in O Primeiro de Janeiro
Nos bairros do Ingote e da Rosa, em Coimbra, a droga faz parte do quotidiano das crianças que ali vivem. Há quem brinque 'às rusgas', e quem ameace a própria mãe com frases como esta: 'Se me bates mais digo que vendes droga', É com estas e outras situações que a Equipa de Rua da Caritas, coordenada por Ana Simões, se confronta nestes bairros, onde desde abril de 2008 dão assistência a toxicodependentes e à comunidade em geral.
Segundo Ana Simões, que lida há 12 anos com o problema da toxicodependência em Coimbra, no «planalto» (como é conhecida a zona da cidade onde ficam aqueles dois bairros) tem-se revelado uma 'nova vaga', de consumidores muito jovens, com idades entre os 17 e os 23 anos, 'e que, ao contrário daqueles com um passado mais longo de toxicodependência, iniciam os consumos com pastilhas - os ecstasy, os ácidos - e depois passam para a cocaína e quando dão por ela já estão a consumir heroína também', Já na Baixa da cidade, explicou, o perfil do consumidor de droga enquadra-se no de 'sem abrigo', com um longo historial de consumo e na faixa etária dos 30 aos 50 anos.
No 'planalto', embora existam consumidores com este perfil, a zona é procurada por toxicodependentes com trabalho, alguns com profissões de 'relevância social', e que vão mantendo níveis de consumo sem atingir a degradação pessoal e física que ocorre na maioria dos casos. Um dos últimos casos de morte era arquiteto e frequentador destes bairros.