in Jornal de Notícias
O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje, quinta-feira, que "todos os concelhos" do país, "onde quer que se encontrem", devem ter "as mesmas oportunidades de desenvolvimento".
"Nenhum português pode ficar para trás na construção do Portugal do futuro, nenhuma região, nenhum concelho (...) é preciso que todos os concelhos onde quer que se encontrem, no litoral, no norte, no sul ou no interior tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento", frisou o Chefe de Estado, durante uma visita a Penamacor.
Numa intervenção em que procurou apontar caminhos para vencer os desafios da interioridade, o Chefe de Estado considerou "plenamente justificada" a ambição dos municípios mais periféricos por uma "discriminação positiva", mas salientou: "muito com o vosso esforço, com o vosso arregaçar de mangas, que vão conseguir vencer".
Perante uma plateia de populares e autarcas, reunidos no auditório da Câmara Municipal de Penamacor, Cavaco Silva lembrou ainda a responsabilidade das autarquias em "valorizar a potencialidade produtiva" dos concelhos, "chamar a atenção para os recursos próprios, que não estão a ser aproveitados", "juntar iniciativas" e "vencer a dificuldade de relacionamento entre diferentes agricultores e diferentes empresários que, dado o seu individualismo, têm dificuldades na cooperação".
"Há coisas que sozinhos não conseguimos alcançar e que é preciso juntar forças. A união faz a força e mesmo no domínio empresarial, nas iniciativas empreendedoras, muitas vezes é necessário juntar as forças", frisou.
Paralelamente, prosseguiu, é necessário travar a "batalha da formação das pessoas e da educação", bem como a da "criação de oportunidades para esses que adquirem qualificações mais elevadas possam encontrar um emprego que seja digno".
"O que significa que também no interior têm que surgir iniciativas de emprego qualificado suscetíveis de reter aqueles que apostam na educação e na formação", advogou.
Na sua primeira visita a Penamacor enquanto Chefe de Estado, Cavaco Silva apelou ainda a que cada terra "marque as suas diferenças" e aposta nas novas tecnologias "que possibilitam aos jovens ficar" e inverter o despovoamento.
Já o presidente da Câmara local, Domingos Torrão, aproveitou a presença do Chefe de Estado para lembrar as "dificuldades do interior" e reclamar que os "consensos e compromissos" que estão na ordem do dia não sejam alcançados "apenas por quem tem mais meios, mais visibilidade ou mais autonomia".
"Consenso e compromisso deve partir do conhecimento de uma realidade, de uma evidência. É de todo o interior do país e seguramente de todo o território de Portugal que mais precisa que a palavra solidariedade seja colocada em prática", afirmou.
E acrescentou: "Ainda há alguns dias um conselheiro de Estado, o doutor Vítor Bento, dizia serem pura e simplesmente inaceitáveis as exigências de uma região cuja riqueza é superior à média nacional (...) e defendia mesmo que algumas regiões que mais têm deviam estar a ajudar as regiões mais pobres do país. Não poderia estar mais de acordo".
Após a curta cerimónia na Câmara Municipal, o Chefe de Estado inaugurou depois uma nova artéria da cidade, a Avenida da República, com que o município se associa às comemorações do centenário da implantação da República.