11.1.12

Aumento da poupança das famílias "terá chegado ao fim"

Por Ana Rita Faria, in Público on-line

Na recta final do ano passado, a capacidade de aforro das famílias portuguesas inverteu a tendência dos meses anteriores e entrou em queda. Subida da taxa de poupança pode ter chegado ao fim, avisam a APFIPP e a Católica.

O indicador de poupança, elaborado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e pela Universidade Católica, atingiu em Dezembro o s 99,8 pontos, face aos 100,1 registados em Novembro. Desde Junho que este indicador tem vindo a subir, mostrando que, numa altura de austeridade e de desemprego elevado, as famílias estão a tentar poupar cada vez mais.

Contudo, desde Novembro, os números deram sinais de uma tendência contrária. De acordo com a APFIPP e com a Universidade Católica, “o indicador poderá estar a assinalar que a tendência crescente registada nos primeiros dez meses do ano terá chegado ao fim”. Ainda assim, a poupança das famílias mantém-se acima da sua média histórica de 95 pontos.

Esta tendência pode reflectir o impacto das medidas adicionais de austeridade que foram implementadas no final do ano passado, com destaque para a antecipação do agravamento do IVA sobre o gás e a electricidade e o imposto extraordinário sobre os rendimentos, equivalente a um corte no subsídio de Natal.

No próximo ano, os portugueses irão ter de apertar ainda mais o cinto, devido ao impacto de novas medidas de austeridade, como a eliminação dos subsídios de férias e de natal para funcionários públicos e pensionistas, a eliminação de várias deduções no IRS e o agravamento das taxas do IVA, devido à transição de determinados produtos das taxas reduzida e intermédias para a taxa normal. Isto irá reduzir ainda mais o rendimento disponível das famílias e poderá mesmo inviabilizar a sua capacidade de poupar.

O índice elaborado pela APFIPP e pela Universidade Católica remonta ao último trimestre de 2000, onde assume o valor de 100, equivalente a uma taxa de poupança de 8% do PIB. Cada 12,5 pontos do indicador representa cerca de 1% do PIB.