Luís Garcia, in Jornal de Notícias
A Câmara de Loures distinguiu, ontem, domingo, os lotes mais limpos dos bairros municipais. Os vencedores elogiam o trabalho de grupo e os vencidos prometem mais esforço para ganhar no próximo ano.
Há males que vêm por bem. É assim que alguns moradores da Quinta da Fonte, em Loures, olham para os tiroteios em plena via pública que envolveram elementos das comunidades cigana e africana do bairro, há quase dois anos.
“Antes do tiroteio, não havia uma comissão de lote activa”, diz Eugénio Garcia, 37 anos, para quem, agora, “está tudo melhor” na Quinta da Fonte: há mais associações a trabalharem no terreno e o bairro passou a receber mais atenção dos políticos, da sociedade civil e da comunicação social.
O cigano Eugénio Garcia e o são-tomense Arlindo Elias, 50 anos, são a prova de que os problemas do bairro não são determinados pelas etnias dos moradores. Os dois vizinhos são dos elementos mais empenhados de uma das comissões de lote premiadas ontem pela Câmara de Loures. “Damo-nos todos muito bem, independentemente de sermos pretos, ciganos ou brancos”, resume Arlindo Elias.
Este ano, apesar de a sua comissão de lote ter sido premiada, o prédio de Eugénio Garcia e Arlindo Elias ainda não foi eleito como um dos mais limpos e bem conservados. Mas os moradores não baixam os braços. “Ganhamos para o ano”, promete Eugénio Garcia.
Aos moradores de cada lote premiado a Câmara de Loures oferece um passeio à vila da Batalha. O município de Loures é proprietário de cerca de 2500 fogos distribuídos por 202 lotes em dez bairros.