Célia Marques Azevedo, correspondente JN em Bruxelas, in Jornal de Notícias
Portugal é o sexto país com a pior situação social entre os países da União Europeia, de acordo com uma sondagem do Eurobarómetro. Os portugueses queixam-se do custo de vida, do desemprego e das pensões de reforma baixas.
O relatório sobre a situação social na UE em 2009, publicado hoje em Bruxelas, é o somatório das respostas dos europeus sobre a sua situação pessoal, o contexto geral e a protecção social. No cômputo para as três áreas analisadas, os portugueses colocam-se em sexto lugar a contar do fim.
Os portugueses reclamam sobre a perda de qualidade de vida nos últimos cinco anos e têm a expectativa de que a situação piore nos próximos 12 meses.
No dia-a-dia, os portugueses apontam o dedo ao custo de vida, em particular, aos preços da energia, uma tendência seguida pelos países mediterrânicos.
Dado o contexto de crise económica, o “descontentamento” em áreas como o desemprego ou a protecção social e inserção é evidente. Os cidadãos nacionais são dos mais insatisfeitos com o emprego. Tal como os parceiros europeus, acham que a situação se deteriorou nos últimos anos e mantêm-se pessimistas sobre o cenário esperado para o próximo ano. Ao contrário da generalidade dos países da UE15, entre 2000 e 2008, em Portugal o emprego diminuiu para os homens sobretudo na faixa etária dos 55 aos 64 anos.
O estudo mostra que o Estado aumentou os gasto com os benefícios e subsídios da população inactiva desde os anos 90. Em 2006, a percentagem de população portuguesa em risco de pobreza, entre os 25 e os 59 anos, sem trabalho mas que recebia algum tipo de subsídio era das menores em relação à generalidade dos países europeus da UE25 – 8,9%, a sétima mais baixa.
Cidadãos comunitários admitem que situação social piorou
No conjunto da União Europeia, as conclusões assumem o mesmo sentido. Os cidadãos comunitários acreditam que a sua situação social piorou nos últimos cinco anos e mantêm uma perspectiva pessimista para os 12 meses que se seguem. Apenas os três países escandinavos e a Holanda apresentam respostas e expectativas menos negativas.
A análise comunitária refere que, a prazo, a subida do desemprego traduz-se em mais problemas sociais e põe à prova as redes de apoio à inserção no mercado de trabalho ou a eficácia do subsídio de desemprego. O relatório sobre a situação social na UE explica que apesar de a crise económica estar a desvanecer-se as consequências sociais ainda estão a emergir e podem levar anos a reflectir-se.
As conclusões são tiradas a partir de um inquérito feito em todos os países na UE, que em Portugal foi realizado a 1020 pessoas entre 29 de Maio e 16 de Junho do ano passado.