem económica que vigorou”. “É que o que tínhamos não era grande coisa”, vincou.
Castro considera que o resultado mais imediato da crise será “termos um mundo mais Europeu”, com mais desemprego, mais protecção social e mais Estado, mais défices e mais regulação. Mas se este é um caminho que parece inevitável, deve ser percorrido com cuidado, avisou.
O professor defendeu assim um processo de mudança gradual e pragmática do mundo, em que não se tente mudar tudo de uma vez, nem se tente regular tudo de uma vez. A favor de um “gradualismo pragmático de reforma, sem demasiada regulação e reconhecendo a diversidade de pessoas”, o professor argumentou que: “A ordem económica que existia não era adequada, mas é preciso ter em linha de conta soluções que permitam um espaço para todos”.
“A melhor forma de perder [os benefícios] da globalização é levá-la a extremos”, disse, referindo-se ao liberalismo que vigorou nos últimos anos, mas também ao risco de agora, em reacção, se procurarem implementar regras demasiado rígidas e que não considerem as diferenças entre países, defendeu.
Asma e Bronquite são as doenças que mais afectam comunidade publicado
in RTP
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
22.10.09
Ciganos: Asma e Bronquite são as doenças que mais afectam comunidade, estudo
in Jornal de Notícias
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
Despedimentos colectivos aumentam 39 por cento
in Jornal Público
Nos primeiros nove meses deste ano, foram alvo de despedimento colectivo em Portugal 3603 trabalhadores, um número que já ultrapassou o total de dispensados no conjunto de 2008.
Segundo os dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em comparação com igual período do ano passado, o número de despedimentos colectivos aumentou 39 por cento.
Até Setembro deste ano, houve mais 1012 despedimentos colectivos do que os concretizados nos primeiros nove meses de 2008, ano em que, no total, foram despedidas 3538 pessoas segundo aquele regime.
De acordo com a DGERT, foram iniciados processos de despedimento colectivo em 264 empresas (contra 231 no total de 2008), que visavam o despedimento de 3828 pessoas (contra 3743 no total do ano anterior).
Ainda assim, as empresas conseguiram "segurar" 225 postos de trabalho em relação aos 3828 estimados no início dos processos. No entanto, do total de 592 empresas com processos de despedimentos colectivo abertos até Setembro, ainda têm processos pendentes 328 empresas, em processos que abrangem 4851 trabalhadores.
A Qimonda, a Controlinveste e a Media Capital foram algumas das empresas que, este ano, efectuaram despedimentos colectivos.
Para ter acesso a este regime, a empresa entra com um pedido inicial junto do Ministério do Trabalho, manifestando a sua intenção e o número de trabalhadores abrangidos pela acção. Segue-se uma fase de negociação entre a empresa, os representantes dos trabalhadores e os serviços do Ministério, onde se tentam, nomeadamente, soluções de reconversão e negociações compensatórias.
Finalmente, a entidade empregadora comunica a decisão definitiva de despedimento e entrega um mapa final aos serviços do Ministério do Trabalho onde consta o número de trabalhadores efectivamente dispensados.
Entre a intenção de despedimento e a decisão definitiva do processo há sempre um período mínimo de 60 dias.
O Norte foi a região mais afectada pelos despedimentos colectivos, tal como em 2008, com 178 empresas a comunicar a dispensa de 2588 funcionários, seguindo-se o Centro (onde 47 empresas despediram 730 trabalhadores). Em Lisboa e Vale do Tejo, foram dispensados 232 trabalhadores de 33 empresas. Lusa
Nos primeiros nove meses deste ano, foram alvo de despedimento colectivo em Portugal 3603 trabalhadores, um número que já ultrapassou o total de dispensados no conjunto de 2008.
Segundo os dados da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em comparação com igual período do ano passado, o número de despedimentos colectivos aumentou 39 por cento.
Até Setembro deste ano, houve mais 1012 despedimentos colectivos do que os concretizados nos primeiros nove meses de 2008, ano em que, no total, foram despedidas 3538 pessoas segundo aquele regime.
De acordo com a DGERT, foram iniciados processos de despedimento colectivo em 264 empresas (contra 231 no total de 2008), que visavam o despedimento de 3828 pessoas (contra 3743 no total do ano anterior).
Ainda assim, as empresas conseguiram "segurar" 225 postos de trabalho em relação aos 3828 estimados no início dos processos. No entanto, do total de 592 empresas com processos de despedimentos colectivo abertos até Setembro, ainda têm processos pendentes 328 empresas, em processos que abrangem 4851 trabalhadores.
A Qimonda, a Controlinveste e a Media Capital foram algumas das empresas que, este ano, efectuaram despedimentos colectivos.
Para ter acesso a este regime, a empresa entra com um pedido inicial junto do Ministério do Trabalho, manifestando a sua intenção e o número de trabalhadores abrangidos pela acção. Segue-se uma fase de negociação entre a empresa, os representantes dos trabalhadores e os serviços do Ministério, onde se tentam, nomeadamente, soluções de reconversão e negociações compensatórias.
Finalmente, a entidade empregadora comunica a decisão definitiva de despedimento e entrega um mapa final aos serviços do Ministério do Trabalho onde consta o número de trabalhadores efectivamente dispensados.
Entre a intenção de despedimento e a decisão definitiva do processo há sempre um período mínimo de 60 dias.
O Norte foi a região mais afectada pelos despedimentos colectivos, tal como em 2008, com 178 empresas a comunicar a dispensa de 2588 funcionários, seguindo-se o Centro (onde 47 empresas despediram 730 trabalhadores). Em Lisboa e Vale do Tejo, foram dispensados 232 trabalhadores de 33 empresas. Lusa
Maioria vive na Grande Lisboa
in Diário de Notícias
Há 50 mil ciganos em Portugal actualmente e a maioria vive na região da Grande Lisboa, Grande Porto, distrito de Setúbal e no Algarve. São maioritariamente mulheres e jovens até aos 24 anos. Graças ao plano de realojamento levado a cabo por todo o país, a maioria já deixou os acampamentos e vive em bairros sociais. Ainda assim, 53% dizem viver em condições de habitabilidade precárias, revelam os dados do inquérito feito a 367 famílias. Têm também baixos níveis de escolaridade: 52,3% da população inquirida não possui nenhum nível de escolaridade, sendo que 36,9% são iletrados e 9% não sabem ler, nem escrever. A maior parte (84%) é inactiva: os desempregados correspondem a 45% e 27,4% vivem de reformas e outros benefícios sociais. Os restantes 16% constituem a população activa, sendo que 4% são trabalhadores por conta própria.
Há 50 mil ciganos em Portugal actualmente e a maioria vive na região da Grande Lisboa, Grande Porto, distrito de Setúbal e no Algarve. São maioritariamente mulheres e jovens até aos 24 anos. Graças ao plano de realojamento levado a cabo por todo o país, a maioria já deixou os acampamentos e vive em bairros sociais. Ainda assim, 53% dizem viver em condições de habitabilidade precárias, revelam os dados do inquérito feito a 367 famílias. Têm também baixos níveis de escolaridade: 52,3% da população inquirida não possui nenhum nível de escolaridade, sendo que 36,9% são iletrados e 9% não sabem ler, nem escrever. A maior parte (84%) é inactiva: os desempregados correspondem a 45% e 27,4% vivem de reformas e outros benefícios sociais. Os restantes 16% constituem a população activa, sendo que 4% são trabalhadores por conta própria.
Ciganos portugueses têm mais doenças crónicas
por Catarina Cristão, in Diário de Notícias
Estudo da União Europeia revela que um quarto dos ciganos no País tem asma e bronquite. A comunidade portuguesa é também aquela em que se começa a fumar e beber mais cedo.
A comunidade cigana portuguesa é que tem mais doenças crónicas da União Europeia e aquela onde se começa a fumar e a beber álcool mais cedo, conclui um estudo que é hoje apresentado no Porto, pela Rede Europeia Anti-Pobreza. É a primeira radiografia às condições e acesso à saúde da comunidade cigana no País, que foi comparada com a de seis outros países, onde um cigano vive menos 20 anos que um cidadão europeu.
Cerca de 25% dos ciganos portugueses sofrem de asma e bronquite, 15% de colesterol e 11% de tensão arterial alta, segundo os inquéritos, realizados a 367 famílias ciganas do País. Dados mais preocupantes do que aqueles encontrados em Espanha, Grécia, Bulgária, Eslováquia, República Checa e Roménia.
"Muitos ciganos em Portugal ainda vivem em acampamentos, em condições muito precárias, sem os cuidados de saúde elementares, o que agrava os problemas respiratórios", explica Sandra Araújo, da Rede Europeia Anti-Pobreza - Portugal (REAPN) e uma das coordenadoras do estudo.
Um cigano vive, em média, 60 anos, muito abaixo da esperança média de vida europeia, que se situa, actualmente, nos 78 anos. "É uma população muito jovem. Em Portugal, a esmagadora maioria, 60%, tem até 24 anos e apenas 14% têm mais de 45", indica a responsável.
"Têm uma vida muito antecipada e, por isso, também morrem mais rápido. Casam-se muito cedo e as mulheres têm filhos logo, não vivem a juventude como qualquer outra adolescente", frisa, por seu lado, Francisco Monteiro, director da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos.
A saúde da mulher é, aliás, um dos focos principais de preocupação das coordenadores do estudo: 23,2% das mulheres ciganas portuguesas nunca foi ao ginecologista e, das que foram, a maioria fê-lo apenas por estar grávida - por uma ou duas vezes, no máximo - ou na hora do parto. "Antes do casamento a palavra sexo é tabu e a mulher não sabe como prevenir-se nem onde recorrer", garante Alzinda Carmelo, da Associação de Mulheres Ciganas Portuguesas (ANUCIP). "Portugal ocupa último lugar também no que se refere à realização de mamografias e de citologias", indica ainda Sandra Araújo.
Também não costumam ir a consultas de rotina de nenhuma especialidade. "Frequentam essencialmente as urgências dos hospitais, onde chegam só quando estão mesmo mal. E procuram não ficar mais do que dois dias hospitalizados", diz a responsável. Ao nível dentário, cerca de 94% da população adulta inquirida reconhece ter algum tipo de problema.
A tendência também é para fumar e beber álcool em excesso: 26,9% dizem ser fumadores habituais e 37% bebem diariamente. É em Portugal, aliás, que os ciganos mais cedo adquirem estes hábitos. Começam a fumar aos 13 anos e aos 14 já fumam. "Somos também o país onde de notam maiores diferenças nos hábitos de vida entre homens e mulheres. São muito poucas as que bebem e fumam", finaliza Sandra Araújo.
Outro dos problemas é o excesso de peso: 41,4% dos entrevistados têm peso a mais e 13,7% são mesmo obesos.
Estudo da União Europeia revela que um quarto dos ciganos no País tem asma e bronquite. A comunidade portuguesa é também aquela em que se começa a fumar e beber mais cedo.
A comunidade cigana portuguesa é que tem mais doenças crónicas da União Europeia e aquela onde se começa a fumar e a beber álcool mais cedo, conclui um estudo que é hoje apresentado no Porto, pela Rede Europeia Anti-Pobreza. É a primeira radiografia às condições e acesso à saúde da comunidade cigana no País, que foi comparada com a de seis outros países, onde um cigano vive menos 20 anos que um cidadão europeu.
Cerca de 25% dos ciganos portugueses sofrem de asma e bronquite, 15% de colesterol e 11% de tensão arterial alta, segundo os inquéritos, realizados a 367 famílias ciganas do País. Dados mais preocupantes do que aqueles encontrados em Espanha, Grécia, Bulgária, Eslováquia, República Checa e Roménia.
"Muitos ciganos em Portugal ainda vivem em acampamentos, em condições muito precárias, sem os cuidados de saúde elementares, o que agrava os problemas respiratórios", explica Sandra Araújo, da Rede Europeia Anti-Pobreza - Portugal (REAPN) e uma das coordenadoras do estudo.
Um cigano vive, em média, 60 anos, muito abaixo da esperança média de vida europeia, que se situa, actualmente, nos 78 anos. "É uma população muito jovem. Em Portugal, a esmagadora maioria, 60%, tem até 24 anos e apenas 14% têm mais de 45", indica a responsável.
"Têm uma vida muito antecipada e, por isso, também morrem mais rápido. Casam-se muito cedo e as mulheres têm filhos logo, não vivem a juventude como qualquer outra adolescente", frisa, por seu lado, Francisco Monteiro, director da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos.
A saúde da mulher é, aliás, um dos focos principais de preocupação das coordenadores do estudo: 23,2% das mulheres ciganas portuguesas nunca foi ao ginecologista e, das que foram, a maioria fê-lo apenas por estar grávida - por uma ou duas vezes, no máximo - ou na hora do parto. "Antes do casamento a palavra sexo é tabu e a mulher não sabe como prevenir-se nem onde recorrer", garante Alzinda Carmelo, da Associação de Mulheres Ciganas Portuguesas (ANUCIP). "Portugal ocupa último lugar também no que se refere à realização de mamografias e de citologias", indica ainda Sandra Araújo.
Também não costumam ir a consultas de rotina de nenhuma especialidade. "Frequentam essencialmente as urgências dos hospitais, onde chegam só quando estão mesmo mal. E procuram não ficar mais do que dois dias hospitalizados", diz a responsável. Ao nível dentário, cerca de 94% da população adulta inquirida reconhece ter algum tipo de problema.
A tendência também é para fumar e beber álcool em excesso: 26,9% dizem ser fumadores habituais e 37% bebem diariamente. É em Portugal, aliás, que os ciganos mais cedo adquirem estes hábitos. Começam a fumar aos 13 anos e aos 14 já fumam. "Somos também o país onde de notam maiores diferenças nos hábitos de vida entre homens e mulheres. São muito poucas as que bebem e fumam", finaliza Sandra Araújo.
Outro dos problemas é o excesso de peso: 41,4% dos entrevistados têm peso a mais e 13,7% são mesmo obesos.
Mais de 173 milhões de pessoas juntaram-se contra a pobreza
in Agência Ecclesia
Portugal mobilizou 1,4 % da sua população
Mais de 173 milhões de pessoas juntaram-se aos eventos de «Levanta-te e Actua!» pedindo que os governos erradiquem a pobreza extrema e que cumpram os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).
O recorde mundial do guinness foi ultrapassado no passado fim-de-semana quando 173,045,325 pessoas se juntaram em mais de 3000 eventos, ocorridos em mais de 120 países, segundo um comunicado da Pobreza Zero enviado à Agência ECCLESIA.
O livro de recordes do Guinness certificou a iniciativa “Levanta-te e Actua como a maior mobilização humana registada na história” que, no seu quarto ano, verificou um aumento de cerca de 57 milhões sobre o ano passado.
O director da Campanha do Milénio das Nações Unidas, Salil Shetty, explica que os 173 milhões de pessoas que se mobilizaram “mandaram uma mensagem clara aos líderes mundiais sobre a existência de uma exigência massiva, universal e global para a erradicação da pobreza e para o cumprimento dos ODM” assim como “os responsabilizam sobre o cumprimento efectivo das suas promessas para acabar com a pobreza”.
Segundo o mesmo comunicado, participaram na iniciativa mais de 100 milhões de asiáticos. O continente africano participou com mais de 37 milhões de pessoas e na Europa mobilizaram-se mais de 2 milhões. Na América Latina e também nos Estados Unidos de América participaram 200,000 pessoas respectivamente. A Oceânia mobilizou mais de 170,000 pessoas e do Oriente juntaram-se mais 31 milhões de pessoas.
Sylvia Borren, responsável pelo Apelo Global Contra a Pobreza (GCAP – Pobreza Zero) na Holanda sublinhou que a mobilização “encontra raízes nas áreas mais remotas e em cidades de todo o mundo, ricas e pobres” para além de juntar “gente nova, mulheres e homens”.
A mensagem dos participantes que “exigem a erradicação da pobreza e novas respostas sobre a crise alimentar, económica e ambiental” será enviada nas próximas semanas e meses para “influenciar/intervir sobre as discussões do clima de Copenhaga e a revisão dos ODM do próximo ano”.
1,4% dos portugueses mobilizados contra a pobreza
Portugal foi o país europeu onde mais pessoas se levantaram para erradicar a pobreza. Segundo o comunicado, Portugal mobilizou cerca de 1,4% da sua população e foi também em território nacional que se realizaram 10% dos eventos mundiais. As iniciativas decorreram em associações, ONGs, mais de 150 escolas, diversos locais de culto, empresas, meios de comunicação e particulares, confirmando assim “um sólido apoio para a erradicação da pobreza e o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.
Portugal mobilizou 1,4 % da sua população
Mais de 173 milhões de pessoas juntaram-se aos eventos de «Levanta-te e Actua!» pedindo que os governos erradiquem a pobreza extrema e que cumpram os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).
O recorde mundial do guinness foi ultrapassado no passado fim-de-semana quando 173,045,325 pessoas se juntaram em mais de 3000 eventos, ocorridos em mais de 120 países, segundo um comunicado da Pobreza Zero enviado à Agência ECCLESIA.
O livro de recordes do Guinness certificou a iniciativa “Levanta-te e Actua como a maior mobilização humana registada na história” que, no seu quarto ano, verificou um aumento de cerca de 57 milhões sobre o ano passado.
O director da Campanha do Milénio das Nações Unidas, Salil Shetty, explica que os 173 milhões de pessoas que se mobilizaram “mandaram uma mensagem clara aos líderes mundiais sobre a existência de uma exigência massiva, universal e global para a erradicação da pobreza e para o cumprimento dos ODM” assim como “os responsabilizam sobre o cumprimento efectivo das suas promessas para acabar com a pobreza”.
Segundo o mesmo comunicado, participaram na iniciativa mais de 100 milhões de asiáticos. O continente africano participou com mais de 37 milhões de pessoas e na Europa mobilizaram-se mais de 2 milhões. Na América Latina e também nos Estados Unidos de América participaram 200,000 pessoas respectivamente. A Oceânia mobilizou mais de 170,000 pessoas e do Oriente juntaram-se mais 31 milhões de pessoas.
Sylvia Borren, responsável pelo Apelo Global Contra a Pobreza (GCAP – Pobreza Zero) na Holanda sublinhou que a mobilização “encontra raízes nas áreas mais remotas e em cidades de todo o mundo, ricas e pobres” para além de juntar “gente nova, mulheres e homens”.
A mensagem dos participantes que “exigem a erradicação da pobreza e novas respostas sobre a crise alimentar, económica e ambiental” será enviada nas próximas semanas e meses para “influenciar/intervir sobre as discussões do clima de Copenhaga e a revisão dos ODM do próximo ano”.
1,4% dos portugueses mobilizados contra a pobreza
Portugal foi o país europeu onde mais pessoas se levantaram para erradicar a pobreza. Segundo o comunicado, Portugal mobilizou cerca de 1,4% da sua população e foi também em território nacional que se realizaram 10% dos eventos mundiais. As iniciativas decorreram em associações, ONGs, mais de 150 escolas, diversos locais de culto, empresas, meios de comunicação e particulares, confirmando assim “um sólido apoio para a erradicação da pobreza e o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”.
Radiografia à saúde da comunidade cigana
in Diário de Notícias
Asma e bronquite
São as doenças mais comuns entre a comunidade cigana, seguidas do colesterol e das tensão arterial alta.
Problemas dentários
Cerca de 94% dos adultos têm algum tipo de problema no dentes. E 36% nunca foram ao dentista, mais do dobro do que acontece na restante população portuguesa (13,7%). Nas crianças, a percentagem é menor, mas mesmo assim atinge os 64%.
Excesso de peso
Quase 14% dos ciganos portugueses são obesos e 41% têm excesso de peso. A maior parte (78,4%) realiza pouco ou nenhum exercício físico.
Automedicação
As comunidades entrevistadas apresentaram valores muito altos de automedicação (55,8%) apesar de ir regularmente às consultas médicas. Por outro lado, a esmagadora maioria (90%) dos entrevistados afirmou que recorre aos hospitais como primeiro recurso.
Asma e bronquite
São as doenças mais comuns entre a comunidade cigana, seguidas do colesterol e das tensão arterial alta.
Problemas dentários
Cerca de 94% dos adultos têm algum tipo de problema no dentes. E 36% nunca foram ao dentista, mais do dobro do que acontece na restante população portuguesa (13,7%). Nas crianças, a percentagem é menor, mas mesmo assim atinge os 64%.
Excesso de peso
Quase 14% dos ciganos portugueses são obesos e 41% têm excesso de peso. A maior parte (78,4%) realiza pouco ou nenhum exercício físico.
Automedicação
As comunidades entrevistadas apresentaram valores muito altos de automedicação (55,8%) apesar de ir regularmente às consultas médicas. Por outro lado, a esmagadora maioria (90%) dos entrevistados afirmou que recorre aos hospitais como primeiro recurso.
Ciganos: Asma e Bronquite são as doenças que mais afectam comunidade, estudo
in Jornal de Notícias
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
As doenças respiratórias, como a asma e a bronquite, são as que mais afectam a comunidade cigana e estão relacionadas com as más condições de habitabilidade, conclui um estudo elaborado pela Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal, hoje apresentado no Porto.
"Quando comparamos com a população portuguesa, encontramos notórias diferenças que podem estar relacionadas com as condições de vida desta população", explicou à Lusa Sandra Araújo, coordenadora técnica nacional da rede e uma das responsáveis pelo trabalho.
Segundo a técnica, "52 por cento dos inquiridos vivem em condições insalubres, em bairros ou em acampamentos".
21.10.09
Rede Europeia Anti-Pobreza caracteriza necessidades em saúde nas comunidades ciganas
in Destak
A Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (REAPN) apresenta amanhã os primeiros resultados do projecto “As Comunidades Ciganas e a Saúde: análise da situação europeia”, no seminário “As comunidades ciganas e a saúde – um primeiro retrato nacional”, que decorre amanhã, 22 de Outubro, a partir das 9h00, no Porto.
O projecto “As Comunidades Ciganas e a Saúde: análise da situação europeia”, desenvolvido desde Novembro de 2007, tem como objectivos obter um diagnóstico, identificar as necessidades e definir as acções prioritárias de intervenção a nível nacional e europeu sobre a situação de saúde das comunidades ciganas. A iniciativa é promovida pela Fundación Secretariado General Gitano (Espanha) numa parceria que integra sete países da União Europeia (Espanha, Grécia, Bulgária, Eslováquia, Portugal, República Checa e Roménia), co-financiada no âmbito do Programa de Saúde Pública (PHEA – Agência Executiva de Saúde Pública).
No seminário, a Rede Europeia Anti-Pobreza debate e reflecte sobre a importância da saúde como uma das principais necessidades sociais básicas e, como tal, um dos direitos fundamentais, que desempenha um papel central nos processos de exclusão/ inclusão social. A reunião permite a partilha de boas práticas e experiências, reflectindo as principais necessidades de intervenção e apresenta algumas acções prioritárias de intervenção de forma a potenciar melhores condições de vida e de saúde das comunidades ciganas.
A Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (REAPN) apresenta amanhã os primeiros resultados do projecto “As Comunidades Ciganas e a Saúde: análise da situação europeia”, no seminário “As comunidades ciganas e a saúde – um primeiro retrato nacional”, que decorre amanhã, 22 de Outubro, a partir das 9h00, no Porto.
O projecto “As Comunidades Ciganas e a Saúde: análise da situação europeia”, desenvolvido desde Novembro de 2007, tem como objectivos obter um diagnóstico, identificar as necessidades e definir as acções prioritárias de intervenção a nível nacional e europeu sobre a situação de saúde das comunidades ciganas. A iniciativa é promovida pela Fundación Secretariado General Gitano (Espanha) numa parceria que integra sete países da União Europeia (Espanha, Grécia, Bulgária, Eslováquia, Portugal, República Checa e Roménia), co-financiada no âmbito do Programa de Saúde Pública (PHEA – Agência Executiva de Saúde Pública).
No seminário, a Rede Europeia Anti-Pobreza debate e reflecte sobre a importância da saúde como uma das principais necessidades sociais básicas e, como tal, um dos direitos fundamentais, que desempenha um papel central nos processos de exclusão/ inclusão social. A reunião permite a partilha de boas práticas e experiências, reflectindo as principais necessidades de intervenção e apresenta algumas acções prioritárias de intervenção de forma a potenciar melhores condições de vida e de saúde das comunidades ciganas.
Jogo é um vício para 16 mil pessoas e leva ao aumento do crime, do divórcio e do suicídio
Por José Bento Amaro, in Jornal Público
Jogos de cartas eonlinesão os que causam maior dependência. Estudo diz que perfil está a alterar-se: jogador é cada vez mais novo
O número de jogadores dependentes está a aumentar em Portugal. Os valores não são alarmantes, sendo até um pouco inferiores à média europeia, mas indicam que já há no país cerca de 16 mil pessoas nessa situação. A maior preocupação para os autores de um estudo ontem divulgado a pedido da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prende-se com o facto de os viciados serem cada vez mais novos, o que no futuro pode fazer disparar os valores e aumentar consequências sociais tão graves como a delinquência, o divórcio ou o suicídio.
No estudo desenvolvido, entre 2005 e 2007, por uma equipa da Universidade Católica de Lisboa, foi possível apurar que há 0,2 por cento dos portugueses que são dependentes do jogo. Essa dependência, segundo disse ontem o coordenador, Henrique Lopes, verifica-se, principalmente, nos jogos acedidos pela Internet e nos jogos de cartas. Uma conclusão que, de resto, veio dar motivos de satisfação à Santa Casa, que recentemente viu o Tribunal Europeu dar-lhe razão na acção que interpusera contra a empresa austríaca de apostas Bwin.
"O jogador dependente português, ao contrário do que sucedia há anos, já não é exclusivamente o homem com mais de 40 anos, com hábitos nocturnos, de consumo de tabaco e de álcool", adiantou Henrique Lopes, explicando depois que, a julgar pelos dados recolhidos após centenas de entrevistas telefónicas, existe agora uma percentagem muito elevada de jogadores (de risco e dependentes) cuja idade oscila entre 18 e 40 anos.
Por género, quase não existem diferenças entre os jogadores considerados de risco, sendo que as mulheres são, neste caso, mais dois por cento do que os homens. No entanto, apesar das mulheres serem classificadas de maior risco, são os homens os que apresentam maior dependência - 79 por cento contra 21 por cento. Uma outra das conclusões do estudo é a de que os dependentes do jogo quase nunca reconhecem essa mesma dependência. Só a título de exemplo basta referir que, entre os cerca de 40 mil jogadores de risco do país, há 68 por cento que admitem problemas com o jogo a dinheiro, mas, por outro lado, dos 16 mil considerados dependentes, apenas 20 por cento reconhecem esse problema.
Ressalvando o facto de nem todas as respostas às entrevistas poderem ser totalmente fiáveis, Henriques Lopes lembrou depois que entre 476 indivíduos entrevistados menos de um por cento dos que são considerados jogadores de risco recorreram aos préstimos de agiotas (actuação criminal), enquanto que entre os jogadores dependentes essa percentagem atinge quase os 18 por cento. Significativo é ainda o facto de entre o primeiro grupo de jogadores apenas um por cento já ter vendido património familiar, enquanto que a mesma actuação já foi praticada por 23 por cento dos que não se libertam do hábito do jogo.
O estudo apresenta ainda a particularidade de estabelecer conexões entre diversos hábitos. Assim, fica a saber-se que enquanto os fumadores são cerca de 15 por cento dos portugueses, os que fumam no grupo dos jogadores dependentes são 33 por cento do total. Quanto à dependência de bebidas alcoólicas a mesma é de um por cento no país e de 17 por cento entre os que se reconhecem como dependentes do jogo. A aposta nacional para prevenir problemas sociais decorrentes da dependência do jogo passará, em breve, pelo levantamento estatístico entre os mais jovens. Ontem, perante representantes de diversas instituições estrangeiras, Henrique Lopes disse que no futuro se procurará saber quantos menores até aos 12 anos já jogam regularmenteonline.
Jogos de cartas eonlinesão os que causam maior dependência. Estudo diz que perfil está a alterar-se: jogador é cada vez mais novo
O número de jogadores dependentes está a aumentar em Portugal. Os valores não são alarmantes, sendo até um pouco inferiores à média europeia, mas indicam que já há no país cerca de 16 mil pessoas nessa situação. A maior preocupação para os autores de um estudo ontem divulgado a pedido da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prende-se com o facto de os viciados serem cada vez mais novos, o que no futuro pode fazer disparar os valores e aumentar consequências sociais tão graves como a delinquência, o divórcio ou o suicídio.
No estudo desenvolvido, entre 2005 e 2007, por uma equipa da Universidade Católica de Lisboa, foi possível apurar que há 0,2 por cento dos portugueses que são dependentes do jogo. Essa dependência, segundo disse ontem o coordenador, Henrique Lopes, verifica-se, principalmente, nos jogos acedidos pela Internet e nos jogos de cartas. Uma conclusão que, de resto, veio dar motivos de satisfação à Santa Casa, que recentemente viu o Tribunal Europeu dar-lhe razão na acção que interpusera contra a empresa austríaca de apostas Bwin.
"O jogador dependente português, ao contrário do que sucedia há anos, já não é exclusivamente o homem com mais de 40 anos, com hábitos nocturnos, de consumo de tabaco e de álcool", adiantou Henrique Lopes, explicando depois que, a julgar pelos dados recolhidos após centenas de entrevistas telefónicas, existe agora uma percentagem muito elevada de jogadores (de risco e dependentes) cuja idade oscila entre 18 e 40 anos.
Por género, quase não existem diferenças entre os jogadores considerados de risco, sendo que as mulheres são, neste caso, mais dois por cento do que os homens. No entanto, apesar das mulheres serem classificadas de maior risco, são os homens os que apresentam maior dependência - 79 por cento contra 21 por cento. Uma outra das conclusões do estudo é a de que os dependentes do jogo quase nunca reconhecem essa mesma dependência. Só a título de exemplo basta referir que, entre os cerca de 40 mil jogadores de risco do país, há 68 por cento que admitem problemas com o jogo a dinheiro, mas, por outro lado, dos 16 mil considerados dependentes, apenas 20 por cento reconhecem esse problema.
Ressalvando o facto de nem todas as respostas às entrevistas poderem ser totalmente fiáveis, Henriques Lopes lembrou depois que entre 476 indivíduos entrevistados menos de um por cento dos que são considerados jogadores de risco recorreram aos préstimos de agiotas (actuação criminal), enquanto que entre os jogadores dependentes essa percentagem atinge quase os 18 por cento. Significativo é ainda o facto de entre o primeiro grupo de jogadores apenas um por cento já ter vendido património familiar, enquanto que a mesma actuação já foi praticada por 23 por cento dos que não se libertam do hábito do jogo.
O estudo apresenta ainda a particularidade de estabelecer conexões entre diversos hábitos. Assim, fica a saber-se que enquanto os fumadores são cerca de 15 por cento dos portugueses, os que fumam no grupo dos jogadores dependentes são 33 por cento do total. Quanto à dependência de bebidas alcoólicas a mesma é de um por cento no país e de 17 por cento entre os que se reconhecem como dependentes do jogo. A aposta nacional para prevenir problemas sociais decorrentes da dependência do jogo passará, em breve, pelo levantamento estatístico entre os mais jovens. Ontem, perante representantes de diversas instituições estrangeiras, Henrique Lopes disse que no futuro se procurará saber quantos menores até aos 12 anos já jogam regularmenteonline.
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