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O diretor executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Francisco Monteiro, mostrou-se hoje “chocado” com as condições precárias em que vivem 49 famílias de etnia cigana junto às muralhas do castelo de Campo Maior (Portalegre).
Em declarações à agência Lusa, o responsável mostrou-se “chocado” com a situação e lançou de imediato algumas críticas ao município de Campo Maior pela forma como tem gerido, ao longo dos últimos anos, este caso.
“A câmara tem o mérito pequeno de deixar permanecer aquelas famílias naquele local ao longo dos últimos anos, mas Campo Maior não é uma terra assim tão pobre perante outros municípios que ao longo dos tempos avançaram com os respetivos planos de realojamento”, disse.
“Campo Maior também é a capital do café e, perante esse quadro, por que é que não se podem ajudar algumas dessas famílias ciganas a ter uma vida melhor”, questionou.
As muralhas do castelo de Campo Maior têm registado várias derrocadas nos últimos anos, a última das quais ocorreu na madrugada do dia 5 de janeiro devido ao mau tempo.
A situação está a colocar em risco dezenas de famílias que vivem em condições precárias junto ao monumento.
Seis das 49 famílias que vivem junto às muralhas foram, recentemente, abordadas pela autarquia no sentido de serem realojadas em contentores, mas esse quadro foi rejeitado pelos moradores.
Francisco Monteiro reconheceu no entanto que a Pastoral dos Ciganos tem acompanhado de “longe” esta situação, mas garantiu que tem “trabalhado” junto de várias entidades no sentido de “pugnar” por melhores condições de vida para a comunidade de etnia cigana residente em Portugal.
“Nós não temos feito muito sobre este caso em concreto, temos acompanhado ao longe, mas temos trabalhado junto do Governo e de outras entidades estes casos que afetam os ciganos”, disse.
“Em 2000 elaborámos um projeto, denominado “Dignidade” e que aborda a questão da habitação dos ciganos em barracas, do qual surgiu a pressão sobre as câmaras municipais para andarem para a frente com os planos de realojamento”, sublinhou.
Nesse mesmo programa, segundo o responsável, estava inserido o “caso” de Campo Maior.
Francisco Monteiro relembrou que a Pastoral dos Ciganos “não chega a tudo e não pode fazer tudo”, mas prometeu reagir à situação que se vive em Campo Maior.
“Nós, o que podemos fazer é uma pressão junto da câmara de Campo Maior e sobre o governo, através do Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural (ACIDI) para que o problema seja resolvido num curto espaço de tempo”, declarou.