5.2.10

Mercados emergentes já valem metade da economia mundial

Por Ana Rute Silva, in Jornal Público

Estudo da Accenture diz que são os países em forte crescimento que vão liderar a retoma em 2010. A crise global mostrou que estão melhor preparados


Em 2009, e pela primeira vez, os mercados emergentes representaram metade da riqueza mundial e são eles que vão segurar a recuperação económica em 2010.

Os dados são avançados num estudo da consultora Accenture, divulgado no Fórum Económico Mundial, que decorreu em Davos. A crise global pôs a nu a resiliência destes países, que se mostraram "melhor preparados do que os mercados mais maduros".

Atraem uma fatia maior do investimento directo estrangeiro, em comparação com as economias dominantes, e os seis países em crescimento (os chamados "B6" - Brasil, China, Índia, México, Rússia e Coreia do Sul) "caminham para um crescimento de 5,1 por cento em 2010".

Mas há mais. Indonésia, Malásia, Nigéria, Tailândia e Turquia estão a marcar terreno e, segundo a Accenture, são "a nova vaga de economias emergentes". "Grande parte deste crescimento é fruto de negócios que continuaram a sua marcha apesar da recessão", lê-se no estudo.

Com custos competitivos e uma longa tradição na criação de produtos de baixos preços conseguiram resistir. Exemplos: o conglomerado indiano Godrej criou um novo tipo de frigorífico que custa entre 65 e 75 dólares (entre 47 e 54 euros) e tem 30 litros de capacidade. Na China, a Zhongxing Medical transformou o mercado doméstico de radiografias ao criar uma tecnologia que permite obter imagens em formato digital, dispensando o (caro) processo químico.

Outra das conclusões do estudo é o facto de a intensa globalização, a crise e a utilização de novas tecnologias estarem a obrigar empresas e governos a procurarem novos modelos de negócio. Quase 90 por cento dos gestores questionados admitiram que as suas empresas não se esforçaram para "desenvolver respostas estratégicas eficazes em relação ao novo cenário".

Na próxima era, diz a Accenture, várias tendências vão ditar a forma de competição no mercado. A interacção com clientes e fornecedores está a desfazer as fronteiras da cadeia de valor. Prevê-se, por isso, mais "co-produção" de produtos ou partilha de capital intelectual.

A tecnologia também vai permitir novas formas de comunicação que aproximam o consumidor do produtor. Outra tendência em crescimento é a entrada em cena de pequenas empresas que, graças a modelos de cloud computing (serviços acessíveis pela Internet) têm acesso a meios de gestão mais eficientes. Para além disso, com as redes sociais, o consumidor está a conquistar poder.