Por Nuno Sá Lourenço, in Público on-line
Comissão Europeia apresenta números do último Eurobarómetro. 91 por cento dos portugueses inquiridos acha que pobreza aumentou "muito" ou "relativamente" no país, nos últimos 12 meses.
A pobreza é a maior das preocupações para os portugueses. E a velhice vem a seguir. Estes são alguns dos resultados do mais recente inquérito Eurobarómetro sobre os impactos sociais da crise, apresentado hoje pela Comissão Europeia.
Realizado em Maio de 2010, este inquérito surge quando já está decorrida a primeira metade do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social de 2010 e após o compromisso assumido, em 17 de Junho, pelos dirigentes da UE, de retirar 20 milhões de europeus da pobreza e da exclusão social na próxima década.
Em Portugal, os números avassaladores dizem respeito à pobreza. 91 por cento dos inquiridos admitiu ter a percepção de que a pobreza terá “aumentado muito” ou “aumentado ligeiramente” no país nos 12 meses anteriores. Só na Grécia surgiram valores superiores neste critério.
Nesta consulta, 69 por cento dos portugueses ouvidos assumiu ainda estar “muito preocupado” ou “relativamente preocupado” com a “possibilidade dos seus rendimentos não lhes permitir viver uma velhice digna”. Só os gregos e os romenos inquiridos se mostraram mais preocupados.
O barómetro revelou ainda que os portugueses estavam entre os que reconheciam estar com maiores dificuldades para cumprir os seus compromissos financeiros. Subiu seis por cento o número de questionados que assumiu ter-se atrasado em “alguns” ou “muitas” das suas contas.
Também aumentou o número de portugueses que se mostrou preocupado com a capacidade de conseguir pagar as contas relativas à saúde familiar. 47 por cento dos portugueses questionados admitiu sentir esse receio. À frente, só mais três países.
O mesmo grau de preocupação revelou-se em relação ao futuro. 42 por cento dos portugueses que responderam ao Eurobarómetro reconheceram que as suas expectativas sobre a situação financeira da família nos próximos 12 meses seriam “piores”. A mesma percentagem respondeu acreditar que tudo estará “na mesma” e apenas 10 por cento espera que a situação melhore.
O Eurobarómetro indicia ainda na zona euro uma tendência ascendente para os que se mostram “muito” ou “relativamente” preocupados com a sua situação. Estes números subiram na Roménia, Grécia Portugal, República Checa.
O cenário apresenta-se igualmente negro para uma percentagem significativa de europeus. Um em cada seis declara ter constantemente dificuldade para pagar as despesas correntes e três quartos consideram que a pobreza aumentou no seu país no último ano.