por João Cristóvão Baptista, in Diário de Notícias
Compromisso para corte dos défices para metade até 2013 alcançado ontem no encontro de Toronto
Os líderes dos países do G20, que agrupa os mais ricos e os emergentes do mundo, reunidos ontem na cimeira de Toronto, Canadá, concordaram em reduzir os seus défices públicos para metade até 2013. Foi esta a principal con- clusão do documento final do encontro, que teve como princi- pal tema de discussão a adop- ção de medidas comuns para evitar novas crises financeiras. Já no que respeita à criação de uma taxa bancária, uma das propostas mais faladas antes do encontro, é deixada à iniciativa de cada Estado.
O anúncio do acordo dos líderes do G20 - que controlam cerca de 85% do PIB mundial - quanto à redução dos défices foi feito pela chanceler alemã, Angela Merkel, que se mostrou satisfeita com o consenso. "Estamos muito contentes por constar na declaração final, de forma inequívoca, a necessidade de os países desenvolvidos cortarem os seus défices até 2013, começando a reduzir a dívida a partir de 2016."
A chanceler alemã, que no final da reunião do G8 tinha já afirmado que "acabou o tempo para os grandes estímulos económicos", sublinhou ainda que a meta de redução para metade dos défices dos países mais desenvolvidos "significa que será preciso equilibrar as contas para enfrentar a dívida". Com a adopção da medida por parte do G20, Merkel sai vitoriosa de Toronto, uma vez que conseguiu fazer prevalecer a visão europeia de que a redução dos défices públicos e a adopção de medidas de austeridade são a chave para a retoma económica mundial.
A vitória dos líderes dos países europeus do G20 fica, contudo, marcada pelo fracasso na criação de uma taxa bancária à escala global, pretendida por países como a Alemanha, França e Reino Unido. Nesta matéria, prevaleceu a tese defendida pelo Canadá, que não descarta a criação de taxas a aplicar pelos governos sobre a banca, mas que defende que a imposição deste tipo de impostos não deve ser feita à escala mundial, mas antes localmente e decidida por cada Estado.
Como já é habitual neste tipo de reuniões, e à semelhança do que acontecera também no sábado durante a cimeira do G8, o encontro de ontem em Toronto ficou marcado por vários confrontos entre a polícia e manifestantes antiglobalização. Segundo as informações avançadas pelas autoridades, a polícia de Toronto prendeu cerca de 500 pessoas no centro da cidade canadiana ao longo de todo o fim-de-semana na sequência de manifestações que ficaram fora de controlo.
A porta-voz da Polícia, Michelle Murphy, revelou que foram detidas pelas autoridades de Toronto cerca de meio milhar de pessoas, na sequência de incidentes que descreveu como protestos que "passaram da calma ao caos". Os detidos são acusado de causar danos no património público e de agressão à autoridade, entre outros delitos.