Eva Gaspar, in Jornal de Negócios
Os portugueses são o terceiro povo da União Europeia que diz estar a sentir maiores dificuldades em pagar, ao fim do mês, todas as contas da família e as prestações de crédito acumuladas. Em situação mais aflitiva apenas surgem os gregos e letões.
Esta é uma das conclusões que se podem retirar do mais recente inquérito europeu, Eurobarometro, realizado em torno da evolução da percepção de pobreza nos 27 países da União.
Portugal não compara mal quando a pergunta é sobre se “algumas ou muitas contas” ficam por pagar no fim do mês: apenas 7% dos inquiridos responde que sim, um valor próximo da média europeia (5%), que fica aquém do apurado na Irlanda (6%), Espanha (8%) e sobretudo na Letónia (17%), Bulgária (15%) ou Grécia (14%).
Mas os portugueses saltam para o topo da lista quando a possibilidade de resposta passa a ser “as contas são pagas, mas é uma luta constante”. Quase 40% dos inquiridos (39%) diz que é nessas circunstâncias que encara a chegada do fim do mês, uma proporção só ultrapassada pelos gregos (44%). Somadas as duas possibilidades de resposta, a situação parece ser mais aflitiva para as famílias gregas, seguidas das letãs e das portuguesas.
Ainda assim, o panorama é sombrio em toda da UE: um em cada seis europeus afirma ter constantemente dificuldade para pagar as despesas correntes e três quartos consideram que a pobreza aumentou no seu país no último ano, revelam os resultados deste inquérito, realizado em Maio, quando já está decorrida a primeira metade do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social de 2010 e após o compromisso assumido, em 17 de Junho, pelos dirigentes da UE, de retirar 20 milhões de europeus da pobreza e da exclusão social na próxima década.
Questionados sobre como perspectivam a evolução das finanças familiares nos próximos doze meses, romenos e gregos destacam-se pelo pessimismo, com 76% e 69% dos inquiridos, respectivamente, a responder que antecipa uma deterioração.
Em Portugal, este universo é mais contido, 42%, mas é muito acentuado o seu crescimento, tendo em conta que, em Março de 2010, apenas 28% dos portugueses diziam esperar que a “ginástica” nos orçamentos familiares se tornasse um exercício ainda mais exigente.
Os inquéritos foram realizados entre 18 e 22 de Maio. Em Portugal foram entrevistadas 1005 pessoas.