por Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Economia cresce 0,3% e estão em risco mais de 40 mil postos de trabalho. Recuperação só em 2011
A economia portuguesa entra em estagnação e perde pelo menos 40 mil postos de trabalho este ano, com a taxa de desemprego a atingir os 11%, de acordo com as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), ontem divulgadas em Washington. As despesas do Governo deverão superar as receitas em 8,7% da produção final do País (PIB), contra uma previsão de 8,3% do Governo, o que levou o Fundo a emitir advertências a Lisboa .
Portugal é um dos quatro países da Zona Euro - em conjunto com a Grécia, Espanha e Irlanda - que têm de reduzir com urgência o défice orçamental para acalmar os mercados de empréstimos internacionais. Apesar de pedir "compromissos credíveis" para reduzir a despesa anual de forma a "responder às preocupações" dos mercados sobre a "sustentabilidade das dívidas", o Fundo pede, também, "medidas de estímulo à actividade económica".
Depois de o Banco de Portugal ter revisto em baixa o crescimento da economia para este ano - de 0,7% para 0,4% - o FMI prevê uma expansão da actividade de 0,3%, o que coloca a economia portuguesa em estagnação económica, quando a zona euro cresce 1%. "Para as pequenas economias", diz o FMI, referindo-se a Portugal, "a saída da recessão ainda será mais lenta", já que o crescimento "está condicionado por fortes desequilíbrios orçamentais e pelas contas externas". Ou seja, o endividamento da economia - do Estado, das famílias e empresas, com reflexo no endividamento externo - é um obstáculo ao crescimento. Assim, a retoma terá mais vapor em 2011, quando a economia crescer 0,7%, abaixo da actual previsão de 0,9% inscrita no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) e mesmo das estimativas do Banco de Portugal.
Com a economia em baixa, a força de trabalho deverá cair este ano, pela segunda vez consecutiva desde 2009. O Fundo Monetário Internacional, utilizando dados de partida já desactualizados - estima que o número de empregados era de 5,05 milhões no final de 2009, quando se situava pouco acima dos 5 milhões de trabalhadores - prevê para o final deste ano que a população empregada não ultrapasse os 4,96 milhões. A força de trabalho, diz o FMI, recuperará em 2011, aproximando-se novamente dos cinco milhões, mas deixa um rasto de quase 600 mil desempregados.
A zona euro deverá crescer 1% em média, e o FMI prevê que apenas Espanha e Grécia se mantenham em recessão este ano.