por Diana Mendes, in Diário de Notícias
Aumento dos atendimentos nos hospitais e centros de saúde fizeram baixar em 185 mil as idas às urgências
Entre 2007 e 2008 foram realizadas
mais meio milhão de consultas (487 556) nos hospitais portugueses, de acordo com o relatório Centros de Saúde e Unidades Hospitalares do SNS, uma publicação da Direcção-Geral da Saúde. Este aumento é uma das principais razões para que as urgências hospitalares tenham recebido menos 185 592 casos em 2008.
O reforço é quase tão significativo nas consultas relacionadas com a cirurgia como nas médicas, que ultrapassaram os dez milhões. Houve áreas onde esse aumento foi mais visível: na gastrenterologia, medicina interna, pediatria ou nefrologia houve reforços acima das 15 mil consultas e na oncologia foram mais 30 mil. Nas áreas cirúrgicas destacaram-se a oftalmologia, obstetrícia ou pediatria.
As urgências são sempre uma área sensível. Apesar de, em termos globais, os hospitais terem realizado 6,4 milhões de atendimentos urgentes, houve melhorias.
As Administrações Regionais de Saúde (ARS) do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo foram responsáveis por cerca de 2,2 milhões de urgências cada uma. No entanto, a região norte diminuiu os números em 106 923 (menos 4,5%). Redução semelhante teve a região centro, com menos 8% (135 463) de atendimentos urgentes. Lisboa e Alentejo registaram, no entanto, aumentos neste tipo de cuidados (ver texto ao lado).
Marina Ramos, da DGS, disse ao DN que "a redução das urgências pode dever-se a uma melhor organização dos serviços, nomeadamente o encaminhamento para os cuidados primários", refere. Outra explicação é precisamente o aumento das consultas nos hospitais: "Esta é uma alteração que tem relação directa com a quebra do número de urgências."
Luís Campos, médico internista e membro da Sociedade Portuguesa para a Qualidade em Saúde, reconhece que o aumento de consultas tenha impacto neste diferencial. Enquanto especialista que esteve ligado à reforma das urgências, Luís Campos salienta que "os encerramentos de serviços de urgência possam ter reduzido os atendimentos. A maior parte fechou na zona norte e centro e foram criadas consultas abertas para dar resposta aos casos. É possível que tenha havido transferência para os dados das consultas e algumas ficam em centros de saúde". O especialista teme que com a abertura das urgências básicas e médico-cirúrgicas estes valores possam subir.
A verdade é que dos sete fechos previstos no centro foram concretizados seis : Espinho, Estarreja, Ovar, Anadia, Fundão e Cantanhede . A estes somam-se três do Norte. Joaquim Gomes da Silva, do conselho directivo da ARS Centro, considera que, de facto, "os encerramentos reduziram a procura, que foi absorvida pelas consultas abertas dos centros de saúde. Desapareceram das urgências alguns dos casos que não eram urgentes", conclui.