9.1.12

Bancos cortam para metade financiamento às famílias

Por Ana Rita Faria, in Público on-line

Na recta final de 2011, a banca nacional emprestou menos 619 milhões aos particulares e às empresas. Crédito às famílias está ao nível mais baixo de sempre.

De acordo com os dados do Banco de Portugal (BdP), hoje divulgados, os novos empréstimos da banca à economia totalizaram os 4306 milhões de euros em Novembro passado, menos 12,6% do que em igual período de 2010.

O crédito às famílias tem sido o principal afectado pelas restrições à concessão de crédito, decorrentes da capacidade de financiamento dos bancos. Além disso, tem-se registado também uma diminuição dos pedidos de financiamento de particulares.

Os dados do BdP mostram que, em Novembro, os bancos portugueses reduziram a metade o financiamento às famílias. O volume de novos empréstimos ascendeu a 678 milhões de euros, o valor mais baixo desde que há registo dos dados, ou seja, desde o início de 2003. Em termos homólogos, a quebra é de 48,9%, a maior desde Maio de 2004.

O crédito à habitação é aquele onde se regista maior diminuição, com menos 68,4% de empréstimos concedidos do que há um ano – uma quebra recorde nos dados do BdP. No total, em Novembro, os bancos nacionais emprestaram apenas 230 milhões de euros para a compra de casa, o valor mais baixo de sempre.

Ao nível do crédito ao consumo, a quebra de novos empréstimos é também acentuada (menos 40%) e, igualmente, a maior de sempre. Em Novembro, os créditos ao consumo ascenderam a 189 milhões de euros, o valor mais baixo de sempre.

São as empresas que têm ficado com a grande fatia do crédito da banca. Em Novembro, os empréstimos ao universo empresarial ascenderam a 3.628 milhões de euros, mais 0,8% do que em igual período de 2010.

Contudo, este aumento deve-se à maior concessão de empréstimos acima de um milhão de euros (12,2%), enquanto o crédito abaixo desse montante caiu 8,6%, o que significa que, à partida, apenas as grandes empresas continuam a ser financiadas, deixando as Pequenas e Médias Empresas (PME) com cada vez menos acesso à banca.