por Diana Mendes, in Diário de Notícias
Os quatro principais grupos privados, com 80% do mercado, aumentaram a sua cobrança em 41,5% de 2008 para 2009
Os principais grupos privados na área da saúde facturaram 694 milhões de euros em 2009, um ano de crise, mais 42,5% do negócio relativamente ao ano anterior, cujos lucros foram de 487 milhões. A procura de cuidados nos privados está a aumentar e a tendência deve manter-se. Uma das razões tem a ver com o facto de ser cada vez maior a população com seguros de saúde.
O aumento da procura sente-se nas unidades dos principais grupos privados, que representam cerca de 80% do total. Salvador Mello, presidente do conselho de administração do grupo Mello, estima que "2009 terá fechado com uma facturação de 266 milhões de euros, ou seja, mais 20% a 30%". Um valor que engloba a parceria público-privada do Hospital de Braga.
A Espírito Santo Saúde (ESS), por seu lado, facturou 219 milhões de euros, o que significa que os resultados cresceram 19% em relação a 2008. Isabel Vaz, administradora da ESS disse que "para 2010, se perspectiva um crescimento de 10%".
Os resultados de 2009 ainda estão por fechar, segundo os administradores dos grupos de saúde. No caso dos Hospitais Privados de Portugal (HPP), as expectativas de facturação apontavam para os 150 milhões de euros. De acordo com fonte dos HPP, este valor "deve confirmar-se", embora uma fatia de cerca de "55 milhões de euros se deva à parceria público-privada do Hospital de Cascais, que implicou um investimento de 26 milhões" ao grupo privado.
Por último, o grupo Trofa, liderado por José Vila Nova, disse ao DN que o ganho anual foi de 47,5%, passando a ter 59 milhões de euros de facturação este ano, com a perspectiva de novo aumento para 2010.
Os gestores reconhecem o papel crescente do sector privado e acreditam que os portugueses estão a apostar em tratar a saúde fora do SNS. "Há mais procura. Não sei se isso acontecesse a nível global ou porque estamos a retirar quota ao público", refere Isabel Vaz. O mercado dos seguros de saúde, diz, está também a crescer: "Penso que as pessoas também estão a tirar mais partido do seguro". A isto, junta-se o facto de ter havido uma nítida melhoria da oferta. "Há mais especialização, sendo um exemplo a oncologia", explica
José Miguel Boquinhas, presidente dos HPP, foca o mesmo crescimento e recorda o aumento de cuidados a utentes de subsistemas (ver caixa). Temos ainda " clínicas pequenas a referenciar para nós".
O grupo Mello abre este semestre "o Hospital CUF do Porto. A unidade obrigou a um investimento de 90 em cem milhões de euros", diz Salvador Mello. À excepção da unidade de Braga (em 2012), a meta "é consolidar nos próximos três anos".
Já a ESS, perspectiva "investir 115 milhões de euros até 2012, sendo que em 2010 planeamos aplicar entre 15 e 20 milhões", adianta Isabel Vaz. O grupo está "a duplicar a unidade de Aveiro e da Arrábida. Além disso, vai "criar uma extensão deste hospital na zona do hotel Tivoli". Em Lisboa, prossegue a criação da nova unidade ao lado do Hospital da Luz. E a de Loures também abre daqui a dois anos.
Já o grupo Trofa vai investir 75 milhões nas unidade do Algarve, Braga e Alfena em 2010, mas há mais três unidades previstas. Além da unidade de Cascais, que abre a 23 deste mês, o grupo HPP deverá abrir unidades em Viseu (2011) e em Faro, até 2012.