16.1.15

Nove em cada dez portugueses acham importante ajudar países pobres

Ana Cristina Pereira, in Público on-line

Portugueses até pensam que ajuda aos países em vias de desenvolvimento deveria ser uma das prioridades da UE, de Portugal é que não.

Poucos portugueses sabiam que 2015 tinha sido proclamado o Ano Europeu do Desenvolvimento. Nem a crise, porém, está a refrear o seu sentido de solidariedade internacional. Nove em cada dez dizem que é importante ajudar as pessoas que vivem nos países em vias de desenvolvimento.

Quando o Eurobarómetro inquiriu 1016 portugueses, em Setembro de 2014, apenas dois em cada dez tinham ouvido dizer que a União Europeia dedicaria 2015 à ajuda para o desenvolvimento, assumindo-se como o doador mais generoso do planeta – no período 2014-2020, mais 51 mil milhões de euros serão distribuídos por 150 países, do Afeganistão ao Zimbabué.

Era esmagadora a percentagem de portugueses que conferia importância à ajuda ao desenvolvimento (93%) – só os suecos (97%) e os cipriotas (94%) iam mais longe.Os resultados do inquérito, divulgados esta terça-feira, mostravam uma subida de 7% face ao ano anterior. Muitos (79%) até achavam que a ajuda aos países em vias de desenvolvimento deveria ser uma das prioridades da UE. Menos de metade, todavia, diz o mesmo quando a conversa é sobre as prioridades de Portugal.

“É surpreendente considerando a situação que os portugueses estão a passar”, comentou Pedro Krupenski, presidente da Plataforma Portuguesas de ONGD, numa curta conversa telefónica. Só lamenta que o enfoque incida tanto sobre a União Europeia e tão pouco sobre o país. “A pobreza não está globalizada. Se é um problema de todos, temos todos de ser parte da solução”, diz, assumindo haver “um trabalho que a plataforma e as organizações não governamentais para o desenvolvimento têm de fazer”.

Desde 2014, a UE está pouco a pouco a suprimir ajudas directas a grandes países, como a Índia. Está, em vez disso, a canalizar cada vez mais o seu esforço para os países mais pobres do mundo. No período de 2014-2020, cerca de 75% da ajuda da UE será concedida a estes países, a começar pelos da África Subsariana.

Os portugueses entendem que a ajuda deve aumentar (70%). Um em cada cinco diz até que se deve ir além do que foi prometido – só os espanhóis, os cipriotas, os austríacos e os eslovenos dizem o mesmo. Prevalece a ideia de que a luta contra a pobreza nesses países acaba por ter influência positiva até nos cidadãos da União Europeia.

Se acordo com o Eurobarómetro, apenas os suecos (87%) e os irlandeses (68%) são “mais propensos a concordar com a ideia de que os indivíduos podem desempenhar um papel na luta contra a pobreza nos países em vidas de desenvolvimento” do que os portugueses (66%). Todavia, “apenas 15% estão envolvidos, a título pessoal, nisso e apenas 18% estão dispostos a pagar mais por produtos alimentares oriundos desses países”. Aí, só se comparam aos búlgaros.

Este é um ano especial em matéria de desenvolvimento. Chegam ao fim os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, que foram acordados em 2000. A comunidade internacional prepara o futuro quadro mundial para a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável, que deverá ser aprovado na Assembleia das Nações Unidas em Setembro deste ano.

O Ano Europeu do Desenvolvimento, que abriu em Riga, na Letónia, no dia 9, promete. Cada mês terá um tema e o de Janeiro é A Europa no mundo – Fevereiro será dedicado à Educação, Março às Meninas e às Mulheres, Abril à Saúde, Maio à Paz e à Segurança. O ponto alto está previsto para os primeiros dias do mês Junho, altura do fórum sobre desenvolvimento e cooperação internacional, os chamados Dias Euro