Estímulo ao Norte e crítica ao Governo

Carla Soares, in Jornal de Notícias

O apelo de Cavaco Silva para a transformação do Norte e do Porto, em particular, num "pólo aglutinador" de novas indústrias criativas foi entendido por alguns como um recado ao Governo e por outros como um forte estímulo à continuidade do trabalho que já está em curso na região.

A Agência para o Desenvolvimento das Indústrias Criativas (ADDICT) nasceu em 2008. O presidente, Virgílio Folhadela, ficou "muito satisfeito" com as referências do chefe de Estado às indústrias que representa. "É um estímulo para o seu desenvolvimento", reagiu, recordando um estudo que mostrou haver "condições para a criação de um cluster" nesta área. É isto "que a agência está a começar a fazer", garantiu. "Não temos dúvidas de que poderá daí advir um contributo" para melhorar "as condições económicas da região e do país", acrescentou.

A ADDICT inclui associados como a Universidade e a Junta Metropolitana do Porto, as fundações de Serralves e da Casa da Música. O presidente desta última instituição, Nuno Azevedo, nota que "a cultura, a escola e a ciência são os ingredientes" essenciais "para a transformação económica e social de toda a região metropolitana do Porto e condição indispensável para a sua ligação ao mundo". "As indústrias criativas, como tantas outras, só teriam a ganhar com um renovado enfoque estratégico", disse.

Rio diz que é apelo ao Executivo

Na génese da ADDICT esteve a Comissão de Coordenação e De-senvolvimento Regional do Norte. Para o presidente, Carlos Lage, o discurso de Cavaco "mostra que está atento" ao que se passa na região e "vem encorajar todos aqueles que não renunciam a trabalhar para um futuro de prosperidade no Norte". Do trabalho desenvolvido destacou, por exemplo, a criação de "um grande pólo de actividade ligado ao mar".

"Começa a ser tão evidente o atraso do Norte e a centralização em torno de Lisboa que o presidente da República resolveu dizer o que nós andamos a dizer há muito anos", reagiu o autarca Rui Rio. A seu ver, foi uma crítica ao Governo no sentido de "olhar para o Norte e aproveitar o seu potencial nas mais diversas áreas".