in Jornal de Notícias
Três cientistas norte-americanos premiados pela comité sueco na área da Medicina
Três investigadores em universidades norte-americanas vão partilhar o Prémio Nobel da Medicina deste ano, sendo distinguidos pelos seus trabalhos sobre uma enzima que protege as células do envelhecimento.
O galardão, o primeiro da série a anunciar esta semana (hoje será conhecido o da Física) foi atribuído pelo Comité Nobel a Elizabeth Blackburn (de nacionalidades australiana e norte-americana) e aos norte-americanos Carol Greider e Jack Szostak, pelos seus trabalhos relacionados com a enzima que "protege os cromossomas do envelhecimento" e tem implicações na investigação do cancro.
"Este ano, o prémio Nobel da Medicina foi atribuído aos três cientistas que descobriram a solução para um grande problema da Biologia: como os cromossomas podem ser inteiramente copiados durante a divisão celular e como eles se protegem contra a degradação", explica o comité em comunicação lida ontem.
Para o comité, "os laureados do Nobel mostraram que a solução se encontrava nas terminações dos cromossomas, os telomeros, e numa enzima que os forma, a telomerase".
A enzima poderá ser a chave para a eterna juventude porque está implicada no envelhecimento celular e desempenha um papel determinante no processo através do qual as células se tornam cancerígenas.
Com uma actividade muito importante no embrião, que deixa de ter na nossa vida adulta, a enzima faz a manutenção daquelas estruturas. Estas vão "diminuindo de dimensão até a um momento em que a célula reconhece que os cromossomas já não têm estrutura válida e a célula morre", explicou o geneticista Carolino Monteiro, ouvido pela SIC-Notícias.
"As descobertas de Blackburn, Greider e Szostak acrescentaram uma nova dimensão à nossa compreensão das células, aclararam os mecanismos da doença e estimularam o desenvolvimento das novas terapias possíveis", conclui o comunicado.
Elisabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak vivem horizontes diferentes, vivem e trabalham em pontos diferentes dos Estados Unidos da América (ver perfis), mas foram aproximados pelos seus trabalhos sobre os mecanismos da vida.
Foram a investigação sobre o ADN, os cromossomas e finalmente os telomeros que ligaram os três cientistas. Em 2006, o trio já havia recebido o Prémio Lasker com os mesmos trabalhos.
Elisabeth Blackburn era apontada como uma favorita para a edição deste ano do Nobel e a sua escolha não surpreendeu a comunidade científica internacional.
"É uma investigadora da máxima qualidade e penso que já devia ter recebido este prémio há mais tempo", reagiu o investigador português Alexandre Quintanilha.
Ouvido pela TSF, Quintanilha, que conhece Elizabeth Blackburn há mais de duas décadas, descreve a cientista descreve como uma mulher "tímida", que não procura o protagonismo.
O responsável do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) já foi colega da cientista em júris e trabalhos do Comité de Investigação do Departamento do Genoma Humano, que foi fundado, entre outros, por Elisabeth Blackburn.
O prémio, no valor de dez milhões de coroas suecas (984,6 mil euros), distinguiu no ano passado os franceses Françoise Barre-Sinoussi e Luc Montagnier, pela descoberta do vírus da imunodeficiência humana (VIH), e o alemão Harald zur Hausen, por ter estabelecido que o cancro do colo do útero é provocado por outro vírus, o do papiloma humano (HPV).