in Diário de Notícias
O presidente do Sindicato da Construção de Portugal, Albano Ribeiro, vai hoje alertar o Governo para a emigração de trabalhadores da construção, recrutados por "redes mafiosas", que nos países de acolhimento são tratados como escravos.
"Vamos sensibilizar o senhor secretário de Estado das Comunidades para intervir com o objetivo de minimizar o sofrimento por que os trabalhadores da construção estão a passar", adiantou à Lusa o presidente do Sindicato da Construção de Portugal, que hoje se reúne com José Cesário, realçando que as situações mais graves estão a acontecer na Alemanha, Inglaterra e França.
Em declarações à Lusa, Albano Ribeiro afirmou que "estão a emigrar todos os dias trabalhadores da construção, que são contratados por angariadores de mão de obra, e encontram condições terríveis em termos de alojamento e de alimentação".
O presidente do Sindicato da Construção de Portugal contou à Lusa que recentemente visitou três países da União Europeia e viu condições de tratamento aos trabalhadores que nunca esperou ver, o que transmitirá hoje ao secretário de Estado das Comunidades.
"Dormem 12 trabalhadores num espaço para quatro, muitos têm apenas uma refeição por dia e recebem 700 euros quando lhes prometem 2.500 euros", relatou, estimando que "a curto prazo emigrem cerca de 30 mil trabalhadores do setor, que está a viver a maior crise de sempre".
Albano Ribeiro explicou que "as redes mafiosas estão a angariar trabalhadores sobretudo nos distritos do Porto, Vila Real, Bragança e Braga", que nos países de acolhimento são tratados como "escravos contemporâneos".
O Sindicato da Construção de Portugal estima o encerramento de 12 empresas por dia e eliminação de 100 mil postos de trabalho em 2012 se o Governo não tomar medidas para dinamizar o setor. "Se este Governo não investir em três áreas -- saneamento, estradas secundárias e requalificação das cidades --, o setor pode perder 100 mil postos de trabalho em 2012", alertou Albano Ribeiro.