in Jornal de Notícias
O ano de 2012 pode ser "menos difícil" se Portugal continuar a fazer o seu "trabalho de casa", ainda que vá ser difícil de qualquer maneira, disse o presidente do Tribunal de Contas.
"Acredito que, se continuarmos a fazer o nosso trabalho de casa, será menos difícil, mas será, em qualquer circunstância, sempre muito difícil. Por isso, temos que aproveitar esta oportunidade de exigência e de rigor para fazer reformas estruturais, para organizarmos melhor o Estado e a administração pública, criando um Estado modesto e moderno que vá ao encontro dos cidadãos", afirmou o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins.
foto Jose Carlos Pratas / Global Imagens
À margem das Conferências do Palácio da Bolsa, no Porto, o antigo ministro das Finanças e da Educação disse concordar com o ministro Vítor Gaspar em relação a 2012 ser um ponto de viragem para o País, acrescentando que têm sido dados sinais positivos, quer a nível interno quer externo.
"Penso que estamos a fazer o trabalho de casa e, nesse sentido, a minha apreciação é uma apreciação positiva. Mas, como eu digo aos meus netos, é indispensável fazerem o trabalho de casa todos os dias", declarou Guilherme d'Oliveira Martins.
Para ir além desse "ponto de viragem", é preciso, segundo o presidente do Tribunal de Contas, "redobrar o rigor e a exigência e encontrar mecanismos e instrumentos que permitam compatibilizar, por um lado, a capacidade de criar riqueza, a capacidade de criar emprego e simultaneamente limitar drasticamente a despesa corrente primária".
A economia "precisa de crescer e de se desenvolver. A austeridade não é um fim em si. É indispensável haver disciplina, rigor, exigência. Não podemos viver acima das nossas possibilidades", disse Oliveira Martins.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, elogiou o leilão de dívida desta quarta-feira e afirmou que a incerteza "já foi substancialmente reduzida" e que pode estar a haver a aproximação a um ponto de viragem.
"A incerteza sobre o sucesso do processo de ajustamento português foi já substancialmente reduzida. Ontem [quarta-feira] tivemos um sinal de que podemos estar a aproximar-nos de um ponto de viragem", terá afirmado o governante, de acordo com a sua intervenção escrita destinada aos encontros à porta fechada com a 'troika' e participantes do meio académico, decisores políticos, analistas económicos e representantes de empresas e associações empresariais.