Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias
Rajendra Pachauri veio a Portugal reafirmar os cenários do Painel para as Mudanças Climáticas
"Aqueles que querem certezas absolutas estão também a pedir um perfeito desastre". Foi assim que o presidente do Painel Internacional para as Alterações Climáticas", Rajendra Pachauri, criticou ontem os que duvidam do impacto humano na temperatura global.
A conferência que Rajendra Pachauri ontem proferiu na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, não se afastou das teses apresentadas no IV Relatório sobre alterações climáticas, que serviu de pano de fundo às tentativas de compromisso, em Copenhaga, para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Certezas que cheguem
O presidente do IPCC garantiu que "as certezas (sobre o aumento global das temperaturas no planeta) são suficientes para determinar acções" dos países. E reduziu os cépticos a número escasso, ainda assim "com mais espaço nos media do que os 98% de pessoas crentes" nos dados dos cientistas de mais de 130 países. Rajendra Pachauri usou boa parte da sua intervenção para garantir que as mudanças climáticas "não são apenas uma ameaça, mas uma oportunidade", num tempo "em que os países estão muito concentrados na recuperação da crise económica". O desenvolvimento de tecnologias na área da energia solar, disse, pode retirar da escuridão e de modos de cozinhar ancestrais cerca de dois mil milhões de pessoas. E, para quem faz contas, tais investimentos não só dariam emprego como fariam poupar em saúde e emissões de gases com efeito de estufa, que aumentaram 70% entre 1970 e 2004. Outro aviso foi deixado pelo conferencista: "É um erro alguém pensar que está a salvo dos efeitos das mudanças climáticas, pois devido a elas haverá milhares de milhões a procurar outros lugares devido à subida do nível dos oceanos e há a possibilidade de estados falhados e de mais conflitos". Para já, uma certeza, a de que a Humanidade está a gastar os recursos vivos do planeta 30% acima da capacidade de regeneração destes.