Na quinta-feira é que o Presidente da República vai tomar posição sobre a reação dos bispos portugueses ao relatório da comissão independente que investigou os casos de abusos na Igreja. Até lá, e embora tenha agenda pública, Marcelo Rebelo de Sousa não falará sobre o assunto, confirmou o Presidente ao Expresso.
Quanto foi apresentado o relatório da comissão independente, o Presidente fez um comunicado no próprio dia em que exortava a Igreja a “definir uma orientação para o futuro, prevenindo e impedindo a repetição de tais abusos e encobrimentos”. Agora que a Conferência Episcopal anunciou as consequências que pretende tirar do relatório, o Presidente ainda não falou.
Questionado sobre o silêncio em que se manteve desde a conferência de imprensa do presidente da Conferência Episcopal, na passada sexta-feira, que está a ser muito criticada, incluindo por católicos, por ficar aquém do esperado, o Presidente remeteu uma posição para daqui a três dias. “Falo na quinta-feira”, afirmou.
Também para quinta-feira estão previstas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o pacote do Governo para a Habitação. Quando o primeiro-ministro o apresentou, o Presidente comparou o pacote de medidas a um melão, que só se sabe oque será depois de aberto. Agora, o Presidente já encontra matéria para comentar.
Apesar da promessa de silêncio até quinta-feira, Marcelo tem agenda pública nos próximos dias. Para terça-feira, está prevista a sua participação no encerrarmento do Seminário Women in Diplomacy and Globalization, na Universidade Católica, em Lisboa, bem como a presença no funeral do militar que morreu em Santa Margarida.
Na quarta-feira, Marcelo volta a estar com jornalistas em mais uma sessão da iniciativa Músicos em Belém, que decorre no palácio. Mas uma tomada de posição pública sobre a reação da Conferência Episcopal só no dia seguinte.
Com a Igreja portuguesa debaixo de fogo, após o bispo D. José Ornelas ter rejeitado um compromisso de afastamento imediato dos membros do clero suspeitos de abusar de menores, no que foi seguido por uma declaração do Cardeal Patriarca a rejeitar o pagamento de indemnizações, o Presidente da República deverá apontar o caminho que considera inevitável seguir.