in Jornal de Notícias
Têm entre entre 13 e 16 anos de idade mas muitas nem sequer sabiam ler ou escrever, porque raramente iam à escola. Agora, segundo a cultura cigana, também estavam na idade de lidar com as tarefas domésticas e os preparativos para o casamento.
Aliás, num grupo de nove meninas quatro já estão casadas e têm filhos. Mas romperam com a tradição e todas aceitaram voltar à escola para terem, ao menos, a equivalência ao quarto ano.
"Foi um trabalho de bichinho. Tivemos que ir casa a casa a explicar o nosso projecto", contam as assistentes sociais do Olival. A 20 de Março de 2009, a "Escola do Bairro" estava pronta a arrancar. "Mas tivemos que nos comprometer a não falar de sexo nem aceitar rapazes", acrescentam, explicando que, na cultura cigana, as meninas mal têm o primeiro ciclo mestrual ficam impedidas de contactar com o sexto oposto para se evitarem laços de afectividade.
Foi com essas condições que Patrícia Silva aceitou fazer algo inédito. "Nunca tinha trabalhado com alunos só de uma comunidade", refere. A primeira tarefa foi "chegar ao coração" das meninas. "É preciso saber conquistá-las para as motivar", explica.
Depois, Patrícia Silva delineou um programa que concilia as disciplinas do 1.º Ciclo com ensinamentos básicos como tirar um bilhete de identidade. "Apliquei o método das 28 palavras e elas já conseguem escrever e ler frases simples", revela. Esta semana, as alunas tiveram uma tarefa diferente: fazer algo para vender na Feirinha de Primaveira da EB1 do Olival.