por Alexandra Correia, Diário de Notícias
Atenas promete adoptar "medidas adicionais" para reduzir o seu défice financeiro
A União Europeia poderá vir a prestar auxílio financeiro à Grécia, caso seja necessário, ainda este ano, mas, para já, Atenas não pediu ajuda aos parceiros do bloco e os líderes assinaram ontem uma declaração ambígua no que respeita a um resgate patrocinado pela Zona Euro. Os chefes de Estado e de Governo declararam que os "Estados membros da Zona Euro tomarão uma acção determinada e coordenada" para "assegurar a estabilidade financeira" da eurolândia, mas apenas se ela for precisa, apesar de os detalhes sobre uma eventual intervenção serem ainda uma incógnita.
Os líderes da União Europeia limitaram-se ontem a dar a bênção aos planos da Grécia para retornar ao equilíbrio orçamental, depois de o descalabro das contas públicas daquele país ter abalado a confiança e a solidez da Zona Euro. As posições da UE, espelhadas numa declaração política que resultou da cimeira informal dos 27, resumem uma postura que o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, descreveu como de "apoio e solidariedade", do lado da UE, e de "rigor e transparência", do lado grego. O primeiro-ministro George Papandreou, que esteve ontem, inevitavelmente, no centro das atenções, explicou que o seu país está "pronto, não apenas para implementar o programa existente mas também para adoptar medidas adicionais".
A intenção central do Governo de Atenas, cuja implementação estará sob o escrutínio apertado da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, é de reduzir em 4% a margem de défice orçamental ao longo de 2010 - um esforço que, nas palavras do Presidente francês, é "corajoso".
"Apelamos ao Governo grego que implemente estas medidas (aquelas contidas no Plano de Estabilidade e de Crescimento do país para 2010) de forma rigorosa e determinada com o fim de reduzir o défice." A monitorização ficará a cargo da instituição da moeda europeia e do executivo comunitário e terá lugar todos os meses.
A possibilidade de a União Europeia vir a entrar com dinheiro para resolver a crise grega vislumbra-se na declaração, mas, para já, a ideia é esperar pelos primeiros resultados do PEC.
"A melhor opção", explicou Angela Merkel, que deu a sua conferência de imprensa de fim de cimeira juntamente com Sarkozy, "é que a Grécia cumpra o seu plano". Depois, e consoante o que acontecer entretanto, a Zona Euro avaliará se é ou não necessário o auxílio financeiro para tirar o país da bancarrota. Além disso, Merkel acrescentava aos jornalistas que se deve apenas "falar das questões que se põem agora".
Os detalhes relativos à forma como um mecanismo financeiro de último recurso poderá funcionar, caso seja necessário, deverão ser orquestrados na segunda-feira, durante a reunião informal dos responsáveis das Finanças dos 16 da Zona Euro.
Sobre a alegada ambiguidade na generosidade anunciada dos 27, George Papandreou disse simplesmente que os pormenores ficaram de fora "porque se acreditou que a mensagem política é suficientemente forte".
Ao mesmo tempo, em linha com o já veiculado por responsáveis da Comissão Europeia, os Estados membros recusaram ontem a ideia de que possa vir a ser o Fundo Monetário Internacional a socorrer o Governo de Atenas. Ao contrário, os líderes limitaram-se a reconhecer que a instituição internacional tem o "conhecimentos técnico" para assistir o país na recuperação, ideia expressa na declaração dos líderes.
O Conselho de Ministros das Finanças deverá endossar formalmente as decisões tomadas ao mais alto nível da UE na próxima terça-feira, em Bruxelas.