28.4.10

Só 130 das 441 creches previstas em 2006 estão prontas

por Elisabete Silva, in Diário de Notícias

Construção destes estabelecimentos foi uma das promessas de Sócrates. Críticas à falta de equipamentos mantêm-se


Só 130 das 441 creches previstas pelo Governo desde 2006 foram construídas. Ou seja, apenas 30% daquelas já aprovadas. O Estado vai apoiar com 82 milhões de euros um investimento de 125 milhões, mas a cobertura de estabelecimentos no País continua muito aquém do desejado, diz a Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) e a Associação de Profissionais de Educação e de Infância (APEI).

José Sócrates quer que até ao final da legislatura o objectivo delineado no Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) seja cumprido, tendo o aumento do número de creches sido uma das suas promessas eleitorais. Até Dezembro, está prevista a conclusão de mais 180, que correspondem a mais 7800 lugares. Os prazos de construção, que o Governo garante que foram cumpridos para as primeiras 130 creches, variam consoante os contratos.

Um objectivo ambicioso e exigente, defende o presidente da Confap, Albino Almeida, que salientou ao DN que o endividamento das autarquias não vai proporcionar construções rápidas. "Era preciso uma creche por cada uma das 24 freguesias de Gaia, mas esta é uma das autarquias com maiores dívidas", alerta o responsável da Confap. Gaia ocupa o segundo lugar do ranking do endividamento, atrás de Lisboa, mas é precisamente na zona do Grande Porto que mais projectos foram aprovados: 76.

Apesar de o Porto e a Grande Lisboa terem sido as zonas mais beneficiadas até ao momento com novos equipamentos, a falta de estabelecimentos continua evidente. "Lisboa e Porto eram consideradas zonas prioritárias, o investimento foi bom, mas ainda não chega", referiu ao DN Lúcia Santos, da delegação regional centro da APEI.

A educadora apontou ainda Aveiro e Coimbra como regiões a necessitarem de rápida intervenção. No primeiro caso estão previstas 43 novas creches e em Coimbra 21.

Mas a sul a preocupação é igualmente grande. "No Alentejo houve um decréscimo da natalidade, pelo que não é considerado prioritário. Porém, o número de crianças que existem justificava mais creches", disse ao DN Luís Ribeiro, director do agrupamento de Portel e membro da APEI.

Os centros urbanos são os mais contemplados com novas creches. Sines, Portalegre, Santiago do Cacém, Ponte de Sor, Beja, Évora e Faro são zonas a necessitarem de novos estabelecimentos de pré- -escolar. Portalegre, por exemplo, só tem prevista uma creche no Pares, sendo a zona com menor número de estabelecimentos planeados, seguindo-se a Guarda com duas.

Luís Ribeiro relembra a necessidade de se olhar para os centros rurais. "Ao não existirem creches, o emprego feminino fica muito limitado, pois as mães vêem-se obrigadas a ficar em casa a tratar dos filhos", referiu.

Segundo o responsável, o dinheiro é o grande problema. "Existem ajudas públicas, mas o resto tem de ser pago e o financiamento não é, neste momento, atractivo para investidores", afirmou.