in Jornal de Notícias
Centros Porta-Amiga receberam mais 10% de pedidos de ajuda no 1.º semestre. Risco atinge idosos e jovens.
Assinala-se hoje o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, numa altura em que as estatísticas indicam que 18% dos portugueses são pobres e em que os pedidos de ajuda não param de chegar às instituições.
Segundo a Assistência Médica Internacional (AMI), os centros Porta Amiga apoiaram, no primeiro semestre deste ano, mais 10% de pessoas do que no mesmo período do ano passado. Em comunicado, a AMI sustenta que "estes valores demonstram uma nítida tendência para um crescente número de casos de pobreza persistente. A grande maioria destas pessoas encontra-se em plena idade activa, entre os 21 e os 59 anos de idade". Além disso, há cada vez mais novos casos de pobreza. No primeiro semestre deste ano "foram 1836 as pessoas que recorreram pela primeira vez ao apoio social da AMI, mais 24% do que no mesmo período no ano anterior".
Também a Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP) se manifesta preocupada com a situação em Portugal, onde afirma que 18 em cada 100 pessoas vivem na pobreza. "O número europeu que serve de referência para definir a pobreza equivale a um vencimento mínimo mensal de 406 euros. Quem tiver um rendimento inferior a 406 euros é pobre", disse, à Lusa, Jardim Moreira, presidente da REAP. Em comunicado, a Rede Europeia sublinha que "os idosos, as crianças e jovens são os grupos etários com maior taxa de risco de pobreza em Portugal". A "vulnerabilidade à situação de pobreza" é de 26% para os idosos e de 21% para pessoas com menos de 17 anos.
A mesma instituição destaca a desigualdade em matéria da distribuição de rendimento: "Em 2008, 20% da população com maior rendimento recebia aproximadamente 6,1 vezes o rendimento dos 20% da população com o rendimento mais baixo". Por outro lado, lembra que, no segundo trimestre de 2009, a taxa de desemprego foi de 9,1%, mais 1,8% do que no mesmo período do ano passado.
"Só a existência de empregos e de salários pode quebrar os ciclos de pobreza que estão criados e reestruturar as famílias, permitindo-lhes mandar os filhos à escola, cuidar dos idosos e viver com dignidade", referiu Jardim Moreira.
Também a AMI regista que a maioria da população que recorreu aos centros Porta Amiga no primeiro semestre se encontra desempregada (80%), "tendo como principais recursos os subsídios e apoios institucionais e o apoio de familiares ou amigos". O serviço que registou mais procura entre as mais de cinco mil pessoas que, nos primeiros seis meses de 2009, pediram ajuda à AMI, foi o da distribuição de alimentos, roupa e medicamentos.