17.2.10

Municípios preparam pessoas para estabelecer 'pontes'

in Diário de Notícias

A figura de mediador sociocultural já existe em associações e escolas, mas é novidade nos municípios. "A função destes mediadores é mais abrangente. Vai tentar ser um colaborador da câmara para todas as temáticas que tenham que ver com a comunidade e integrar equipas multidisciplinares", explica a alta-comissária, Rosário Farmhouse, sublinhando que tiveram grande adesão, mas que só foi possível seleccionar 15: duas mulheres e 13 homens, de todas as idades.

Na última acção formativa, analisam-se casos e todos opinam. Ficam zangados senão falam quando pedem a palavra. Estabelecer pontes é o mais ouvido.

João Norton, 60 anos, da Régua, é um dos patriarcas. A distância de casa faz com que tenha de sair mais cedo, depois de ter passado três dias em Lisboa para o curso. Interrompe a aula, nas instalações do ACIDI, beija a professora e despede-se com um sinal de mão, o polegar levantado, o que quer dizer, como o próprio explica: "Comuniquem todos uns com os outros. Vamos encontrar muitos obstáculos pela frente e é importante pedir ideias uns aos outros."

O sr. Norton, como é conhecido, teve de deixar a venda por razões de saúde. É presidente da associação do bairro José Lagos. "Esta experiência tem sido excelente, tudo tem de ter um princípio, espero que se prolongue."

A continuidade é o eterno problema destas acções de formação, tanto mais que não existe a categoria de mediador na função pública, lamenta Helena Torres, coordenadora do gabinete de apoio às comunidades ciganas do ACIDI. Vão propor que seja renovado por mais dois anos e alargado a outras autarquias.