10.1.12

Envelhecimento activo rejuvenesce as gerações

Costa Guimarães, in Correio do Minho

Depois do Ano do Voluntariado, a Europa está a celebrar o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, oportunidade de mudança fundamental em relação ao papel dos idosos para aprofundar políticas sociais e alterar preconceitos.

O envelhecimento só constitui problema porque a nossa sociedade não está adaptada à população cada vez mais idosa mas é a esta sociedade que cabe assumir a defesa dos seus mais velhos, numa óptica de solidariedade entre gerações, para promover a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem, melhorar as questões de segurança, de saúde, de participação.

Este momento de estagnação económica não pode justificar a negligência da qualidade de vida dos nossos idosos, através de cuidados domiciliários para manter o idoso na sua casa, sempre que possível.
Para os políticos, este é o ano de acabar com discursos sem consequência para encararem os problemas das famílias que têm idosos com necessidades especiais de apoio.

Este é também o momento para reflectir sobre os efeitos do envelhecimento demográfico e sensibilizar os políticos e a sociedade para o que a longevidade traz, nas áreas do emprego, cuidados de saúde, serviços sociais, educação de adultos, voluntariado, habitação, novas tecnologias, mobilidade. />
Este é um caminho a percorrer, contra o individualismo que ameaça dominar-nos e nos fecha dentro de fronteiras de um lado, os ‘cotas’; do outro, os ‘inconscientes’. Sem comunicação e empobrecendo-se mutuamente.
Aos ‘inconscientes’, cabe a tarefa de aprender a ouvir os ‘cotas’, mediante o acolhimento dos seus talentos e saber feito. O voluntariado não é o menor dos espaços de participação nesta tarefa e constitui uma boa ponte.

Amá-los e respeitá-los é muitíssimo mais que ter saudades dos contos do avô ou das receitas da avozinha!

É um acto de inteligência fazer com que, nas nossas sociedades democráticas e dos direitos humanos, se reforcem os direitos dos anciãos respeitando a tradição e a dignidade da pessoa.
Já o Talmude afirmava que, “para o ignorante, a velhice é o inverno da vida; mas, para o sábio, é a época da colheita.”

Está nas mãos de cada um de nós a tarefa de realizar os valores europeus da solidariedade, não discriminação, independência, a participação, a dignidade, o cuidado e a auto-realização das pessoas idosas.
Mais. Se, como dizia Madame de Sévigné, o coração não tem rugas, a comunicação rejuvenesce os ‘cotas’ e amadurece os ‘inconscientes’.