in Diário de Notícias
As empresas europeias estabelecidas na China continuam optimistas acerca do crescimento do mercado chinês, mas receiam que as regras sobre as companhias estrangeiras não melhorem nos próximos dois anos, indica uma sondagem divulgada hoje em Pequim.
Quase 40% das 514 empresas que responderam a um inquérito da Câmara de Comércio da União Europeia na China prevêem mesmo que as politicas governamentais chinesas serão menos justas para as empresas estrangeiras.
"A discricionária aplicação das leis e regulamentos, o opaco e pesado processo de registo e a protecção dos direitos de propriedade intelectual continuam a encabeçar as preocupações dos empresários europeus na China", disse um responsável da Câmara.
Segundo a mesma sondagem, 47% dos inquiridos "têm a percepção" que as leis sobre protecção ambiental, por exemplo, são aplicadas com mais rigor às empresas europeias do que às chinesas, contra apenas sete% com impressão oposta.
Realizada através da Internet em Março e Abril deste ano, a sondagem apurou também que apenas 21% das empresas europeias pensam que a China está a adoptar as mudanças decorrentes da sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"A situação, neste aspecto, não está a melhorar", comentou o presidente da câmara, Jacques de Boisseson.
Mais de dois terços das empresas que responderam ao inquérito estão na China há mais de seis anos, e 96% do total consideram que "a China é tão ou mais importante" do que era antes da crise financeira global de 2008.
Cerca de 78% (contra 65% em 2009) declararam-se optimistas acerca das perspectivas de crescimento económico da China, mas quanto às perspectivas de lucro, a percentagem de optimistas (34%) manteve-se igual à ano passado e desceu 13 por pontos em relação a 2008.
Jacques de Boisseson alertou que "o compromisso das empresas europeias com a China não é incondicional", salientando a sua "crescente preocupação com a discriminação" de que são alvo.
A economia chinesa cresceu 8,7% em 2009 e para este ano o Banco Mundial prevê um crescimento de 9,5%.