por Helder Robalo, Lília Bernardes, Patrícia Jesus, in Diário de Notícias
Instituições tentam encontrar novas formas de financiamento. Pós-graduações, mestrados e doutoramentos são também opção, embora menos lucrativa, admitem
As principais universidades portuguesas estão a apostar na prestação de serviços e investigação criadas a pedido das empresas para garantir novas formas de financiamento e assim fazerem frente a eventuais dificuldades económicas. A aposta em mestrados, doutoramentos e pós-graduações são outra fonte de rendimento, mas insuficientes.
Na Universidade de Lisboa, por exemplo, uma das apostas passou pela constituição da Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Lisboa. "Este modelo é muito comum nos países anglo--saxónicos e constitui-se como importante fonte angariação de fundos", explica o vice-reitor Carlos Lobo. Que salienta igualmente que a universidade "está a apostar fortemente na criação de cursos de banda larga na graduação, nomeadamente em Ciências da Saúde, Artes e Humanidades e em Estudos Gerais".
Já na Universidade do Porto a forma de garantir 50% do financiamento anual da instituição é através da prestação de serviços diversos à sociedade e da investigação científica. "Esses serviços passam, por exemplo, pela realização de investigação a pedido de empresas", explica fonte oficial da universidade. Como aconteceu com a parceria com uma empresa para o desenvolvimento de cervejas com sabores.
Parcerias que permitem depois proceder ao registo de patentes em nome da universidade ou até criar spin-offs. "Estas pequenas empresas criadas em ambiente universitário ajudam também a fomentar o emprego junto dos jovens", diz a mesma fonte da universidade portuense.
O reitor Castanheira da Costa adianta que na Universidade da Madeira uma das vertentes prende-se com "a abertura da universidade à sociedade através da oferta de cursos para públicos não tradicionais", isto é, "dirigidos a profissionais no activo que queiram actualizar-se, reconverter-se, terminar formações". Para este segmento, a oferta será sobretudo no domínio das pós-graduações em áreas específicas e dirigidas para os interesses profissionais próprios. Simultaneamente, a universidade abrirá portas a cursos de especialização tecnológica para jovens que acabaram o secundário e que não entraram no ensino superior.
"As pós-graduações são pouco importantes em termos de autofinanciamento", frisa o reitor da Universidade do Minho, António Cunha. Porém, "no casos dos doutoramentos estes são essenciais para afirmar a capacidade de investigação da universidade e para conquistar projectos com empresas ou outras entidades". Projectos que são decisivos para obter novos rendimentos.
"Para garantir o financiamento temos de diversificar a oferta nas pós-graduações, o que implica uma sobrecarga para os docentes", diz o vice-reitor da Universidade de Coimbra. Como a receita própria está limitada ao valor das propinas que estão definidas por lei, o que se faz "é tentar garantir o máximo de preenchimentos das vagas logo na primeira fase", salienta vice-reitor. "Apostar nas actividades que geram receita, como as ligações com a economia real, as empresas, bem como o fornecimento de serviços a empresas é uma forma de captar receitas", destaca António Gomes Martins.
Outra via para obter financiamentos adicionais e fugir à crise, admite, "é concorrer a todos os concursos nacionais e europeus que permitem obter financiamento para investigação".
O fim de cursos com poucos alunos é outra forma de conter custos, mas nem todas as universidades apostam nesta área, devido à volatilidade do mercado de emprego.