José Rodrigues, Editor de Política/ Economia, in Correio da Manhã
Na semana finda, enquanto o País se entretinha a discutir com fervor os casos da Maçonaria e da Jerónimo Martins, passou quase despercebida a notícia dos cortes sofridos por 15 mil pensionistas, incluindo alguns recebendo menos de 600 euros, só porque usufruíam de um complemento de reforma. Não tem o fascínio que em nós exercem as organizações e ligações secretas, as ‘caças às bruxas’, ou as traições, mas merece a nossa atenção, e indignação.
Serão justos os cortes como no caso daquele reformado que ficou sem 115 euros dos 533,47 euros que recebia mensalmente por ter trabalhado 26 anos no sector privado e até aos 70 anos no público? O Governo alegou que se limitou a aplicar um decreto do Governo Sócrates, mas ‘esqueceu-se’ de dizer que o PSD também votou favoravelmente esse diploma.
Num ano em que a austeridade se irá revelar em toda a sua dureza, espalhando mais desemprego e pobreza, havia necessidade de aplicar esse diploma para catar mais umas migalhas a quem já tem tão pouco? É caso para perguntar até onde iremos no processo de empobrecimento tido como saída para a crise, o qual continua a carecer de mais justiça na repartição dos sacrifícios.