por Ana Bela Ferreira, in Diário de Notícias
Rapazes portugueses têm primeira relação sexual aos 15 anos, mas dizem que idade ideal é dos 10 aos 14
Os rapazes portugueses têm a sua primeira experiência sexual por volta dos 15 anos. Mas consideram que a idade ideal para perder a virgindade é entre os 10 e os 14. Enquanto que as raparigas, que têm em média a sua primeira experiência aos 16 anos, apontam a faixa dos 15 aos 16 como a ideal. Esta é uma das conclusões do estudo "Um olhar sobre o comportamento sexual e a virgindade na adolescência em Portugal", de Patrícia Gouveia, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).
A investigação pioneira em Portugal tinha como objectivo "perceber os motivos que levam os adolescentes a iniciarem a sua actividade sexual", explica Patrícia Gouveia. Assim, depois de estudados 267 adolescentes entre os 12 e os 18 anos, a investigadora chegou à conclusão de que os rapazes são mais motivados pelas questões físicas e as raparigas pelas emocionais.
"Os rapazes têm tendência para iniciar a vida sexual mais cedo do que as raparigas", refere a investigadora do ISPA. Mas a diferenças não se ficam por aqui. "Eles procuram o prazer físico e elas evocam motivos de ordem emocional", acrescenta Patrícia Gouveia.
Os adolescentes foram também questionados sobre os motivos que os levam a adiar a primeira relação sexual. E, na faixa etária dos 12 aos 14 anos, a resposta foi a mesma para as raparigas e rapazes: medo. Isto significa que os jovens "têm medo do acto em si por ser desconhecido e das suas consequências", adianta a coordenadora do estudo, Isabel Leal. Uma atitude que leva a especialista a concluir que "o medo pode ser um factor protector para o adiamento do coito".
Uma vez que "o início da actividade sexual precoce tem riscos para a saúde", lembra Isabel Leal. "Ou é uma coisa muito consciente ou pode acarretar doenças ou gravidez indesejada", defende. Neste momento, os rapazes correm riscos porque têm mais sexo ocasional e as raparigas porque iniciam a sua vida sexual com rapazes mais velhos.
Tendo em conta os riscos para a saúde, esta investigação e as suas conclusões podem servir, como refere Isabel Leal, para a criação de programas para gerar factores protectores junto dos pais, dos professores e dos próprios jovens.
Outro facto curioso é a percepção que os jovens têm da virgindade. É que, ao contrário de outras gerações, "estes miúdos têm uma percepção mais simbólica" , sublinha Isabel Leal. "Os miúdos percebem que não tem a ver com o rompimento do hímen e dão à perda da virgindade uma dimensão mais simbólica", acrescenta.