in Jornal Público
Há uma percepção generalizada nos portugueses de que a pobreza está a aumentar e a maioria está pessimista e tem baixas expectativas quanto à capacidade de recuperar, segundo um estudo ontem divulgado.
Entre os inquiridos no inquérito sobre percepções da pobreza em Portugal, 77 por cento dos portugueses têm pouca ou nenhuma esperança na recuperação de situações de pobreza e 75 por cento dos inquiridos dizem que a situação piorou nos últimos cinco anos, enquanto 50 por cento acreditam que irá continuar a piorar.
Estes são os resultados preliminares do inquérito realizado pela Amnistia Internacional Portugal, em parceria com a Rede Europeia Antipobreza e o Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa.
A percepção sobre a intensidade e a extensão da pobreza é forte e vai para além da realidade estatística (59 por cento afirmam que a percentagem de pobres se situa entre os 10 e os 40 por cento). "Os portugueses sentem a pobreza e sentem-na numa proporção preocupante", avalia o documento.
Em relação à situação dos inquiridos, 20 por cento afirmam viver uma situação de risco de pobreza, sete por cento de pobreza explícita e um por cento de miséria.
Em relação às causas da pobreza, a percepção encontra-se muito concentrada no emprego. Quanto à responsabilidade para resolver o problema, uma boa parte dos inquiridos afirma que é do Governo.
Segundo a Amnistia Internacional e a Rede Europeia Antipobreza, esta conclusão pode sugerir que existe uma demissão colectiva dos cidadãos face às suas directas responsabilidades na criação e manutenção dos fenómenos de pobreza e de exclusão social. A ausência de uma vontade de participação cívica, acrescentam, poderá precisamente constituir um dos principais e mais fortes impedimentos ao combate eficaz contra a pobreza e a exclusão social, realçam. Lusa