in Diário de Notícias
Os jovens parecem estar a responder aos apelos para regressar à terra e, por essa razão, seria importante que a linha do PRODER destinada aos jovens agricultores fosse reforçada, disse hoje um consultor do setor.
Segundo o responsável da empresa Espaço Visual José Martino, "estão a voltar à terra muitos jovens sem formação e sem experiência", bem como jovens técnicos desempregados e outro tipo de pessoas sem trabalho, mas "sobretudo licenciados", que necessitam de apoio e de capacitação.
Esta movimentação surge em resposta aos apelos feitos ao longo do último ano quer pelo Presidente da República, quer pela ministra da Agricultura, acerca da necessidade de retomar as atividades agrícolas e a forma de como estas podem ser um escape para o desemprego que se faz sentir na atualidade.
Por esta razão, José Martino considera importante que a ação 113 do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) dentro da promoção de competitividade, destinada à "instalação de jovens agricultores", seja reforçada, uma vez que se encontra, a dois anos do fim do programa-quadro vigente, com uma taxa de compromisso de 88 por cento e de contratação de 77 por cento, face a médias respetivas de 65 e 61 por cento.
"Parece-nos importante que este quadro de apoios aos jovens agricultores se mantenha estável", declarou José Martino, acrescentando que "neste momento há uma adesão muito grande porque os jovens começam a notar que é um quadro que funciona e que os apoios são interessantes", indo até um tecto máximo de 250 mil euros por projeto.
Segundo José Martino, o que tem vindo a acontecer no passado é uma recanalização de verbas, após autorização de Bruxelas, de ações com menos utilização e "interesse público".
Em 2011, a empresa de José Martino trabalhou com um investimento total de 16 milhões de euros investidos em projetos de jovens agricultores, dos quais resultaram 224 postos de trabalho.
De acordo com o recenseamento geral agrícola de 2009, citado no mais recente boletim informativo do PRODER, tem-se verificado um "envelhecimento muito significativo dos agricultores ativos no território de Portugal continental, tendo cerca de 85 por cento uma idade superior a 50 anos".
Segundo este boletim, "no universo de jovens agricultores [da ação 113], 24 por cento destes têm menos de 25 anos", enquanto no recenseamento de 2009 o escalão de idade inferior a 25 anos era "praticamente nulo".