18.2.10

Desemprego de longa duração ganha peso

Pedro Araújo, in Jornal de Notícias

Procura de trabalho há 12 ou mais meses explica 55,8% do aumento anual.

Portugal terminou 2009 com mais de 563 mil desempregados, mais do dobro relativamente a 1999 (225 mil). Quase metade (45,6%) têm entre 15 e 34 anos (257 mil). Pior: o desemprego de longa duração tem um peso de 50% e explica 55,8% do agravamento anual.

As estatísticas do emprego que o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou ontem mostram a degradação do cenário do desemprego. O quarto trimestre de 2009 encerrou com uma taxa média trimestral de 10,1%, atingindo pela primeira os dois dígitos. Mesmo quando o indicador é a taxa média anual - 9,5% (média de 528,6 mil empregados) já previsto pelo Governo -, não há registo no INE de valor tão elevado, pelo menos desde 1983. Se quisermos recuar ainda mais no tempo, a taxa de média anual de 6,8%, relativa a 1981 (apurada em censos), foi a mais alta até 1983.

O peso do desemprego de longa duração - procura de emprego há 12 ou mais meses - parece estar a aumentar. Há 279,4 mil portugueses nessa situação, apenas menos 1900 do que o universo desempregados à procura de trabalho até há 11 meses. Recuando um ano, a diferença era de 17 mil. Este facto indicia a dificuldade de equilibrar a procura e oferta de empregos num quadro de crise económica. O aumento no número de desempregados à procura de emprego há um ano ou mais, que abrangeu mais 70 mil indivíduos face ao quarto trimestre de 2008, explica 55,8% do aumento global do desemprego. Dito de outra forma, Portugal "ganhou" 125,7 mil desempregados num ano, 70,2 mil dos quais entraram na categoria de "longa duração".

Olhando para as faixas etárias, é inevitável constatar que os mais jovens são um problema crescente. Há 100,3 mil desempregados entre os 15 e 24 anos e 156,9 mil na faixa dos 25-34 anos. Somando tudo, temos 257,2 mil desempregados com menos de 35 anos, isto é, 45,6% do universo. Somando ainda todos os que têm menos de 45 anos (136,8 mil entre 35-44 anos), o grupo dos 15 aos 44 anos representa 70% do desemprego no país.

Sem surpresa, a maior taxa média anual de desemprego foi observada no Norte (11,0%), com 58,1 mil desempregados. Seguiram-se o Alentejo (10,5%), o Algarve (10,3%) e a região de Lisboa (9,8%). As menores taxas verificaram-se nos Açores (6,7%), no Centro (6,9%) e na Região Autónoma da Madeira (7,6%). Em termos trimestrais, a maior taxa de desemprego no último quarto do ano passado foi também registada no Norte, com 11,9%, o equivalente a 67 mil desempregados.